Não conhecia outros estudos do gênero no Peru. Pelo que consegui apurar, esta seria pelo menos a segunda. No site do IOP-PUCPE essa pesquisa divulgada agora ainda não está com os dados integrais na biblioteca da instituição. Aparece ali apenas uma pesquisa feita no âmbito de Lima Metropolitana, em 2007.
É importante destacar, desde logo, que a simples existência dessas pesquisas é indicativa do crescimento do interesse pelo assunto nos países da América Latina. Na medida em que possam adotar uma metodologia mais uniforme, teremos instrumentos de comparação da situação nos vários países. Isso seria muito útil para verificar a eficácia de políticas públicas na área, já que a ausência ou presença delas em cada país teria indicadores de eficiência.
A pesquisa peruana também foi feita com as técnicas tradicionais de amostragem estratificada. Só que, no caso peruano, deixou-se de lado uma variável crucial para seu objeto: a estratificação por escolaridade. Levaram-se em consideração as estratificações por idade (começando aos dezoito anos) e os níveis socioeconômicos (as famosas “classes” A, B, C, D e E).
Como vivi e estudei no Peru, conheço também os imensos contrastes entre as três grandes áreas ecológicas do país, a costa, a serra (Andes) e a Amazônia. São muito mais significativas e profundas que as encontradas no Brasil. Os resultados divulgados no La República dividem os grupos apenas em três componentes: Lima/Callao (Callao é a cidade porto vizinha de Lima, com a qual constitui a maior região metropolitana do país), Interior Urbano e Interior Rural. É muito pouco para abarcar a diversidade do país, mas essa observação deve ficar em aberto até a divulgação mais completa do estudo.
A pesquisa também é bem menos completa do que a que fazemos no Brasil.
A coluna de hoje vai escrita pela Maria José Silveira, com quem vivo a quase cinquenta anos. Vidas ricas, militantes, com as alegrias e tropeços da vida de todo mundo. A nossa, então, que atravessa militância, a minha prisão política e a clandestinidade dela, exílio, a antropologia e o mercado editorial! Por iniciativa dela fomos recrutados, eu e o Márcio Souza, para a maravilhosa aventura da Editora Marco Zero, frustrada depois de dezoito anos de vida.
Maria José tem seu espaço, como escritora, cronista e como pessoa que reflete sobre o ofício de escrever nesse nosso Brasil. Nem precisaria de ocupar esse pedaço em que trato das questões do mercado editorial. O convite foi feito para que os leitores conheçam uma reflexão que eu não posso fazer, embora a conheça muito bem. A voz de uma editora e escritora, simplesmente.
Mulheres no mercado editorial
Maria José Silveira
Estava eu aqui, sentada no meu canto de escritora, quando comecei a ver nas redes sociais um tsunami de posts das hashtags #meuprimeiroassédio e #AgoraÉQueSãoelas, ao mesmo tempo em que via também as fotos e vídeos das marchas das mulheres com o #ForaCunha e #Abaixo o PL5069.
Achei extremamente animador ver esse movimento pelos direitos e liberdade de escolha das mulheres avançar nas ruas e nas redes com tanta força e emoção. Quem tem a minha idade viveu, nos anos 60, movimentos muito fortes em torno dos direitos das mulheres, que deixaram conquistas importantíssimas – as principais, talvez, a chegada da pílula, e a conquista de espaços de trabalho e da democratização do país – mas o nauseabundo preconceito contra nós e o direito de usarmos nossos corpos como queremos jamais foi de fato derrotado. E é terrível ver, de um momento para o outro, como a regressão tomou conta de vários segmentos que antes pareciam pelo menos neutralizados; é como se agora tivessem readquirido coragem para aparecer outra vez. Nós que pensávamos que certas questões já deveriam estar há muito ultrapassadas, com espanto nos vemos regredindo aos estágios iniciais da luta das mulheres.
Por isso foi muito bom ver essa reação quase instantânea das mulheres, esse novo movimento acontecendo. E acatando a campanha #AgoraÉQueSãoElas que convida os colunistas homens a chamarem uma mulher para escrever em seu lugar, Felipe me convidou para escrever sua coluna esta semana: aceitei. É uma campanha importante, e quero fazer parte dela falando do mercado editorial, onde esse preconceito é camuflado e negado, mas existe.
Na quinta-feira passada, dia 8, nosso editor do PublishNews publicou um artigo intitulado “De onde vêm os 16 bi da Dilma”, comentando o publicado no blog do Planalto, onde afirmava que o custo de uma das “pautas-bomba” vetadas pela Presidenta e em exame na Câmara dos Deputados custaria 16 bilhões de reais até 2019. O artigo vetado dizia respeito a uma proposta que modificava a legislação do Imposto de Renda cuja primeira formulação é de 1995, com valores reajustados todos os anos. A modificação deste ano é a tal Lei 13.149/2015, parcialmente vetada, e que isentava os professores de pagar Imposto de Renda se comprassem o valor em livros.
Foi uma matéria importante e oportuna, pois o Leonardo Neto levantou um assunto para o qual poucas pessoas (eu inclusive) não estavam prestando atenção. O Leonardo Neto fuxicou um pouco o assunto e, com base nas informações do mercado (produção editorial e faturamento), divulgada pelo SNEL e pela CBL, concluiu: “A matemática palaciana parece equivocada. Tomando por base a pesquisa encomendada à Fipe, pela CBL e pelo SNEL, o faturamento total das editoras em 2014 foi de R$ 5.409 bilhões. Dados da Nielsen dão conta que no ano passado o mercado varejista de livros faturou R$ 1.461 bi. Muito a grosso modo, pelas contas da presidente Dilma e de sua equipe econômica, a isenção que seria dada a professores na compra de livros seria algo em torno de R$ 4 bilhões/ano ou 74% do faturamento das editoras ou quase três vezes o tanto que o varejo faturou com a vendas de livros, segundo os dados da Nielsen.”
A notícia chocou e provocou comentários irados de leitores, que diziam que “era assim a tal Pátria Educadora”, “como é possível negar dinheiro para os professores comprarem livros”, etc. Confesso que também levei o maior susto, quando li a notícia.
A conta do Leonardo Neto estava certa, com os dados que usou.
Só que houve um equívoco, quanto aos dados a serem comparados. Essa certeza adquiri depois de, eu mesmo, fuxicar dados e a própria legislação.
Com a minha idade, já tenho uma casca de ceticismo bem grossa quanto às afirmações do governo. Todo governo – seja lá qual for sua tendência política – tende a mascarar ou manipular dados. Só que o esforço de transparência nos dados, aqui e alhures, torna essas tentativas de manipulação mais evidentes. É possível conferir quase tudo indo direto às fontes.
No caso, não houve nenhuma tentativa de mascarar ou manipular dados. A razão de divulgar o veto dessa maneira é que mostrou-se incompetente.
Mas comecei buscando ver de onde vinham os tais 16 bi. Macaco velho, fui direto no site da Receita Federal. Todos que já preencheram uma declaração de IR sabem que ali deve ser declarada a profissão, que indica a origem principal dos rendimento declarados. Portanto, “professor” seria, necessariamente, um dado na compilação de informação da Receita Federal.
E me perdi no site, diante da enorme massa de informações fiscais disponíveis.
Fui para o Portal da Transparência, por onde se exerce o direito de informação legal, fiz o cadastro e perguntei: “Necessito de informações sobre o recolhimento de imposto de renda de pessoas físicas, consolidado anualmente de 2010 a 2014, com especificação da categoria profissional dos declarantes (p. ex. professor, advogado, etc.)”.
Três horas depois recebi a resposta da SRF, com os links que me levaram precisamente aonde eu queria. O link me levou ao site onde estão as informações, e lá dentro outro link me levou direto aos grandes dados das declarações de Imposto de Renda – ano calendário 2013, Declaração de Imposto de Renda de 2014. É o último ano consolidado, já que as declarações referentes ao ano calendário 2014 ainda estão em processamento.
Estou em S. Luis, capital do Maranhão e Patrimônio Cultural da Humanidade por seu centro histórico. Vim convidado pela professora Mary Ferreira, da Biblioteconomia da UFMA, para conversar com as bibliotecárias na abertura do Simpósio que organizam em paralelo à FELIS – Feira de Livro de S. Luis.
Conversei, é claro, sobre os temas que venho tratando aqui e alhures há anos: bibliotecas públicas, acesso ao livro, programas de leitura. Enfim, políticas públicas. Apesar da greve da UFMA – os professores universitários devem realmente repensar suas formas de luta pois essas greves só prejudicam os alunos – havia um razoável número de alunos do curso, além das bibliotecárias já na ativa.
Para minha supresa, uma professora – não bibliotecária, mas que cuida da biblioteca que existe em uma escola de ensino básico da cidade – levou uma turma de estudantes. Adolescentes e pré-adolescentes que prestaram atenção na conversa (ou pelo menos fingiram bem, não vi ninguém cabeceando), e alguns depois até fizeram perguntas.
Não vou repetir aqui os temas sobre os quais falei, que são, como disse, constantemente tratados neste espaço. “O Livro e a Leitura na Construção de uma Cidade Livre”- título da palestra – foi campo aberto para compartilhar minhas reflexões.
No final, a profa. Mary Ferreira resolveu fazer uma gincana entre os meninos para distribuir as sacolas disponíveis, com perguntas sobre autores maranhenses (vivos e mortos, mas sem ex-presidentes…) e os mais conhecidos no repertório dos livros sempre enviados aos colégios.
Para minha surpresa (a manhã foi cheia de surpresas…), responderam perguntas sobre Artur Azevedo (maranhense), Josué Montello, e sobre o indefectível poeta do “Poema Sujo”. Mas nenhum deles se lembrou de um título do Machado de Assis. Realmente fiquei surpreso. Sempre pensei que nosso Bruxo, de tanto ser enviado para as bibliotecas escolares, suscitaria pelo menos uma lembrança. Ledo engano. Parece que, finalmente, os professores estão usando mais títulos de autores locais e, certamente, desses outros livros que a meninada anda devorando. Um citou o nome da autora do Harry Potter – corretamente – e outro do autor da série dos Bananas. Foi uma surpresa divertida.
O simpósio sobre bibliotecas acontece paralelo à Feira. Nessa, como sempre – a começar pelas Bienais – os estandes com saldos dominam, acaparando a atenção dos frequentadores. Já discuti isso em outros lugares e não vou voltar aqui. Algumas editoras – certamente apoiando-se em seus representantes locais – tinham estandes próprios: L&PM, Cia. Das Letras, Moderna, Vozes. E lá estava o Belé, diretor da Expressão Popular, editora que é um braço do MST e tem editado livros de pensamento de esquerda, inclusive resgatando e publicando a preços populares alguns dos clássicos. A Expressão Popular foi quem publicou a primeira edição do “K”, o premiado romance do Kucinsky.
Belé cumpria ali a última etapa de uma maratona de feiras: Palmas, Recife e São Luis. Queixando-se, naturalmente, dos saldões e das livrarias evangélicas vendendo saldos de Bíblias.
Quero deixar claro, desde logo, que sou altamente favorável a essas feiras regionais e locais. Sempre representam uma oportunidade de contato entre autores e leitores. É também pretexto e mote para atividades como o simpósio organizado pelas bibliotecárias, que se transforma também em um foro de reinvindicações em torno das bibliotecas e programa de leitura, cumprimento da lei que obriga a existência de bibliotecas escolares e ações similares.
Desde a semana passada o caderno Prosa & Verso, d’O Globo, foi reduzido a duas páginas dentro do Segundo Caderno do jornal. Não sabemos quanto tempo isso irá durar até que seja definitivamente extinto.
Não é o primeiro – nem será o último. Por aí ainda restam alguns poucos suplementos de livros nos jornais diários. De memória, lembro dos óbitos pranteados abundamente em cada ocasião, do Ideias (do Jornal do Brasil – esse foi o mais radical, pois o jornal também só existe online como uma pálida sombra do que foi), o Folhetim, e o Sabático, do Estadão (que já era a undécima encarnação do antigo Suplemento Literário). Isso sem falar na longínqua extinção dos “rodapés”, que até a década de sessenta sobreviviam aqui e ali, e que começaram como misto de coluna de opinião e crítica literária, em épocas remotas, quando os jornais se sustentavam no prestígio de quem os escrevia (além de serem claramente jornais de facções políticas).
Em quase todos os casos, certamente, as extinções se deram no bojo de visitas do famoso passaralho, essa ave de rapina que dizima redações. E o passaralho está trepado no alto do morro, já assuntanto suas próximas vítimas.
É fácil jogar a culpa genericamente na ganância e cegueira dos barões da imprensa.
Evidentemente eles têm culpa – principalmente pela cegueira – embora a responsabilidade pelos infaustos óbitos não seja exclusiva deles. Mas, sem dúvida, é deles a parcela principal.
Uma parte da “culpa” é frequentemente jogada nas próprias editoras e livrarias, que não publicam anuncios que justificariam a existência dos cadernos. E citam como exemplo os que aparecem nas revistas das redes de livrarias.
Então, vamos com calma.
O preço de anúncios nos jornais é praticamente impossível de ser coberto pela venda de livros. Quando muito, pelos best-sellers.
A conta é fácil de fazer. Pelas tabelas atuais, sem descontos nem negociações, um anúncio de dez centímetros por duas colunas sai assim:
Estadão – R$ 22.940,00 (Caderno 2)
Folha de S. Paulo – R$ 22.580,00 (Ilustrada)
O Globo – R$ 10.380,00 – (Segundo Caderno)
Se tivermos um livro com o preço de capa de R$ 80,00, podemos, generosamente, supor que a verba para marketing equivalha a R$ 4,00 (correspondente a 5% do preço de capa. Para o editor sai, no mínimo, a 10% do líquido recebido).
A conta é simples. A editora teria que vender 5.735 exemplares no Estadão, 5.645 na Folha de S. Paulo e (incrível!) apenas… 2.595 n’O Globo. Isso apenas para empatar no custo. E, obviamente, não é o suficiente.
Carmen Balcells, agente literária que teve grande responsabilidade no chamado “boom” da literatura latino-americana, morreu hoje em Barcelona, onde vivia.
Sua agência já estava associada à do Wylie, outro mega do setor.
Para lembrar, republico aqui o post do dia 25 de novembro de 2011, no qual tratava da incorporação do acervo da agência ao arquivo do Ministério da Cultura da Espanha, e que tinha uma pequena sugestão às nossas entidades do livro:
“Há alguns dias o jornal El País publicou uma série de reportagens sobre Carmen Balcells, a mega agente literária. O pretexto era a entrega do arquivo da agente literária para o Archivo General de la Administración (AGA) de Alcalá de Henares, órgão do Ministério da Cultura da Espanha. O atual governo socialista pretendia que o destino final desse acervo fosse um centro nacional de memória da criação literária, edição e industrial editorial, com base nesse fundo. Com o PP no poder, provavelmente o fundo ficará mesmo no Archivo Nacional.
São mais de 2.000 caixas (2,5 quilômetros de documentos alinhados), com a correspondência da agente com autores e editores, cópias de contratos e prestações de conta. Enfim, o “subterrâneo” da vida literária espanhola dos últimos cinquenta anos. Continue lendo Agente Literária Carmen Balcells morre na Espanha→
No dia 8 de julho passado publiquei o post “Vivendo e Aprendendo – Lições na FLIP “ no qual comentei o fato das pesquisas sobre hábitos de leitura não capturarem novas tendências de leitura e produção de literatura. Minha atenção havia sido despertada pelo fenômeno dos saraus literários, pois participei de uma mesa com Marcelino Freire, na qual ele discorreu sobre seu projeto Quebras, com o qual visitou vários estados e constatou uma enorme vitalidade dessas manifestações.
Em outra mesa, também na FLIP, promovida pelo Instituto C&A sobre programas de incentivo à leitura, o tema voltou à baila, e houve um alerta sobre o “fascínio dos números” na análise dos fenômenos sociais, inclusive a avaliação da extensão e o impacto da leitura.
Alguns dias depois recebi um e-mail do Bernardo Jaramillo, Subdiretor de Produção e Circulação do Livro do CERLALC-UNESCO, comentando o post e informando que o assunto estava no radar da instituição. E me enviou o link para o texto que era o resultado de discussões e reflexões surgidas na mesa de especialistas sobre “Indicadores de leitura, livro e desenvolvimento”, que teve lugar na Cidade do México, com o apoio do Conselho Nacional para a Cultura e as Artes (Conaculta), nos dias 8, 9 e 10 de setembro de 2014. O link para o texto está aqui.
A reunião contou com um alentado grupo de especialistas convidados pelo CERLALC: Alberto Mayol Miranda, Alejandra Pellicer, Daniel Goldin, Didier Álvarez Zapata, Gemma Lluch Crespo, Germán Rey, Luis González Martín, Néstor García Canclini. Em representação da Conaculta, estiveram presentes Ricardo Cayuela Gally, Diretor Geral de Publicações, Angélica Vázquez del Mercado, Diretora Geral Adjunta de Fomento à Leitura e ao Livro, e Carlos César Ávalos Franco, Coordenador Nacional de Desenvolvimento Institucional. Pelo Cerlalc, participaram Fernando Zapata López, Diretor, e Bernardo Jaramillo Hoyos, Subdiretor de Produção e Circulação do Livro. Compareceram também representantes do Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México (Inegi): Félix Vélez Fernández Várela, Subdiretor; Arcelia Breceda Solis, Chefe do Departamento de Desenho de Questionários de Pesquisas Especiais; Laura Josefina Quiroz Beatriz, Chefe do Departamento de Manuais de Capacitação de Pesquisas; Ricardo Alejandro Lascencia Salceda, pessoa de contato em Desenho de Instrumentos de Captação e Material de Apoio. Participaram também José Ángel Quintanilla D´Acosta e Lorenzo Gómez Morín Fuentes, Presidente do Conselho de Administração e Diretor Executivo de Funlectura, respectivamente. Esteve encarregado da elaboração do documento Roberto Igarza, com doutorado em Comunicação Social e especialização em Educação, e Lenin Monak Salinas, Coordenador de Estudos e Estatísticas do Cerlalc.
Fiz questão de transcrever a lista para ressaltar a eminente ausência de um representante brasileiro. Parece que depois que o Galeno Amorim deixou a FBN, a articulação com o CERLALC passou para um remoto pano de fundo.
Mas, enfim, trata-se de um documento muito interessante, que espero seja levado em consideração nas próximas versões do Retrato da Leitura no Brasil (caso aconteçam).
Entretanto, nem todas as questões que eu havia levantado estão consideradas no documento – o que, na verdade, não é nenhum problema, já que este ainda é um documento de trabalho.
Ressalto alguns pontos do documento do Cerlalc, na última seção analítica, precisamente intitulada “Desafios”, que deverão ser consideradas na formatação das novas pesquisas sobre índices de leitura.
“A visão livro-determinista que deixa um lugar secundário para a leitura de outros meios e em outros suportes que não seja o impresso”. Ponto muito importante, inclusive porque a ênfase na leitura de livros – e em certo tipo de livros, como o documento ressalta mais adiante – obscurece práticas leitoras – e de produção de textos, digo eu – que fogem da percepção elitista dos literatos e, principalmente, dos “leiturólogos”.
As inscrições de trechos de traduções de autores brasileiros para publicação no número 7 da Machado de Assis Magazine – Revista Brasileira de Tradução, foram prorrogadas até o dia 14 de setembro. As informações e formulários para a inscrição estão no site da revista.
O sétimo número da revista será divulgado por ocasião da Feira do Livro de Guadalajara, que acontece entre os dias 28 de novembro e 6 de dezembro na cidade mexicana.
A prorrogação foi decidida para permitir que o Conselho Editorial tenha um espectro mais amplo de textos para escolher os 20 selecionados, em traduções para o inglês ou espanhol, que serão publicados na revista.
Como editor da revista, posso informar que já recebemos propostas em número superior ao necessário para a edição do número sete, mas em decisão conjunta com a Biblioteca Nacional e o Itaú Cultural – que coedita a publicação – foi considerado que a ampliação das ofertas para escolha do Conselho Editorial valorizaria mais a importância da Feira de Guadalajara, principalmente depois que a Fundação Biblioteca Nacional anunciou que levará vinte pessoas, através de edital já disponível no site do Ministério da Cultura. Esta ação será feita em colaboração com a APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações, e está destinada a um público integrado por representantes de editoras, associações e grupos, fóruns, núcleos, coletivos literários, livreiros, curadores e agentes literários.
Além desse grupo a Biblioteca Nacional levará também autores – em número ainda não definido – para a programação estabelecida em conjunto com a organização da FIL – Guadalajara.
Este ano o país homenageado na Feira é o Reino Unido, que enviará uma delegação substancial de autores, editores e agentes literários à Guadalajara. A FIL-Guadlajara está em sua 29ª. versão. O Brasil foi homenageado em 2001, e dois autores brasileiros já ganharam o Prêmio FIL de Literatura em Línguas Romances: Nélida Piñón, em 1995, e Rubem Fonseca, em 2003.
Capa domais recente número da Machado de Assis Magazine, lançado em Paris. Agora será em Guadalajara.
A FIL-Guadalajara se destaca não apenas por ser o mais importante evento de negociação de direitos autorais em língua espanhola depois de Frankfurt, como também por ser a porta para penetração no crescente mercado hispânico nos EUA. Anualmente a FIL-Guadalajara convida centenas de bibliotecários norte-americanos para visitá-la, e esses profissionais adquirem acervos para suas instituições, inclusive de livros em português para atendimento nas cidades onde a presença de migrantes brasileiros é significativa.
Outro aspecto importante da feira é o contato com os representantes da Secretaria de Educación, o Ministério da Educação mexicano, que também mantém um programa de publicação de autores latino-americanos para distribuição nas escolas daquele país.
O próximo número da Machado de Assis Magazine, a ser lançado na FIL-Guadalajara representa, portanto, uma oportunidade excepcional para que os autores brasileiros se apresentem para esses mercados. Note-se que, até o momento, o site da Machado de Assis Magazine já teve 1.644.503 acessos únicos e fez o download de 60.274 arquivos de textos, seja do conteúdo completo dos números anteriores, seja dos trechos de autores individuais.
A Machado de Assis Magazine – Literatura Brasileira em Tradução encerrará as inscrições para seu sétimo número na próxima segunda-feira, dia 17. A convocatória e a relação dos documentos necessários para a inscrição de trechos estão disponíveis para download na página inicial do site da Machado de Assis Magazine.
A revista, que é uma coedição entre a Biblioteca Nacional e o Itaú Cultural, publica excertos de traduções de autores brasileiros para difusão internacional, e o próximo número será lançado por ocasião da FIL –Guadalajara, que acontecerá entre os dias 28 de novembro e 6 de dezembro naquela cidade mexicana. Esta será a primeira vez que a Machado de Assis Magazine será lançada em uma feira de livros fora da Europa, já que os dois últimos números foram difundidos respectivamente nas feiras de Frankfurt e de Paris.
A escolha dos títulos é feita por uma Comissão Editorial constituída por representantes da FBN e do Itaú Cultural, mas a maioria de seus membros é de críticos literários e professores de literatura brasileira, vários também com experiência no mundo editorial, que selecionam com total liberdade.
A Machado de Assis Magazine vem tendo um papel significativo na difusão da literatura brasileira no exterior. Suas edições online se transformam em um banco de dados de referência de autores disponíveis para a tradução, de consulta permanente. Os números mostram isso. Desde seu primeiro número, em 2012, já tivemos 1.628.213 hits no site da revista, e foram feitos 59.499 downloads, seja do conteúdo completo da revista, seja de autores individuais. Ana Maria Machado e João Paulo Cuenca estão entre os dez autores com trechos mais solicitados para download, com os outros oito referentes a números completos da MAM.
Este ano o país homenageado pela FIL será a Grã-Bretanha, o que garante a presença de grande número de editores e jornalistas daquele país. A Feira Internacional do Livro de Guadalajara é a mais importante feira profissional da América Latina, além de ser um belo festival cultural, com a presença de grande quantidade de autores, apresentações musicais e exposições de arte.
A FIL Guadalajara completa este ano seu 29º. aniversário, e o Brasil já foi País Convidado de Honra em 2001. Este ano a Biblioteca Nacional prevê o envio de aproximadamente dez autores, que participarão de atividades no estande brasileiro e em outros eventos organizados pela Feira. Dois autores brasileiros já ganharam o Prêmio FIL de Literatura em Línguas Romances: Nélida Piñón, em 1995, e Rubem Fonseca, em 2003.
Marcelino e Nazarian estiveram na FIL em 2014
Já fui várias vezes a Guadalajara, desde antes de 2011, quando participei da organização da participação brasileira na feira. Acredito que o modelo adotado em sua organização seja um dos mais originais dentre todos os que conheço.
Destaque-se que a FIL é organizada pela Universidad de Guadalajara, uma das mais antigas das Américas, que tomou a iniciativa de sua criação. Essa característica garante uma intensa programação cultural e profissional. Os dois primeiros dias são reservados aos profissionais da indústria editorial, com vários seminários e encontros destinados a esse público, além do funcionamento de um Centro de Negócios muito ativo.
Um dos investimentos que a FIL vem fazendo há muitos anos é o de financiar parte dos gastos de estadia de bibliotecários provenientes principalmente dos Estados Unidos. Como o espanhol é o segundo idioma falado nesse país, grande parte das bibliotecas mantem oferta de livros de ficção e não ficção, além de obras técnico-científicas, para atender o público que, vivendo nos EUA, não deseja perder o contado com seu idioma original.
Outro fator interessante da organização da FIL é a separação física da área para crianças e jovens. Os jovens que visitam a feira com seus colegas não apenas recebem uma intensa programação cultural destinada a eles, como isso é feito em uma área própria. Com isso, a FIL evita a balbúrdia que vemos por aqui nas áreas destinadas ao público adulto e profissional, fazendo com que o evento tenha uma extraordinária rentabilidade para editores, bibliotecários e profissionais que comparecem, principalmente nos primeiros dias. É um modelo interessante que poderia ser melhor observado e adaptado para as nossas condições.
Com essa organização, a FIL Guadalajara conseguiu se caracterizar efetivamente como um evento que consegue combinar as atividades profissionais e de negócios com a grande presença de público adulto e infantil.
Acreditamos que este sétimo número da Machado de Assis Magazine – Revista Brasileira de Tradução terá um impacto significativo para a difusão de nossos autores, não apenas junto ao mercado editorial latino-americano, como também junto aos editores da Grã-Bretanha.
As inscrições podem ser feitas tanto pelos autores, como também pelos editores e tradutores, desde que obedeçam aos requisitos especificados na Convocatória.
No post anterior, comentei sobre algumas características do projeto de lei da Senadora Fátima Bezerra sobre a fixação de preços de venda ao consumidor, chamei atenção para a ementa do projeto, que se propõe a instituir uma Política Nacional do Livro, e disse que, sob esse aspecto, o projeto deixava ainda muito a desejar.
Repito, para deixar bem claro, que tenho muita admiração pela Senadora Fátima Bezerra, que é defensora do livro e da leitura e uma das mais dinâmicas componentes da Frente Parlamentar do livro. As críticas são muito mais no sentido de mostrar o quanto falta de integração e decisão política do executivo – que o Congresso tenta remediar com essa e outras iniciativas – para que tenhamos realmente uma política pública de respeito ao livro, à leitura e às bibliotecas.
Quero destacar algumas questões já consolidadas nos sucessivos aperfeiçoamentos da Loi Lang, e que efetivamente contribuem – juntamente com outras medidas legislativas francesas – para o estabelecimento dos marcos legais para uma política do livro.
O art. 3 da Loi Lang, além de limitar os descontos (até nove por cento, para vendas a bibliotecas e órgãos públicos), inclui três parágrafos que convém examinar mais de perto, por aumentarem a margem de desconto sobre o preço de capa para até 9%:
Libraire Indépendent de Réference – Selo do livreiro de qualidade
“Par dérogation aux dispositions du quatrième alinéa de l’article 1er et sous réserve des dispositions du dernier alinéa, le prix effectif de vente des livres peut être compris entre 91 % et 100 % du prix de vente au public lorsque l’achat est réalisé :
1° Pour leurs besoins propres, excluant la revente, par l’Etat, les collectivités territoriales, les établissements d’enseignement, de formation professionnelle ou de recherche, les syndicats représentatifs ou les comités d’entreprise ;
2° Pour l’enrichissement des collections des bibliothèques accueillant du public, par les personnes morales gérant ces bibliothèques. Le prix effectif inclut le montant de la rémunération au titre du prêt en bibliothèque assise sur le prix public de vente des livres prévue à l’article L. 133-3 du code de la propriété intellectuelle.
Le prix effectif de vente des livres scolaires peut être fixé librement dès lors que l’achat est effectué par une association facilitant l’acquisition de livres scolaires par ses membres ou, pour leurs besoins propres, excluant la revente, par l’Etat, une collectivité territoriale ou un établissement d’enseignement.”
Coloquei o texto original francês para que, eventualmente possam me corrigir. Mas a lei declara que o limite de cinco por cento é estendido até nove por cento quando a venda – pelas livrarias – for feita para “suas necessidades próprias, excluída a revenda”, para o Estado, coletividades territoriais, estabelecimentos de ensino, de formação profissional ou de pesquisa, sindicatos representativos ou comitês de empresas.
Além da FNAC, livrarias independentes florescem em Paris
Em Frankfurt, Teo Mesquita fundou sua livraria portuguesa e brasileira