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Programa ajuda a detectar conteúdo erótico nas autopublicações.

Em novembro de 2011 publiquei um post aqui dando notícia de um programa chamado BookLamp, que detectava o “genoma” dos livros analisados. O programa permitia às editoras analisar o conteúdo de originais por tipos de temas, citações, etc., mencionados no texto. Na época o BookLamp já recebia material de algumas grandes editoras, inclusive os originais enviados sem solicitação, de modo a permitir que, posteriormente, fossem analisados mais detidamente aqueles que tivessem abordagens semelhantes a de outros livros de sucesso. Era uma ferramenta de análise e permitia também que, no site da empresa, fossem selecionados, para leitura, títulos com temas e outros elementos de conteúdo similares aos de algum romance recentemente lido. O post pode ser lido aqui.

Pois bem, o pessoal do BookLamp resolveu colocar esse instrumental para analisar a questão dos livros pornográficos autopublicados, assunto que tem provocado controvérsia no meio editorial dos EUA e da Inglaterra. A rede W. H. Smith resolveu retirar do ar o site alimentado pela Kobo até que todos os livros passagem por uma avaliação para eliminar aqueles que tratassem de pedofilia, bestialismo e incesto.

A coisa é quente.

Hoje o site Digital Book World publicou o post que reproduzo abaixo. Lembro sempre que a distinção entre hipocrisia e o veto de crianças a conteúdos questionáveis é sempre um assunto delicado, e que o moralismo anglo-saxão, unido aos evangélicos e outros ultramoralistas de plantão pode também prejudicar a liberdade de expressão na ficção. O texto está em inglês.

FJL
A publicação original foi feita aqui.

The Literary Darknet of Independent Publishing
Categories: Expert Publishing Blog
October 20, 2013 | Aaron Stanton | 7

The independent and self-publishing space recently found itself with a cascading bit of drama, eventually escalating to impact everyone from Amazon to Barnes & Noble, to WHSmith and Kobo. It began with an article on The Kernel about how Amazon sells incest, rape, and underage erotica in their online book stores. This is not mild content.

The story quickly spread through larger news channels to include virtually every major online retailer, though somehow, the Google Play Store escaped notice, despite having the exact same content. WHSmith, the respected online book seller, responded by shutting down their entire site to categorically remove all independent books until they could be verified “clean.” In case it’s back up by the time this article goes up, the image below is what a major site looks like when the universe implodes.
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Empresas pressionam governo dos EUA a seu favor na Internet

O Washington Post do dia 31 de maio, publica uma matéria muito interessante, modelo de como ideologia e economia se misturam (de modo nem tão sutil assim), nas questões da Internet e do “livre acesso ao conhecimento”. Dito seja de passagem que sou totalmente favorável ao livre acesso ao conhecimento e à liberdade de imprensa.

Vamos ver a matéria de perto.

O título: “Companhias tecnológicas americanas advertem sobre ameaças à Internet por governos estrangeiros”.

O texto, com comentários em itálico:

“Autoridades dos EUA e gigantes da alta tecnologia lançaram uma ofensiva contra o que percebem como um ataque maciço à Internet e à lucratividade das empresas do Vale do Silício: governos estrangeiros”. Sem disfarces: as autoridades e as empresas se unem contra a ameaça dupla, à Internet e à lucratividade das empresas. Depois que o Departamento de Justiça dos EUA agiu para beneficiar a Amazon, o que mais se poderia esperar?”
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“NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS” OU COMO CARLOS SLIM GANHA DINHEIRO

Há muitos anos fico intrigado com esse dito americano. Alguém sempre tem que pagar pelo almoço, de alguma maneira. Só para lembrar, a frase é proveniente do costume que havia nos saloons de montar um bufê no qual os fregueses que pagassem pelo menos um drinque podiam se servir “gratuitamente”. Rudyard Kipling, escrevendo em 1891, descreveu a instituição. Pouco mais de dez anos depois a prática foi liquidada, e hoje até o amendoim é cobrado em muitos bares. A frase foi popularizada por Robert Heinlein, escritor de ficção científica no romance “The Moon is a Harsh Mistress”, de 1966, e depois usada por Milton Friedman em um livro de economia. Como detesto o liberalismo da Escola de Chicago, da qual Friedman é um dos epígonos, a frase me despertou ao mesmo tempo curiosidade e antipatia. Mas não evitou que às vezes pensasse nela, como agora, em função do meu profundo interesse em que os produtos culturais – especialmente os livros, no caso – sejam acessíveis para o conjunto da população. Certamente não vou discutir aqui a teoria dos custos de oportunidade, mas somente usar a frase como um aforismo para discutir algumas coisas.

A questão sempre me vem à mente quando voltam à tona as conversas sobre conteúdo grátis, particularmente na Internet.
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Resenhas e críticas, o livro na imprensa… e na rede

Há muito que autores, editores e leitores reclamam que o espaço dedicado ao livro diminuiu radicalmente na imprensa escrita. Acabaram-se os cadernos literários, substituídos pelos de variedades, onde o livro ocupa um espaço ocasional e muito menor que antes. Comenta-se com nostalgia o desaparecimento dos críticos de “rodapé”, os titulares que mantinham seções fixas nos jornais, mal substituídos pela chamada crítica universitária, hermética na forma, e que também não aparece na grande imprensa, e se refugia nas publicações acadêmicas, anais de congressos etc.
Para entender e superar essa choradeira geral é preciso considerar algumas coisas.
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