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São Luis, mais uma feira e palestra. E os problemas recorrentes

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Estou em S. Luis, capital do Maranhão e Patrimônio Cultural da Humanidade por seu centro histórico. Vim convidado pela professora Mary Ferreira, da Biblioteconomia da UFMA, para conversar com as bibliotecárias na abertura do Simpósio que organizam em paralelo à FELIS – Feira de Livro de S. Luis.

Conversei, é claro, sobre os temas que venho tratando aqui e alhures há anos: bibliotecas públicas, acesso ao livro, programas de leitura. Enfim, políticas públicas. Apesar da greve da UFMA – os professores universitários devem realmente repensar suas formas de luta pois essas greves só prejudicam os alunos – havia um razoável número de alunos do curso, além das bibliotecárias já na ativa.

Para minha supresa, uma professora – não bibliotecária, mas que cuida da biblioteca que existe em uma escola de ensino básico da cidade – levou uma turma de estudantes. Adolescentes e pré-adolescentes que prestaram atenção na conversa (ou pelo menos fingiram bem, não vi ninguém cabeceando), e alguns depois até fizeram perguntas.

Não vou repetir aqui os temas sobre os quais falei, que são, como disse, constantemente tratados neste espaço. “O Livro e a Leitura na Construção de uma Cidade Livre”- título da palestra – foi campo aberto para compartilhar minhas reflexões.

No final, a profa. Mary Ferreira resolveu fazer uma gincana entre os meninos para distribuir as sacolas disponíveis, com perguntas sobre autores maranhenses (vivos e mortos, mas sem ex-presidentes…) e os mais conhecidos no repertório dos livros sempre enviados aos colégios.

Para minha surpresa (a manhã foi cheia de surpresas…), responderam perguntas sobre Artur Azevedo (maranhense), Josué Montello, e sobre o indefectível poeta do “Poema Sujo”. Mas nenhum deles se lembrou de um título do Machado de Assis. Realmente fiquei surpreso. Sempre pensei que nosso Bruxo, de tanto ser enviado para as bibliotecas escolares, suscitaria pelo menos uma lembrança. Ledo engano. Parece que, finalmente, os professores estão usando mais títulos de autores locais e, certamente, desses outros livros que a meninada anda devorando. Um citou o nome da autora do Harry Potter – corretamente – e outro do autor da série dos Bananas. Foi uma surpresa divertida.

O simpósio sobre bibliotecas acontece paralelo à Feira. Nessa, como sempre – a começar pelas Bienais – os estandes com saldos dominam, acaparando a atenção dos frequentadores. Já discuti isso em outros lugares e não vou voltar aqui. Algumas editoras – certamente apoiando-se em seus representantes locais – tinham estandes próprios: L&PM, Cia. Das Letras, Moderna, Vozes. E lá estava o Belé, diretor da Expressão Popular, editora que é um braço do MST e tem editado livros de pensamento de esquerda, inclusive resgatando e publicando a preços populares alguns dos clássicos. A Expressão Popular foi quem publicou a primeira edição do “K”, o premiado romance do Kucinsky.

Belé cumpria ali a última etapa de uma maratona de feiras: Palmas, Recife e São Luis. Queixando-se, naturalmente, dos saldões e das livrarias evangélicas vendendo saldos de Bíblias.

Quero deixar claro, desde logo, que sou altamente favorável a essas feiras regionais e locais. Sempre representam uma oportunidade de contato entre autores e leitores. É também pretexto e mote para atividades como o simpósio organizado pelas bibliotecárias, que se transforma também em um foro de reinvindicações em torno das bibliotecas e programa de leitura, cumprimento da lei que obriga a existência de bibliotecas escolares e ações similares.

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