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Google ganha a parada contra os autores e outros temas na Internet hoje

Alguns links de matérias sobre livros e leituras na Internet. Manhã de feriado aqui. Mas o resto do mundo não dá nem tchuns para nossa combalida república.

Amazon esmaga a competição

Dados do Book Industry Study Group sobre o mercado de e-books nos EUA mostra que a parcela da Amazon é ainda maior do que se supunha: 67%. Com a ajuda do Departamento de Justiça e da juíza Denise Coote, é Claro. Isso ainda vai dar chabu.

Livrarias independentes se movimentam no mundo inteiro: IndieBound nos EUA e uma grande campanha na Europa.

campanha livrarias europeias

O crescimento das grandes redes e das vendas online (no caso, principalmente pela Amazon) é uma preocupação que se espalha pelo mundo. O IndieBound é uma iniciativa da ABA – American Booksellers Association. Este fim de semana na Europa uma grande campanha para que as pessoas comprem pelo menos um livro físico nas livrarias (lá vale qualquer livraria, não apenas as independentes).

Mas a ABA funciona. Outros por aqui só fazem cartas chorando as pitangas…

Na Argentina, livrarias seguem firmes e fortes

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Não é verdade que Buenos Aires tem mais livrarias que o Brasil todo. Isso é um mito. Mas tem belas livrarias (como a Ateneo Splendid) e os livreiros de lá conseguiram uma lei do preço fixo para se defender da febre de descontos das cadeias (que conta com a cumplicidade das editoras, é claro).

Revista sobre livros, literatura. Texturas

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Uma publicação espanhola online, muito interessante. Pode ser recebida por email.

E o Google ganhou a parada

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O juiz Denny Chin nem levou para o júri. Decidiu que o Google presta um grande serviço ao escanear os livros do mundo inteiro. Depois de seis anos, o processo recebeu ontem a sentença em primeira instância em New York. Os autores que promoveram e a Author’s Guild dizem que vão recorrer, mas há dúvidas se um tribunal superior aceitará a apelação.

SIM, FREQUENTADORES DE BIBLIOTECAS REALMENTE COMPRAM LIVROS: 3,2 POR MÊS

A suposição de que os frequentadores de bibliotecas são também compradores de livros sempre foi uma dessas suposições percebidas, mas não comprovadas. Agora foi. Só que nos Estados Unidos, onde há diferenças fundamentais entre o sistema de bibliotecas com o do Brasil. No caso, além de sabermos que tradicionalmente as bibliotecas dos EUA compram acervos (apesar da crise, o volume de aquisições das bibliotecas deixa qualquer um por aqui corado), o empréstimo de e-books se consolida também com certa rapidez.

A pesquisa deixa clara a miopia de editoras que recusam a vender e-books para bibliotecas públicas nos EUA. E, para nós, deveria servir de incentivo para que as editoras e livrarias se empenhassem muito mais para termos um sistema decente de bibliotecas públicas.
Uma matéria publicada no Publishing Perspectives deixa o assunto claro.
Capturar
Por Dennis Abrams

Nova pesquisa patrocinada por OverDrive, um importante distribuidor de e- e áudio books, juntamente com o Escritório de Informação sobre Políticas de Tecnologia, da ALA- American Library Association, proporciona números que sustentam o que muitas pessoas já suspeitavam: as bibliotecas têm um papel nas decisões de compra de livros dos leitores.

A pesquisa foi feita neste verão através de milhares de websites de bibliotecas públicas administrados pela OverDrive por todos os Estados Unidos, e descobriu que os usuários de bibliotecas adquirem uma média de 3,2 livros (tanto impressos como e-books) a cada mês, e que a maioria levaria em consideração a compra de livros descobertos em um website de biblioteca.

Com mais de 75.000 respostas, a pesquisa é o maior estudo feito até hoje sobre o uso de e-books em bibliotecas. E os resultados são similares aos de estudos anteriores, como o do Pew Internet Project, “Libraries, Patrons and E-Books”, revelando que uma porcentagem significativa de usuários de bibliotecas compra livros que descobre inicialmente na biblioteca pública. Na pesquisa da OverDrive-ALA, 57% dos que responderam afirmaram que a biblioteca é sua fonte primária de descoberta de livros.

Entre outros resultados:

– As compras de livros digitais por usuários de bibliotecas aumentaram em 44% no decorrer de seis meses.

– 35% dos que responderam adquiriam um livro (impresso ou e-book) depois de haver tomado emprestado aquele título.

– Quase a metade (48%) dos entrevistados declaram uma renda doméstica maior que US$ 75.000 ano.

Você pode ler a pesquisa completa aqui (em inglês).

Preços de e-books no Brasil. Conquista de mercado e indiferença

Capturar

Há alguns dias fiz uma pesquisa de preços para comprar um livro que me interessava. Queria ler The Financial Lives of the Poets, de Jess Walter. Sabia que havia uma tradução e resolvi verificar se leria o livro em inglês ou na tradução, e se havia disponibilidade dessa tradução em e-book, fosse no formato ePub ou Kindle.

Havia. A Benvirá, editora no Brasil, vendia (exclusivamente) na loja da sua matriz, a Saraiva o livro em formato ePub. O preço de capa do livro impresso era R$ 39,90, adquirido na Saraiva saía por R$ 33,90 e o e-book… custava R$ 35,90! (Isso até o dia 22. No dia 23, o site apresentou uma mudança significativa: passou a vender os dois formatos pelo mesmo preço de R$ 35,90.

Ou seja, a Benvirá dava 15% de desconto para quem comprasse o livro na Saraiva, mas quem o adquirisse para ler no app da cadeia de livrarias ou em algum Kobo ou tablete, ganhava só míseros 10%. A Saraiva, como se sabe, não vende nenhum e-reader próprio. Apenas disponibiliza app para quem quiser ler nos desktops ou em tablets.

À surpresa seguiu-se a perplexidade. Quem seria idiota o suficiente para comprar um e-book, depois de ter gasto no mínimo mais R$ 259,00 (Kobo mini) ou R$ 299,00 (o Kindle mais barato), para pagar mais caro que o livro impresso? Afinal, quem tem ou pensa em comprar um e-reader (ou um tablete, que é mais caro, mas é multiuso) sabe perfeitamente que a grande vantagem dos e-books está no preço, e que um leitor assíduo amortiza rapidamente o investimento com o que economiza no preço dos livros.
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E-BOOKS EM INGLÊS VENDIDOS NO MUNDO TODO – E NÓS COM ISSO?

A Associação dos Editores dos EUA divulgou dados sobre as vendas internacionais das editoras daquele país. As exportações de livros dos EUA alcançaram US 883.389 milhões de dólares. É importante notar que a venda de e-books cresceu 63% em relação ao ano anterior, enquanto a de livros impressos cresceu apenas 1,3%.

A exportação de livros dos EUA para o resto do mundo tem um de seus pilares na venda de livros técnico-científicos. Os dados anunciados, entretanto, dizem respeito apenas ao segmento trade – ficção e não-ficção – deixando de lado esse outro segmento.
A venda de e-books cresceu, portanto, exponencialmente. Os livros de ficção e não-ficção são particularmente aptos para a leitura em dispositivos móveis, ao contrário dos livros ilustrados para adultos e para crianças, que ficam melhor impressos, apesar das tentativas de desenvolvimento de apps interativas nos livros para crianças.
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ANL e Amazon e digitais. Hora de verdades?


O anúncio da chegada ao Brasil de três grandes operadoras do comércio eletrônico de livros – Amazon, Kobo e Google – coincidiu com a divulgação do “Diagnóstico ANL do setor livreiro 2012”.

Recentemente a entidade dos livreiros havia divulgado uma carta aberta ao mercado – i.e. às editoras – e ao governo, com suas sugestões para o desenvolvimento do mercado de livros digitais no país. Sugestões, não reivindicações, segundo a própria entidade.

O diagnóstico foi encomendado pela ANL junto à GfK, uma multinacional de pesquisa de mercado, que lançou no primeiro semestre deste ano seu serviço de rastreamento online da venda de livros, é concorrente ao BookScan da Nielsen (que diz que se prepara para entrar logo no mercado brasileiro).

O estudo da GfK tem algumas características interessantes. Enviou questionários, que podiam ser respondidos online, por fax ou e-mail e entrevistas por telefone junto a todos universo conhecido pela ANL, que é de 3.403 livrarias. A pesquisa recebeu respostas com informações de 716 lojas, o que equivale a 21% do total, um índice de respostas muito bom. Destas, 152 respostas foram obtidas através da central de redes de lojas, que disponibilizaram dados de suas filiais, e 564 respostas vieram diretamente de livrarias independentes e grandes redes, com um questionário respondido por cada loja, representando um total de 474 diferentes razões sociais.

Os números indicam que algumas ditas grandes redes não responderam ao questionário, e que a maior parte das respostas veio efetivamente das livrarias independentes e redes regionais, que têm uma presença maior junto à entidade.
Essa impressão é corroborada pelo dado divulgado de 62% dos respondentes possuírem apenas uma loja, e que o principal regime tributário é o simples.

Alguns destaques da pesquisa:
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Lista dos e-books mais vendidos nos EUA

A Digital Books World, newsletter especializada em livros eletrônicos dos EUA, divulgou várias listas de mais vendidos do setor naquele país. A DGB , associada com a Iobyte Solutions, preparou uma lista geral dos vinte e cinco mais vendidos e quatro listas segmentadas pelo preço.

A curiosidade a ser notada é que, dos vinte e cinco títulos mais vendidos, 21 foram publicados pelas “seis irmãs”, as maiores do setor, e praticamente a metade (12 títulos) foram publicados por editoras que aplicam o modelo de agenciamento, e com preços acima de US$ 10,00 (US 12,00 é o mais comum), e apenas quatro estão no segmento de preço mais baixo (de Us$ 0,00 a 2,99).

Outro detalhe significativo é que apenas dois títulos foram publicados por editoras fora do grupo das seis maiores editoras americanas (Random House, Penguin, Macmillan, Simon & Schuster, Hachette, HarperCollins). A Scholastic – que não está entre as seis, mas é uma grande editora (publicou o Harry Potter nos EUA) emplacou dois títulos, e a Soho Press, essa sim, independente, um título.

Ao observar as listas divididas por categorias de preço, verifica-se que apenas no segmento de preço de US$ 3. a US$ 7,99 é que começam a aparecer as independentes, com três posições. E somente no segmento mais barato (de US$ 0,0 a Us$ 3) aparecem dois autores autopublicados, Sidney Landon e Lynda Chance. Esses dois, pelo título dos romances, aparentemente produzem “romance novels”, um segmento diferenciado nos EUA, por aqui representado pelos livros de banca tipo “Sabrina”. Etc.

Estudo revela: quem empresta e-books nas bibliotecas é grande comprador

Estudo recente da Pew Internet e da American Life, nos EUA, indica que quem empresta e-books nas bibliotecas é também um comprador ativo do mesmo tipo de livros.

A pesquisa é importante porque as editoras norte-americanas ainda não definirem um modelo homogêneo de permitir os empréstimos de e-books. Várias alternativas são testadas. Há editoras que simplesmente não vendem e-books para bibliotecas. Outras, estabelecem um número máximo de usos da cópia adquiria, geralmente menos de trinta. Outros, ainda, cobram muito mais caros pelos e-books vendidos às bibliotecas.

A questão foi suscitada principalmente pelos e-books dos lançamentos e best-sellers, que as editoras temiam perder vendas pelo caráter não fungível dos e-books. O livro impresso na verdade tem um número limitado de leitores, e quando muitos leitores retiram um exemplar, este acaba se deteriorando irremediavelmente, mesmo que haja um cuidado permanente na sua conservação. Os e-books, ao contrário nunca se “desgastam”.

Essa questão da deterioração dos livros impressos é algo que por aqui não se presta muita atenção. Afinal, compram-se tão poucos livros para as bibliotecas que os responsáveis fazem o impossível para manter os exemplares existentes em uso. E é deprimente às vezes receber um livro que está um verdadeiro bagaço.

Até a edição da Lei do Livro, aliás, o descarte de livros imprestáveis – procedimento técnico normal e necessário – era uma tarefa administrativamente fastidiosa para as bibliotecárias. Normalmente era necessário abrir um processo administrativo para justificar o descarte de um livro, pois esses eram considerados como patrimônio, tombados e etc.

Esse dispositivo cretino foi eliminado pela Lei do Livro. O livro é de papel, e se muitas pessoas o lerem, o livro se desfaz. Já brinquei comentando que aquele dispositivo causava tantos problemas que criou um substrato cultural que levava as bibliotecas a manterem os livros longe dos leitores, já que o controle do objeto físico era uma tarefa complicada.

Essa cultura do objeto livro como intocável passa para os jornais: coitadas das bibliotecárias que se atrevem a descartar exemplares velhos. Algum jornalista desinformado acaba fazendo um escarcéu com isso, lamentando o fato desses exemplares serem descartados, “jogados fora”, como geralmente aparece nas matérias.

A verdade é que esse manuseio dos livros imprestáveis provoca até doenças de pele e respiratórias. Já testemunhei esse drama em algumas situações, quando as prefeituras não fornecem nem luvas nem máscaras para quem tem que manusear esses livros. Os usuários, então, coitados, nem pensar. Que se deem por satisfeitos quando encontram o livro que buscam, mesmo que nojento.

Nas bibliotecas que tem verbas regulares, o descarte e a aquisição de novos exemplares é um procedimento normal.

Por outro lado, alguns títulos efetivamente passam por um período inicial de maior demanda. Outros livros têm demanda permanente: dicionários, obras de referência, e títulos de literatura usados nas escolas. O temos dos editores gringos era que os e-books impedissem essa renovação natural dos acervos.

As limitações de uso para os e-books nasceram principalmente a partir dos best-sellers e novidades. Depois de um certo tempo – que varia para cada livro, é claro – os exemplares podem passar meses sem ser solicitados pelos leitores.

Coisa de rico. Se tivessem que vender para as bibliotecas brasileiras, tinham que se dar por felizes e satisfeitos de conseguir fazer as vendas.

HarperCollins lança programa de venda global de seus títulos em inglês

A HarperCollins, uma das “seis grandes” do mercado editorial dos EUA, lançou um programa de vendas global de seus títulos em inglês, segundo a newsletter da Publisher’s Weekly. Serão oferecidos 50.000 títulos impressos e 40.000 e-books em todos mundo, em qualquer tecnologia. As limitações ocorrerão somente em função dos direitos de venda dados a HC nos contratos.

A HarperCollins 360 – o nome do programa – já engloba os títulos publicados nos EUA e no Reino Unido, e espera incluir títulos de suas subsidiárias no Canadá e na Austrália nos próximos doze meses.

O anúncio do programa informa que a distribuição global ocorrerá com a incorporação de vários associados com capacidade de impressão sob demanda. O anúncio não especifica se os e-books serão vendidos através de varejistas, como a Amazon, ou varejistas locais, e se terão ou não DRM embutido.

Uma especulação que ocorre de vez em quando é a da possibilidade das editoras americanas detentoras de direitos globais publicaram elas mesmas as traduções, pelo menos no formato e-book. Acho isso difícil, pois não teriam capacidade de atender a capilaridade do varejo no mundo inteiro, e os direitos das traduções são vendidos para editoras locais, que certamente não gostariam que o formato e-book ficasse nas mãos dos detentores originais. No entanto, essa movimentação da HarperCollins é bem significativa do alcance global do mercado editorial propiciado por dois fatores: impressão sob demanda e e-books.

“Oh, e-books, como os amamos? Deixe-me contar de quantos modos…”

Transcrevo em seguida, por gentileza do Publishing Perspectives um artigo de Peter Cook sobre um instrumento de pesquisa sobre e-books feito pelo BISG – Book Industry Study Group e que comentarei em um próximo post.

Eis o artigo:

Oh, e-books, como os amamos? Deixe-me contar de quantos modos…
(Desde que pague US $ 6.750 pela subscrição da pesquisa)

Por Peter Cook (cortesia de Publishing Perspectives)

Os modos realmente estão sendo contados assiduamente e continuadamente, e disponíveis na ponta dos dedos em tempo real para editores pelo Book Industry Study Group (BISG). A última apresentação tem-que-ter-tem-que-ver é a da pesquisa em curso e continuada Consumer Attitudes Towards E-Book Reading (Atitudes dos Consumidores em Relação à Leitura de e-books) que esclarece e quantifica o tamanho e a profundidade da mais nova das paixões: quais são os e-readers mais “quentes”? Quais os que estão minguando? Que características os consumidores querem ter em seguida? O que mais compradores de e-books fazem ou consumem com seus aparelhos?
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Waterstones: os problemas dos ingleses são parecidos com os nossos?

Waterstones é a principal cadeia de livrarias do Reino Unido, fundada em 1981. As lojas (aproximadamente trezentas) estão basicamente localizadas em ruas de comércio, com algumas lojas de grande porte em cidades importantes – alega que a loja londrina de Piccadilly é a maior livraria da Europa – e em universidades. A cadeia é propriedade de um magnata russo, Alexander Mamut, de quem o atual diretor geral, James Daunt, diz que é “um filantropo intelectual” e ao mesmo tempo um oligarca proprietário de iates.

James Daunt, o atual executivo, veio de uma família de diplomatas e era proprietário de uma mini cadeia de livrarias, a Daunt Books, com seis lojas e cuja característica principal é servir a uma clientela rica e sofisticada em alguns dos bairros mais chiques de Londres. Há sei meses foi contratado pelo Mamut para dirigir a grande cadeia e aceitou o desafio sem vender suas lojas.
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