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PERU DIVULGA PESQUISA SOBRE HÁBITOS DE LEITURA

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peru encuesta 4 O jornal limeño La República divulgou, em sua edição de domingo, 7 de novembro, uma Encuesta nacional sobre hábitos de lectura de los peruanos  . A pesquisa foi feita pelo Instituto de Opinión Pública da Pontifícia Universidad Católica del Perú que disponibiliza o acesso aos dados de suas pesquisas mediante registo. Assim, a partir da notícia de jornal, fui buscar a íntegra do trabalho.

Não conhecia outros estudos do gênero no Peru. Pelo que consegui apurar, esta seria pelo menos a segunda. No site do IOP-PUCPE essa pesquisa divulgada agora ainda não está com os dados integrais na biblioteca da instituição. Aparece ali apenas uma pesquisa feita no âmbito de Lima Metropolitana, em 2007.

É importante destacar, desde logo, que a simples existência dessas pesquisas é indicativa do crescimento do interesse pelo assunto nos países da América Latina. Na medida em que possam adotar uma metodologia mais uniforme, teremos instrumentos de comparação da situação nos vários países. Isso seria muito útil para verificar a eficácia de políticas públicas na área, já que a ausência ou presença delas em cada país teria indicadores de eficiência.

A pesquisa peruana também foi feita com as técnicas tradicionais de amostragem estratificada. Só que, no caso peruano, deixou-se de lado uma variável crucial para seu objeto: a estratificação por escolaridade. Levaram-se em consideração as estratificações por idade (começando aos dezoito anos) e os níveis socioeconômicos (as famosas “classes” A, B, C, D e E).

Como vivi e estudei no Peru, conheço também os imensos contrastes entre as três grandes áreas ecológicas do país, a costa, a serra (Andes) e a Amazônia. São muito mais significativas e profundas que as encontradas no Brasil. Os resultados divulgados no La República dividem os grupos apenas em três componentes: Lima/Callao (Callao é a cidade porto vizinha de Lima, com a qual constitui a maior região metropolitana do país), Interior Urbano e Interior Rural. É muito pouco para abarcar a diversidade do país, mas essa observação deve ficar em aberto até a divulgação mais completa do estudo.

A pesquisa também é bem menos completa do que a que fazemos no Brasil.

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PESQUISANDO HÁBITOS DE LEITURA – MUDANÇAS NAS METODOLOGIAS

Capturar

No dia 8 de julho passado publiquei o post “Vivendo e Aprendendo – Lições na FLIP “ no qual comentei o fato das pesquisas sobre hábitos de leitura não capturarem novas tendências de leitura e produção de literatura. Minha atenção havia sido despertada pelo fenômeno dos saraus literários, pois participei de uma mesa com Marcelino Freire, na qual ele discorreu sobre seu projeto Quebras, com o qual visitou vários estados e constatou uma enorme vitalidade dessas manifestações.

Em outra mesa, também na FLIP, promovida pelo Instituto C&A sobre programas de incentivo à leitura, o tema voltou à baila, e houve um alerta sobre o “fascínio dos números” na análise dos fenômenos sociais, inclusive a avaliação da extensão e o impacto da leitura.

Alguns dias depois recebi um e-mail do Bernardo Jaramillo, Subdiretor de Produção e Circulação do Livro do CERLALC-UNESCO, comentando o post e informando que o assunto estava no radar da instituição. E me enviou o link para o texto que era o resultado de discussões e reflexões surgidas na mesa de especialistas sobre “Indicadores de leitura, livro e desenvolvimento”, que teve lugar na Cidade do México, com o apoio do Conselho Nacional para a Cultura e as Artes (Conaculta), nos dias 8, 9 e 10 de setembro de 2014. O link para o texto está aqui.

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A reunião contou com um alentado grupo de especialistas convidados pelo CERLALC: Alberto Mayol Miranda, Alejandra Pellicer, Daniel Goldin, Didier Álvarez Zapata, Gemma Lluch Crespo, Germán Rey, Luis González Martín, Néstor García Canclini. Em representação da Conaculta, estiveram presentes Ricardo Cayuela Gally, Diretor Geral de Publicações, Angélica Vázquez del Mercado, Diretora Geral Adjunta de Fomento à Leitura e ao Livro, e Carlos César Ávalos Franco, Coordenador Nacional de Desenvolvimento Institucional. Pelo Cerlalc, participaram Fernando Zapata López, Diretor, e Bernardo Jaramillo Hoyos, Subdiretor de Produção e Circulação do Livro. Compareceram também representantes do Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México (Inegi): Félix Vélez Fernández Várela, Subdiretor; Arcelia Breceda Solis, Chefe do Departamento de Desenho de Questionários de Pesquisas Especiais; Laura Josefina Quiroz Beatriz, Chefe do Departamento de Manuais de Capacitação de Pesquisas; Ricardo Alejandro Lascencia Salceda, pessoa de contato em Desenho de Instrumentos de Captação e Material de Apoio. Participaram também José Ángel Quintanilla D´Acosta e Lorenzo Gómez Morín Fuentes, Presidente do Conselho de Administração e Diretor Executivo de Funlectura, respectivamente. Esteve encarregado da elaboração do documento Roberto Igarza, com doutorado em Comunicação Social e especialização em Educação, e Lenin Monak Salinas, Coordenador de Estudos e Estatísticas do Cerlalc.
Fiz questão de transcrever a lista para ressaltar a eminente ausência de um representante brasileiro. Parece que depois que o Galeno Amorim deixou a FBN, a articulação com o CERLALC passou para um remoto pano de fundo.

Mas, enfim, trata-se de um documento muito interessante, que espero seja levado em consideração nas próximas versões do Retrato da Leitura no Brasil (caso aconteçam).
Entretanto, nem todas as questões que eu havia levantado estão consideradas no documento – o que, na verdade, não é nenhum problema, já que este ainda é um documento de trabalho.
Ressalto alguns pontos do documento do Cerlalc, na última seção analítica, precisamente intitulada “Desafios”, que deverão ser consideradas na formatação das novas pesquisas sobre índices de leitura.

 

“A visão livro-determinista que deixa um lugar secundário para a leitura de outros meios e em outros suportes que não seja o impresso”. Ponto muito importante, inclusive porque a ênfase na leitura de livros – e em certo tipo de livros, como o documento ressalta mais adiante – obscurece práticas leitoras – e de produção de textos, digo eu – que fogem da percepção elitista dos literatos e, principalmente, dos “leiturólogos”.

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Que o GIE comece a aparecer

Boris Fangiola, da Câmara Uruguaia do Livro, foi eleito presidente do GIE – Grupo Interamericano de Editores no Congresso de Editores que se reuniu na cidade do México e em Guadalajara nesta semana.

“Ninguém sabe o que é o GIE e para que serve”, ele diz. “No entanto, pretendo mudar essa situação, enfatizando alguns pontos da missão da instituição, como a luta pela livre circulação de livros, a defesa do direito autoral, o combate à pirataria e a adaptação de nosso mercado às transformações provocadas pelos livros digitais.”

Boris Fangiola é livreiro, começou a trabalhar em livrarias aos quinze anos, “fazendo o que todos os rapazolas fazem nessa situação: preparando pacotes, arrumando estoque, levando recados”. Hoje tem sua empresa e leva quarenta anos de experiência no mercado de livros.

Boris foi particularmente enfático quanto aos problemas provocados pelo governo Argentino. Segundo ele, ainda que formalmente a legislação não proíba a importação de livros naquele país, a exigência de que se exporte um dólar para cada dólar de importação coloca as livrarias em uma situação muito precária. Nem todas são exportadoras, e por isso se vêem impedidas de trabalhar. Na porção hispânica da América Latina, o comércio com a Espanha é um componente muito forte, e o protecionismo argentino prejudica livreiros e a indústria gráfica uruguaia, além de outros setores produtivos daquele país.De fato,as restrições para-alfandegárias são muitas vezes os meios usados pelos governos para dificultar a circulação dos livros.

Fangiola assinalou também as diferenças nos sistemas tributários dos países da região. As alíquotas dos impostos de vendas, o IVA (similar ao ICMS brasileiro) variam muito, e há países onde a alíquota para importação de livros é bem pesada, como no Chile.

A pirataria é outra das preocupações do novo presidente do GIE. Ele distingue a “pirataria industrial”, a cópia impressa de edições inteiras, da cópia de trechos pequenos, seja pela fotocópia, seja pelo escaneamento de trechos de livros. Essa primeira situação é particularmente grave na Bolívia e no Equador. “Na Bolívia existe uma feira de livros piratas a um quarteirão da Feira de Livros. Isso não é possível”. A pirataria já foi forte também no Peru, mas por lá a situação já está mais controlada.

Outra coisa é a cópia fotostatica. Boris critica a situação em que se chegou em alguns países, onde editores e livreiros acabaram acusados de ser contra a educação.

“Não podemos ser qualificados como inimigos da educação, como aconteceu e acontece em alguns países.”(Crítica semivelada à ABDR?). “ A proteção contra as copias ilegais deve ser entendida como uma defesa também dos direitos do autor, e seu combate depende muito de ações governamentais, inclusive no desenvolvimento de bibliotecas, particularmente as das escolas de ensino médio, e das universidades, onde o fenômeno é mais comum.”

Boris Fangiola pretende solicitar o apoio do Cerlalc para as ações do GIE. Segundo ele, o GIE só pode atuar através das câmaras de livros locais, e como o Cerlalc é um organismo multigovernamental, poderá ser muito útil. “Conversei aqui em Guadalajara com Fernando Salazar, o diretor do Cerlalc, e lhe disse que pretendo acionar muito sua equipe”, diz ele. “O GIE só atua através das câmaras, nossos recursos são exclusivamente os provenientes das contribuições das câmaras sócias. Por isso mesmo se torna muito difícil atuar diretamente.”

Boris, entretanto, pretende superar um período em que o GIE praticamente não fez sentir sua presença. O presidente anterior era Oswaldo Siciliano, ex-proprietário da rede de livrarias que hoje é da Saraiva e que foi presidente da CBL.

Só resta desejar ao novo presidente boa sorte na execução de seus propósitos.

Colômbia – uma visita esclarecedora

Convidado pela FBN e pelo CERLALC – Centro Regional para o Livro na América Latina e no Caribe, estive semana passada em Bogotá para os dias profissionais da Feira de Livros daquela cidade, que este ano homenageia o Brasil como “País Invitado de Honor”, pela segunda vez. Fui participar de um painel, depois de uma conferência feita por Richard Stark. Cconversamos sobre Libros, marketing y metadatos: estrategias de posicionamiento y aumento de ventas. Los nuevos entornos en la promoción y distribución de libros, en un mundo conectado. Stark é diretor da Barnes & Noble e Coordenador do Comitê de Metadados do BISG – Book Industry Study Group. Do painel participamos Camila Cabete, também colunista do PublishNews, Ednei Procópio, que coordena a futura implantação do CANAL – Cadastro Nacional de Livros, da CBL, e Juan Manoel Rozo, da Colômbia e eu.

Mas hoje não vou escrever sobre isso.

O que quero apresentar agora são alguns aspectos da política nacional para livros, leitura e biblioteca daquele país, que são muito interessantes para nós, brasileiros.
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