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AmazonCrossing descobre o Brasil pela Machado de Assis Magazine

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AmazonCrossing, o braço editorial do poderoso sistema global de venda de livros pela internet, anunciou um programa de publicação de autores brasileiros em inglês que promete ser ambicioso. Alguns títulos terão apenas uma versão digital – principalmente os contos – mas os romances terão versão impressa e em áudio-books. A Amazon teve seu interesse pelos autores brasileiros despertado pela homenagem na Feira de Frankfurt, e a Machado de Assis Magazine – a revista de literatura brasileira em tradução, co-editada pela Biblioteca Nacional e o Itaú Cultural – foi o principal instrumento para a descoberta dos autores que participam do programa.

A história é a seguinte:

Os primeiros livros a serem publicados pela AmazonCrossing, ainda em 2013 são de contos, em versão para Kindle. Beatriz, livros de contos de Critóvão Tezza; uma seleção dos contos de Falo de Mulher, de Ivana Arruda Leite; dois contos de Ana Paula Maia (“Desmedido Roger” e “Esporo”); uma seleção de contos de Paloma Vidal, “Fantasmas”, extraído de sua coletânea Mais ao Sul. Além desses, ainda este ano serão lançados uma seleção de contos de Tércia Montenegro, extraídos do livro O Tempo em Estado Sólido, e o conto “A Pequena Morte”, de Cláudia Lage.

A partir de 2014 a AmazonCrossing passa a lançar também romances, e os primeiros quatro selecionados são Breve Espaço Entre Cor e Sombra, de Cristóvão Tezza, que venceu o Prêmio Machado de Assis da FBN em 1998; Eles Eram Muitos Cavalos, de Luiz Ruffato, que também recebeu o prêmio da FBN; o romance de estreia da jornalista Eliane Brum, Uma, Duas; o romance histórico do jornalista Sérgio Rodrigues, Elza, a Garota; e um dos títulos da saga Qua4tro Elementos, Marcada a Fogo, da escritora independente Josy Stoque.
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Literatura brasileira no exterior: problema dos editores?

Prólogo.
Esse é um assunto que me interessa muito. Participei da organização da primeira vez em que o Brasil foi país convidado da Feira de Livros de Frankfurt, em 1994. Depois, participei também da organização da presença brasileira em outras feiras: Bogotá (1995), Guadalajara (2001). Em 2011 publiquei uma série de posts no blog sobre a participação em 1994 (veja aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui) e também já me manifestei sobre a importância e as condições de participação em feiras internacionais aqui.

Em relação à próxima presença do Brasil em Frankfurt, em outubro, minha contribuição se resumiu em um paper com considerações sobre as possíveis linhas mestras do pavilhão principal. Não fiz e não faço parte da organização da feira, nem da programação dos autores. Além disso, estou como editor da Machado de Assis Magazine, coedição entre a FBN e o Instituto Itaú Cultural (trabalho que não onera o orçamento da FBN). A revista publica excertos de traduções de autores brasileiros, selecionados por uma Comissão Editorial a partir de chamamento público.

O que eu gostaria aqui seria contribuir com a discussão, procurando analisar o que está em jogo, e as condições em que esse jogo é jogado no mundo editorial. É o que posso fazer, como cidadão envolvido com as questões de políticas públicas para o livro e a leitura.
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TERRITÓRIO POUCO EXPLORADO

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A Machado de Assis Magazine no. 3, recém disponível online, está dedicada a excertos de tradução de livros para crianças e jovens. São vinte autores brasileiros (dezessete com trechos em inglês e três em espanhol), a maioria com mostras das ilustrações dos respectivos livros. Com a ajuda dessa publicação, uma iniciativa conjunta da Fundação Biblioteca Nacional e do Itaú Cultural, e da qual sou o editor, eles partem para a disputa de uma fatia do mercado internacional.

A edição da revista ficou disponível no dia da inauguração da Feira de Bolonha, o principal evento internacional do segmento. Em 2014 o Brasil será o país homenageado nessa feira e, assim como o primeiro número da Machado de Assis Magazine se apresentou em Frankfurt antecipando em um ano a homenagem ao nosso país, a revista se apresenta na Feira de Bolonha como um aperitivo das ações que o governo, autores, ilustradores e editores farão, no próximo ano, na “Cidade Vermelha” italiana.
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REVISTA MACHADO DE ASSIS – O NÚMERO DOIS NO AR

Captura de Tela 2013-02-19 às 14.18.09online. A versão em PDF, completa, pode também ser baixada no site.

Já assinalei, neste espaço, algumas características da publicação: não pode ser caracterizada como uma ¨revista literária˝, pois os textos não são editados como amostra representativa de qualquer tendência da literatura brasileira contemporânea. São instrumentos de trabalho de agentes e editores para facilitar as negociações de direitos autorais de autores no exterior. A escolha dos autores e textos não é feita para apresentar tal panorama. São escolhidos dentre os que se apresentam para seleção, e a diversidade de autores, gerações, tendências e estilos é ativamente buscada pela revista.
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Machado de Assis Magazine – Número 2

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Foram divulgados ontem, dia 14, os nomes dos vinte autores que estarão presentes no segundo número da Machado de Assis Magazine – Literatura Brasileira em Tradução, co-edição da Fundação Biblioteca Nacional e do Instituto Itaú Cultural, e da qual sou o editor.

Foram 147 inscrições, dentre as quais o Conselho Editorial teve que selecionar vinte textos. Ou seja, apenas 13,6% dos inscritos podiam entrar.

Não é tarefa fácil, até porque, na abundância, o risco das escolhas é sempre maior. Ainda bem que a responsabilidade é dividida por todo o Conselho Editorial, que vota, com total liberdade, em quem deseja que participe da revista.

O trabalho prévio de análise do material a ser enviado aos conselheiros deve ser bem detalhado. Procura-se, principalmente, verificar se o livro tem existência legal – ou seja, se está registrado no ISBN, conforme o exigido pela Lei do Livro. E se o texto enviado faz parte de algum livro já publicado no exterior, principalmente em inglês, espanhol ou francês. No caso deste ano, também em alemão.

A questão é que a revista se destina a promover novas edições de autores brasileiros no exterior. Quem já está traduzido em algum desses idiomas já dispõe de um instrumento de trabalho para que agentes, editores e o próprio autor procurem novas traduções, em outros países. Não seria justo retirar a oportunidade de um autor não traduzido, privilegiando autores que já circulam no exterior.
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LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO EXTERIOR – UMA JANELA QUE SE ABRE


O número 3 da Revista Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução, editado pela FBN e coeditado pelo Instituto Itaú Cultural será dedicado à produção nacional de livros destinados ao público infantil e juvenil, com vistas à participação do Brasil na Feira de Bolonha – a maior do setor – que em 2013 acontecerá em março. Em 2014 o Brasil será o país convidado do evento.

A Revista Machado de Assis está aceitando o envio de propostas de trechos de livros já publicados no país – que devem estar traduzidos para o inglês ou espanhol – até o dia 20 de novembro. Esse número da Revista Machado de Assis terá duas novidades importantes: A primeira é que a edição será totalmente digital, online, embora editoras e agentes possam fazer o download dos textos e das ilustrações. A segunda é que, precisamente por ser digital, a edição da Revista Machado de Assis aceitará proposta que envolvam livros ilustrados, inclusive a cores.

A literatura infanto-juvenil brasileira á uma das forças do mercado editorial. E só bem recentemente tem sido objeto de programas sistemáticos de aquisição de acervos por programas do Governo Federal, através do PNBE, embora anteriormente tenha se beneficiado de programas como o das “Salas de Leitura”. Governos estaduais e municipais também compram livros do segmento, ainda que de forma muitas vezes não sistemática.

Monteiro Lobato é considerado como o grande mestre da literatura para jovens no Brasil, ainda que recentemente tenha sido alvo de percepções, no meu entender, equivocadas e a-históricas sobre o conteúdo de alguns de seus livros, acusados de racistas.
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Brasil em Bogotá – A primeira experiência das novas políticas da Biblioteca Nacional

A 25ª. Feira do livro de Bogotá – FILBO – inaugura hoje com o Brasil como “País Invitado de Honor”. É a primeira dessas homenagens articuladas por Galeno Amorim desde que assumiu a presidência da Fundação Biblioteca Nacional. A sequência de feiras que homenageiam o Brasil terá seu ápice na Feira do Livro de Frankfurt, em 2013, quando o país será, pela segunda vez, o país tema. Aliás, também em Bogotá é a segunda vez. A primeira foi em 1995, o ano seguinte ao da presença do Brasil em Frankfurt, e naquele ano algumas das exposições levadas para a Alemanha foram remontadas na Colômbia.

Essas participações fazem partes das iniciativas da FBN de apoiar uma maior presença da literatura brasileira na indústria editorial internacional, juntamente com as bolsas de tradução e o aumento do número e do tamanho dos estandes brasileiros em outras feiras internacionais.

Funcionará?

Vejamos alguns condicionantes disso.

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Os dados sobre leitura e políticas públicas – algumas reflexões

A divulgação da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, em sua 3ª. edição, exige ainda que os pesquisadores interessados e os gestores de políticas públicas da área se debrucem sobre os dados para que estes sirvam como parâmetros de orientação. Não pretendo aqui esgotar esse assunto, nem de longe. Até porque a imersão na pesquisa é um processo demorado. O susto decorrente da divulgação de que houve retrocesso nos índices de leitura entre 2007 e 2011 deve ser absorvido e compreendido.

As políticas públicas, em qualquer área – e a da leitura não é exceção – só amadurecem na medida em que se estendem e se consolidam no tempo e se aprofundam no conteúdo das ações.

A experiência brasileira no setor não é das melhores. As políticas públicas da área do livro e da leitura tem se caracterizado, na área do Ministério da Cultura, pela descontinuidade e pelo não aprofundamento das ações. Se considerarmos em perspectiva os últimos quinze anos, o que vimos foram ações espasmódicas durante o governo Fernando Henrique, com algumas tentativas de expansão do sistema de bibliotecas públicas, um esforço relativamente mais continuado no governo Lula e a expectativa atual de que as ações da área se consolidem e aprofundem.
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