Todos os posts de Felipe Lindoso

Felipe Lindoso é jornalista, tradutor, editor e consultor de políticas públicas para o livro e leitura. Foi sócio da Editora Marco Zero, Diretor da Câmara Brasileira do Livro e consultor do CERLALC – Centro Regional para o Livro na América Latina e Caribe, órgão da UNESCO. Publicou, em 2004, O Brasil Pode Ser um País de Leitores? Política para a Cultura, Política para o Livro, pela Summus Editorial.

A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL PODE SALVAR AS LIVRARIAS? NA FRANÇA, TALVEZ.

Reproduzimos em seguida o artigo publicado Na Publishing Perspectives no dia 28 de março passado. Talvez possa provocar reflexões úteis por aqui.

Dennis Abrams

LIR
A França possui uma forte rede de 3.500 livrarias independentes. E o governo está fazendo todo o possível para mantê-las vivas.

Em 2009, o governo implementou o há tempo esperado selo de “Librairie Indépendante de Référence”,  um selo que classifica as livrarias tal como um crítico poderia qualificar uma garrafa de vinho. Para se qualificar e receber o selo LIR, que é válido por três anos, as livrarias devem preencher seis condições, entre as quais a que a livraria tenha um papel cultural importante na comunidade, organizando leituras e eventos culturais; que tenha empregados que contribuam para a qualidade do serviço e que o proprietário seja o responsável pela compra de estoques; que a loja mantenha uma grande seleção de livros – tipicamente pelo menos 6.000 títulos, a maioria dos quais deve ter sido editada há pelo menos um ano ou mais.

As livrarias com o selo LIR recebem incentivos fiscais e subsídios especiais administrados pelo Centre National du Livre, inclusive empréstimos sem juros para melhorias na loja e Continue lendo A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL PODE SALVAR AS LIVRARIAS? NA FRANÇA, TALVEZ.

TERRITÓRIO POUCO EXPLORADO

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A Machado de Assis Magazine no. 3, recém disponível online, está dedicada a excertos de tradução de livros para crianças e jovens. São vinte autores brasileiros (dezessete com trechos em inglês e três em espanhol), a maioria com mostras das ilustrações dos respectivos livros. Com a ajuda dessa publicação, uma iniciativa conjunta da Fundação Biblioteca Nacional e do Itaú Cultural, e da qual sou o editor, eles partem para a disputa de uma fatia do mercado internacional.

A edição da revista ficou disponível no dia da inauguração da Feira de Bolonha, o principal evento internacional do segmento. Em 2014 o Brasil será o país homenageado nessa feira e, assim como o primeiro número da Machado de Assis Magazine se apresentou em Frankfurt antecipando em um ano a homenagem ao nosso país, a revista se apresenta na Feira de Bolonha como um aperitivo das ações que o governo, autores, ilustradores e editores farão, no próximo ano, na “Cidade Vermelha” italiana.
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Estatísticas, registros e outras questões do mundo dos livros

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O site Publishing Perspectives, editado pelo Ed Nawotka, é uma das fontes mais importantes de informações e, ao mesmo tempo, de questionamentos e interrogações sobre o que acontece no mercado editorial internacional. Ed Nawotka tem mostrado um interesse particular na indústria editorial brasileira, pois é ali que se publica um “filhote” da brasileira PublishNews que informa aos leitores em inglês sobre as novidades que acontecem por aqui.

Recentemente o PP publicou um artigo sobre a possibilidade de extinção do ISBN como identificador global e único de cada livro publicado. A ameaça proviria da Amazon (mais uma vez), que usa seu próprio sistema de identificação, e da Apple, que faz o mesmo. As duas parrudas, que publicam muito do que chamamos de autopublicação, simplesmente desprezam o uso do ISBN na identificação do que vendem, e esses autores “economizariam” a taxa cobrada pelas agências de ISBN mundo afora. No Brasil, a Agência Nacional do ISBN, controlada pela Biblioteca Nacional, cobra R$ 12,00 por registro, sem alternativas para aquisição de lotes. É muito mais barato do que cobra a Bowker nos EUA, que pede US$ 125 por registro individual, mas tem vários planos para aquisição de lotes. Na França o registro é gratuito para as publicações francesas e da francofonia, outorgados pela agência estatal. E por aí vai.
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Marisol Schulz é a nova diretora da FIL – GUADALAJARA

O pedido de demissão de Núbia Macias da direção geral da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, gerou expectativas sobre quem a substituiria. A feira anunciou hoje o nome de Marisol Schultz como sus ubstituta.

A FIL-GUADALAJARA se afirmou com uma das feiras de livro mais importantes do mundo, e em particular na América Latina, onde é a única em que negociações de direitos autorais chegam a ter um volume ponderável, particularmente para livros em espanhol. A presença do Brasil na FIL-GUADALAJARA ensejou também um aumento dos negócios de editoras brasileiras na região, seja na venda de Direitos Autorais, seja em negociações para publicação de livros para crianças e jovens nos programas do governo mexicano de distribuição de livros para escolas públicas.

Abaixo, a transcrição do comunicado oficial da feira:

Guadalajara, Jalisco, a 22 de marzo de 2013

Marisol Schulz será la directora general de la Feria Internacional del Libro de Guadalajara
“Asumo este reto con plena conciencia de lo que esta responsabilidad significa para toda la cultura en nuestro idioma”, dijo. Tomará posesión de su cargo el próximo 1 de abril

Marisol Schulz Manault fue nombrada directora general de la Feria Internacional del Libro de Guadalajara por Marco Antonio Cortés Guardado, rector general de la Universidad de Guadalajara, a propuesta del Consejo de Administración de la Feria, que se reunió ayer en Guadalajara. Asumirá sus funciones a partir del próximo 1 de abril.

“Me siento muy honrada por haber sido nombrada directora de la Feria Internacional del Libro de Guadalajara, una institución de la cultura, de las letras, del mundo del libro a la que he estado ligada de manera muy cercana en sus 26 años de existencia. Reconozco el nivel de calidad al que se ha llevado a FIL en todos los años, pero de manera muy particular la gestión de Nubia Macías y su muy eficiente equipo. Nubia merece todo mi respeto, mi admiración y mi cariño”, dijo al referirse a la directora saliente, Nubia Macías Navarro, quien anunció su renuncia a este cargo a partir del próximo 31 de marzo.

Egresada de la UNAM, de la carrera de historia, Schulz es una figura de referencia en el mundo editorial iberoamericano, en donde cuenta con una reconocida trayectoria que abarca 30 años, entre los cuales destaca su gestión en el Grupo Santillana, donde fue editora ejecutiva y posteriormente directora editorial de ediciones generales. En ese mismo grupo fue nombrada directora en México de los sellos Taurus y Alfaguara, cargo que desarrolló durante diez años. Fue editora de autores como Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa, José Saramago, Mario Benedetti, Arturo Pérez-Reverte, entre otros. En 2011 asumió la dirección de LéaLA, la feria del libro en español que la Universidad de Guadalajara creó en la ciudad de Los Ángeles, (EU), desde donde abrazó con entusiasmo la promoción y difusión del libro en español, así como el fortalecimiento de esta lengua en el territorio estadounidense.

Al hablar sobre su misión en FIL, Marisol Schulz señaló: “asumo este reto con la plena conciencia de lo que esa responsabilidad significa no sólo para el mundo de las letras sino para toda la cultura en nuestro idioma que ha tenido en FIL Guadalajara un escaparate del vigor de nuestra producción literaria, editorial, artística. Es un orgullo para todos los mexicanos, y eso hace que mi compromiso sea aún mayor”.

Leia os posts de O Xis do Problema em seu kindle

A Amazon não dorme no ponto. Acrescentou mais uma funcionalidade no seu processo de adicionar conteúdo nos Kindle e Fire que circulam pelo mundo afora.

Agora, os blogs e sites que desejarem, podem acrescentar um botão de “Send to Kindle” no final de cada post. Este, então, será enviado para um – ou todos – os aparelhos registrados no nome de quem pediu o envio. O botão pode ser baixado no link acima ou diretamente do WordPress

Com isso, será possível não apenas ler depois, como também armazenar nos leitores o conteúdo dos posts, sem necessidade de ir até o site ou blog original.

A Amazon é grande e truculenta. Mas, sem dúvida, imaginativa e eficiente.

Como usuário do Kindle (desde que foi lançado), já incorporei o botão aqui no blog.

Assim, prezados amigos, poderão guardar para ler depois ou manter arquivado essas coisas que escrevo por aqui.

OBRAS ÓRFÃS, PROBLEMA PENDENTE

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Uma das lacunas mais evidentes na legislação de direito autoral vigente é a que diz respeito às chamadas “obras órfãs”. O que é isso?

A lei de direitos autorais vigente estabelece dois parâmetros de tempo para a validade dos direitos de um autor sobre sua obra. O primeiro, evidentemente, é o da vida do autor. Depois que este morre, entretanto, seus herdeiros mantêm direitos sobre a obra pelos setenta anos consecutivos ao falecimento. Assim, em 2013, estarão entrando em domínio público obras de autores – sejam essas originárias ou derivadas (traduções e adaptações) – que tenham morrido em 1942 (a contagem se processa a partir de janeiro do ano seguinte ao falecimento).

Vejam bem, a validade do direito autoral não se dá a partir da data de publicação, e sim o da vida do autor e dos setenta anos decorridos depois de sua morte.

A chamada “obra órfã” é aquela sobre a qual se supõe que ainda existe proteção quanto aos direitos autorais, mas que a) não haja certeza sobre se o autor está vivo ou tenha falecido, e b) no caso de falecimento, se os setenta anos já transcorreram, e quem seria o herdeiro ou herdeiros dos direitos morais e patrimoniais da obra.

Acrescente-se aos problemas relacionados com o uso de tais obras a extensão ou restrição que se aplica ao conceito de “fair use”, que limita as cópias a pequenos trechos, tais como os usados comumente em citações.

As restrições da legislação são bem abrangentes. Por exemplo, a lei especifica (art. 29, alínea X), que está protegida, inclusive, “a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero”.

Essas disposições estão previstas no escopo das diferentes versões da Convenção de Berna.
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IPA ENDOSSA EPUB 3 COMO PADRÃO GLOBAL PARA E-BOOKS

Captura de Tela 2013-03-13 às 12.34.29A International Publishers Association – União Internacional de Editores emitiu comunicado anunciando que considerava o formato EPUB 3 como o padrão global para publicações digitais.

A resolução foi tomada em reunião da diretoria que aconteceu este mês em Nova York, e está justificada nos seguintes pontos:

– A IPA acredita que um ambiente digital competitivo e diversificado exige a ampla adoção e uso de padrões abertos e gratuitos de conteúdo digital, disponível para editores, provedores de tecnologia e plataformas de distribuição;
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É POSSÍVEL DESAFIAR A AMAZON?

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As gigantes do comércio varejista de livros – Amazon, Apple e Kobo (o Google realmente ainda não disse a que veio), tem uma característica comum: todas constituem “ecossistemas” de venda. Em todas existe a facilidade para a compra, dentro do sistema, com a possibilidade imediata de leitura: na Amazon, o Kindle, na Kobo e na Apple, qualquer aparelho capaz de ler o formato ePub. A Apple foi a pioneira nesse tipo de coisas, com o iTunes. Mas, no mundo do livro, quem realmente começou a fazer essa ideia funcionar foi a Amazon. A Barnes & Noble tentou fazer o mesmo com seu Nook, mas só vende livros nos EUA e na Inglaterra, e está enfrentando sérias turbulências financeiras, apesar do apoio da Microsoft.

Todas as três dispõem não apenas de aparelhos de leitura dedicados (Amazon – Kindle e Fire; Apple – iPod, iPas e iPhone; B&N – Nook; e Kobo, sua linha de leitores), além de aplicativos que possibilitam a leitura em muitos outros aparelhos, inclusiva das outras (a exceção é o Kindle, da Amazon, que lê apenas os formatos PDF, TXT e DOC, além do formato proprietário). Outras característica em comum é que todas e construíram, de uma ou outra maneira, uma lista de oferta gigantesca.
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Bibliotecas escolares vão funcionar?

As bibliotecas são um componente essencial no processo educativo, concordam todos educadores. No entanto, são pouquíssimas as escolas que possuem esse equipamento essencial em suas instalações. De fato, levantamentos recentes indicam que 72,5% das escolas – públicas e privadas – não têm bibliotecas.

A história das bibliotecas nas escolas, como o crescimento do sistema educacional, tem várias etapas em nosso país. No modelo defendido e inaugurado por Anísio Teixeira, já se vão uns setenta anos, as bibliotecas faziam necessariamente parte das instalações da “Escola Nova”.

Até o início da década dos anos 60 do século passado, a existência de bibliotecas nas escolas era muito comum. De fato, nas capitais e cidades importantes, o sistema era bem estendido. Mas inexistia nas escolas isoladas, nas cidades do interior e nas zonas rurais. Esse período, que muitos exaltam como aquele onde havia uma “escola pública de qualidade”, na verdade esta era excludente. O sistema tinha suas virtudes (eu, que em toda minha vida, só estudei em escolas públicas, fui um beneficiário disso), mas às custas de excluir a maioria da população em idade escolar.
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REVISTA MACHADO DE ASSIS – O NÚMERO DOIS NO AR

Captura de Tela 2013-02-19 às 14.18.09online. A versão em PDF, completa, pode também ser baixada no site.

Já assinalei, neste espaço, algumas características da publicação: não pode ser caracterizada como uma ¨revista literária˝, pois os textos não são editados como amostra representativa de qualquer tendência da literatura brasileira contemporânea. São instrumentos de trabalho de agentes e editores para facilitar as negociações de direitos autorais de autores no exterior. A escolha dos autores e textos não é feita para apresentar tal panorama. São escolhidos dentre os que se apresentam para seleção, e a diversidade de autores, gerações, tendências e estilos é ativamente buscada pela revista.
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