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“THEMA” A Nova Ferramenta de Metadados

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Os leitores de “O Nome da Rosa”, do Umberto Eco, podem lembrar que os crimes no mosteiro acontecem, no final das contas, em torno de um assunto aparentemente prosaico: a classificação a ser dada ao suposto manuscrito de Aristóteles achado na biblioteca do convento. O suposto tratado sobre o riso seria obra filosófica (no sentido dado à palavra pela escolástica), ou um texto demoníaco que negava o cristianismo? Dessa classificação dependeria o acesso ao manuscrito ou sua condenação ao “inferno” dos livros proibidos. Da disputa, surge a razão dos assassinatos.

Por isso é que às vezes eu brinco, conversando com bibliotecários, que eles são capazes de assassinar em disputas sobre a classificação. O estruturado sistema decimal usado nas bibliotecas abre espaços para esse tipo de disputas (felizmente, rara vez resultando em assassinatos, mas muitas vezes em disputas acerbas entre os bibliotecários).

O sistema decima serve muito bem aos sistemas de bibliotecas. Mas, para a indústria editorial e para o comércio de livros resulta demasiadamente complicado. O assunto foi progressivamente sendo enfrentado pela indústria. Primeiro veio o ISBN, um identificador unívoco de cada título e edição, Mas, se não se sabe qual o ISBN, as buscas devem utilizar algum outro metadado. Os mais comuns, certamente, são o título e o nome do autor. Durante várias décadas isso funcionou bem para o mercado e foi incorporado nos sistemas de bibliotecas. Mecanismos com o protocolo Z.39.5 permitem que os computadores de diferentes bibliotecas “conversem” entre si a partir de fragmentos como esses, e importem/exportem dados de classificação cooperativa (nossa BN, infelizmente, não abre esse mecanismo. O sistema de bibliotecas das universidades paulistas abre, em parte).
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Estatísticas, registros e outras questões do mundo dos livros

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O site Publishing Perspectives, editado pelo Ed Nawotka, é uma das fontes mais importantes de informações e, ao mesmo tempo, de questionamentos e interrogações sobre o que acontece no mercado editorial internacional. Ed Nawotka tem mostrado um interesse particular na indústria editorial brasileira, pois é ali que se publica um “filhote” da brasileira PublishNews que informa aos leitores em inglês sobre as novidades que acontecem por aqui.

Recentemente o PP publicou um artigo sobre a possibilidade de extinção do ISBN como identificador global e único de cada livro publicado. A ameaça proviria da Amazon (mais uma vez), que usa seu próprio sistema de identificação, e da Apple, que faz o mesmo. As duas parrudas, que publicam muito do que chamamos de autopublicação, simplesmente desprezam o uso do ISBN na identificação do que vendem, e esses autores “economizariam” a taxa cobrada pelas agências de ISBN mundo afora. No Brasil, a Agência Nacional do ISBN, controlada pela Biblioteca Nacional, cobra R$ 12,00 por registro, sem alternativas para aquisição de lotes. É muito mais barato do que cobra a Bowker nos EUA, que pede US$ 125 por registro individual, mas tem vários planos para aquisição de lotes. Na França o registro é gratuito para as publicações francesas e da francofonia, outorgados pela agência estatal. E por aí vai.
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Metadados para principiantes – aproveitando os ensinamentos de um mestre

A minha viagem à Colômbia para participar da Feira de Livros de Bogotá (que termina hoje, 1 de maio) incluiu a participação em um seminário organizado pelo CERLALC – Centro Regional para o Livro na América Latina e Caribe, intitulado “Todo Comienza em um Libro”. A mesa-redonda da qual fiz parte foi antecedida por uma conferência de Richard Stark, intitulada “Libros, marketing y metadatos: estrategias de posicionamiento y aumento de ventas. Los nuevos entornos en la promoción y distribución de libros, en un mundo conectado”. Stark é diretor de “Product Data” – Dados sobre produtos – da cadeia Barnes & Noble, e também coordena o Comitê de Metadados do BISG – Book Industry Study Group. Nessa condição é um dos responsáveis pela manutenção do BISAC – Book Industry Standards and Communication que, como o nome indica, estabelece padrões para a indústria editorial americana, largamente seguidos também pelos ingleses. O BISG também é o responsável pelo ONIX – Online Information Exchange, sobre o qual falarei amplamente mais adiante, e pelo X12 e-commerce transactions.

Fundado em 1976 por editores e gráficos, o BISG atualmente se destaca em ações de formação e no estabelecimento de padrões de informação estatística para a indústria editorial, buscando unificar os resultados de várias fontes de informação que permitam uma análise compreensiva dos dados de produção e comércio de livros.
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TEREMOS MAIS E MELHORES DADOS SOBRE AS VENDAS EM 2012?

A anunciada possibilidade de que o BookScan, da Nielsen ou outra solução da BfK possam vir a ser empregadas no Brasil para rastrear o consumo de livros no país permite fazer algumas observações sobre a questão dos dados do mercado editorial brasileiro.

Tanto a Nielsen quando a BfK já estão presentes no Brasil há anos, fazendo vários tipos de pesquisa para diferentes segmentos da indústria nacional. Inclusive pesquisas online sobre o consumo de bens. A Nielsen, por exemplo, oferece Serviços de Mensuração de Varejo, linha de produtos da qual a BookScan faz parte. A BfK tem a Shopper Inteligence, produto do mesmo tipo do oferecido pela concorrente. Todas trabalham com informações recolhidas diretamente nos PDVs – pontos de venda – através do registro de códigos de barra.
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