E-BOOKS EM INGLÊS VENDIDOS NO MUNDO TODO – E NÓS COM ISSO?

A Associação dos Editores dos EUA divulgou dados sobre as vendas internacionais das editoras daquele país. As exportações de livros dos EUA alcançaram US 883.389 milhões de dólares. É importante notar que a venda de e-books cresceu 63% em relação ao ano anterior, enquanto a de livros impressos cresceu apenas 1,3%.

A exportação de livros dos EUA para o resto do mundo tem um de seus pilares na venda de livros técnico-científicos. Os dados anunciados, entretanto, dizem respeito apenas ao segmento trade – ficção e não-ficção – deixando de lado esse outro segmento.
A venda de e-books cresceu, portanto, exponencialmente. Os livros de ficção e não-ficção são particularmente aptos para a leitura em dispositivos móveis, ao contrário dos livros ilustrados para adultos e para crianças, que ficam melhor impressos, apesar das tentativas de desenvolvimento de apps interativas nos livros para crianças.

A lista dos países que mais compraram e-books é bem interessante. A Europa em geral vem em primeiro lugar, seguida pelo Reino Unido (aparentemente não apenas os ingleses se excluem da Europa, os estadounidenses também acham que a ilha está no meio do oceano e não faz parte do continente…) e pela Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e Índia. Note-se, entretanto, que o Brasil esta listado entre os países que contribuíram “significativamente” para os ganhos das editoras norte-americanas com e-books.

A venda de e-books, em todos os lugares, se beneficia de modo extraordinário das facilidades logísticas. Ou, melhor dizendo, da ausência de problemas logísticos. Basta um clique e a “fazenda” nas nuvens manda o livro para qualquer lugar do mundo.
Esse fenômeno contribui muito para a expansão do número de compradores de livros no idioma inglês. Não é preciso esperar as traduções nem a importação de paperbacks.

A Amazon, Apple e Kobo lideram essa expansão, e quero aqui destacar alguns pontos que deveriam chamar a atenção dos editores (e autores) brasileiros.

Em primeiro lugar, a existência de um mercado significativo de leitores em português que é completamente desassistido pelo mercado editorial brasileiro. As exportações de livros físicos do Brasil para todos os continentes é quase irrelevante.

Em segundo lugar, esse mercado potencial só será alcançado pelos editores brasileiros se houver um esforço de marketing específico para mostrar que os autores brasileiros estão disponíveis nos formatos eletrônicos. Não basta colocar nas lojas dos varejistas internacionais. Embora todos eles tenham interesse em vender para todos os segmentos, é difícil que estabeleçam como alvos específicos as comunidades de brasileiros no exterior. A Amazon provavelmente faz isso em termos de cliente-a-cliente (se alguém compra um livro em português, passa a receber as ofertas de livros no idioma nos e-mails que a gigante dispara diariamente). Mas quem ainda não compra livros em português no exterior não necessariamente sabe dessa disponibilidade.

Mais uma vez, trata-se de desenvolver mercados de modo ativo, e não simplesmente ficar esperando o possível comprador se manifestar. E, obviamente, os esforços de divulgação da literatura brasileira no exterior, além da promoção das traduções (política básica e indispensável) deveria também se preocupar com esse assunto.

E exemplos de como fazer isso estão por aí. Só a título de ilustração, quem assiste a filmes franceses nem percebe, mas o Ministério da Cultura de lá estabeleceu uma rede de distribuidoras e salas de exibição que se comprometem a projetar os filmes. E as livrarias “francesas” recebem, em maior ou menor grau, incentivos do governo e das editoras francesas para disponibilizarem os livros pelo mundo afora.

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