Há alguns dias fiz uma pesquisa de preços para comprar um livro que me interessava. Queria ler The Financial Lives of the Poets, de Jess Walter. Sabia que havia uma tradução e resolvi verificar se leria o livro em inglês ou na tradução, e se havia disponibilidade dessa tradução em e-book, fosse no formato ePub ou Kindle.
Havia. A Benvirá, editora no Brasil, vendia (exclusivamente) na loja da sua matriz, a Saraiva o livro em formato ePub. O preço de capa do livro impresso era R$ 39,90, adquirido na Saraiva saía por R$ 33,90 e o e-book… custava R$ 35,90! (Isso até o dia 22. No dia 23, o site apresentou uma mudança significativa: passou a vender os dois formatos pelo mesmo preço de R$ 35,90.
Ou seja, a Benvirá dava 15% de desconto para quem comprasse o livro na Saraiva, mas quem o adquirisse para ler no app da cadeia de livrarias ou em algum Kobo ou tablete, ganhava só míseros 10%. A Saraiva, como se sabe, não vende nenhum e-reader próprio. Apenas disponibiliza app para quem quiser ler nos desktops ou em tablets.
À surpresa seguiu-se a perplexidade. Quem seria idiota o suficiente para comprar um e-book, depois de ter gasto no mínimo mais R$ 259,00 (Kobo mini) ou R$ 299,00 (o Kindle mais barato), para pagar mais caro que o livro impresso? Afinal, quem tem ou pensa em comprar um e-reader (ou um tablete, que é mais caro, mas é multiuso) sabe perfeitamente que a grande vantagem dos e-books está no preço, e que um leitor assíduo amortiza rapidamente o investimento com o que economiza no preço dos livros.
Continue lendo Preços de e-books no Brasil. Conquista de mercado e indiferença