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ANÁLISE DE PREÇOS DE LIVROS – NOVIDADES IMPORTANTES E UM ERRO PERSISTENTE

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O SNEL – Sindicato Nacional de Editores de Livros e a Nielsen Bookscan apresentaram seu primeiro Painel das Vendas de Livros no Brasil. Trata-se de uma iniciativa importante e significativa. O Painel da Nielsen Bookscan tem como principal vantagem a medição direta, na boca do caixa, das vendas feitas pelas empresas que instalaram o programa em seus sistemas. Isso elimina a chamada expansão dos dados, mecanismo estatístico que permite inferir o resultado total a partir de uma amostra significativa.

Nesse sentido, temos dados de venda de livros com um grau de confiabilidade muito superior ao da pesquisa antiga feita agora pela FIPE, a partir de iniciativa que começou lá nos anos 1990. Nessa pesquisa – que até agora era iniciativa conjunta da CBL e do SNEL – as editoras preenchem formulários com as informações pertinentes, que são então processadas. São dados, portanto, provenientes dos produtores (editoras), que declaram suas vendas para o governo (em vários níveis) e para o mercado, seja diretamente para as livrarias ou para os distribuidores. Além das vendas, essa pesquisa produz resultados sobre a produção (títulos e exemplares). As vendas para o Governo Federal são precisas – é o FNDE que informa, detalhadamente, a quantidade de exemplares adquiridos e o valor pago.

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VALE CULTURA E MERCADO EDITORIAL

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A Ministra Marta Suplicy divulgou semana passada os primeiros dados da movimentação financeira do Vale Cultura, dizendo “que há um consumo muito maior de livros e revistas”, e acrescentando que as editoras e livrarias haviam saído na frente e se preparado.

vale cultura

Bom, os números não mentem e informam que 88,09% dos gastos com o Vale Cultura foram feitos em empresas cujo CNAE as coloca na categoria de “Comércio Varejista de livros, jornais, revistas e papelarias” (4761-01).  O cinema veio em seguida, e depois a venda de instrumentos musicais, o segmento de CDs, as artes cênicas, com “outras atividades culturais” no fim da fila.  Ou seja, dos R$ 13,7 milhões consumidos em seis meses, R$ 12,112 milhões foram para livros, jornais, revistas e papelarias.

O que pensar disso tudo?

A primeira constatação, claro, é que isso é ótimo. Na verdade, o que todas as pesquisas sobre hábito de leitura indicam, sempre, é que a leitura é muitíssimo bem considerada pelos brasileiros. Para formação, informação, cultura, educação e lazer. E para a religião também (a esmagadora maioria dos leitores coloca a leitura da Bíblia como sua atividade preferida na área). O que atrapalha a leitura é realmente a dificuldade de acesso. Além dos que declaram não conseguir ler corretamente, ou que preferem outras atividades.

Outra informação importante da notícia que veiculou os números do Vale Cultura é que a Ministra anunciou esses resultados em um evento na Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT, em S. Bernardo. A Ministra foi lá – e tem feito atividades semelhantes em outros segmentos – para estimular os sindicatos a incluir o Vale Cultura na pauta das reivindicações nas campanhas salariais.

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Um mercado opaco

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Tomei a iniciativa de escrever a coluna no PublishNews e o blog Oxisdoproblema pensando no público bem focado, e restrito, dos interessados no mercado editorial. Fico muito satisfeito, como sempre dizem os colunistas, com minha meia dúzia de leitores (ou um pouco mais, na média, tá bem…).

Qual minha surpresa, portanto, quando a coluna que publiquei na última quinta-feira, Literatura brasileira no exterior: problema dos editores? teve cinquenta vezes mais acessos que a média do blog, e foi replicada em muitos sites, no Facebook e no Tweeter. O Google Analytics – ferramenta de análise dos acessos – registrou uma dispersão muito grande em suas origens, com países em que eu jamais pensaria encontrar algum leitor. Entre os que comentaram ou replicaram nas redes sociais, pelo que pude perceber, havia uma substancial parcela de escritores.

Parece que o post mexeu com preocupações e sensibilidades das pessoas sobre a posição da literatura brasileira no exterior, sobre as dificuldades e os causantes da situação.

Como disse naquele post, meu interesse pelas políticas para o livro e leitura nasceu quando me fiz a pergunta, quando era sócio da Marco Zero, sobre a razão pela qual nossos ótimos livros não vendiam o que esperávamos. Como sabem os cientistas sociais, o funcionamento das sociedades é sempre opaco.
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