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TRÊS NOTAS

Depois do jogo do Brasil, quando não achei a moqueca lá muito bem temperada, só deu para o gasto, vão três notas de atualidade do mercado editorial, para não perder o ritmo.

LUCIANA VILLAS BOAS – FICÇÃO HOJE NA VISÃO DE UMA AGENTE LITERÁRIA

Nelson de Oliveira – assinando como Luís Brás – vem publicando, no Jornal Rascunho, uma série de artigos que solicita aos mais diferentes personagens do cenário editorial brasileiro. Do cenário editorial, não exclusivamente da literatura. Até eu já fiz um texto para o Nelson – ops, Luís Brás – nessa série.

No número 170 do jornal curitibano foi a vez da agente literária Luciana Villas Boas. Como todos sabemos, Luciana foi durante muitos anos diretora editorial da Record, e lá publicou muitos autores brasileiros. Depois de sair da editora, casou-se, mas não mudou. Com seu marido americano, Moss, vive entre o Rio, Atlanta e Nova York, administrando uma agência que já conta com um plantel importante de autores brasileiros.

Uma revelação: a iniciativa da Luciana de mandar traduzir trechos dos autores da Record que ela considerava possíveis de serem colocados no mercado internacional foi o que me inspirou a sugerir à Biblioteca Nacional, na administração do Galeno Amorim – uma publicação semelhante, a hoje Machado de Assis Magazine – para publicar excertos de autores para apresentação no mercado internacional de direitos de autor.
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AMAZON PÕE AS MANGUINHAS PRA FORAII

Capturar
Faz meses que a Amazon vem pressionando a Hachette, a menor dos grandes grupos editoriais dos EUA (mas que faz parte do Hachette Livres, do grupo Lagardère, que faturou mais de dois bilhões de euros em 2012), com o objetivo de conseguir melhores condições comerciais.

A tática da Amazon é simples. Dá menos descontos para os livros do HBG e avisa que só há disponibilidade para entrega semanas após o pedido ser feito. Todos os outros sites de comércio eletrônico estão dando descontos maiores e entregando mais rapidamente os títulos de autores como James Patterson, Michael Connelly e outros também muito conhecidos.

A Amazon alegou inicialmente que a HBG estava atrasando as entregas, o que foi peremptoriamente negado pela editora (e confirmado pelos competidores da Amazon).

Não é a primeira vez que a Amazon emprega táticas intimidatórias contra editoras que não aceitam melhorar os termos comerciais. A McMillam aguentou pouco mais de uma semana quando o gigante varejista retirou de seus livros a opção “Compre com um clique”, e acabou cedendo. Despois, a McMillam liderou o movimento para modificar os termos gerais de venda, com o “modelo de agenciamento” (a editora fixa o preço e paga à Amazon uma comissão sobre isso, impedindo descontos), graças à providencial ajuda do Departamento de Justiça dos EUA, que acusou as editoras e a Apple de atentar contra a livre concorrência (que está ajudando a Amazon a consolidar sua posição semi-monopolista no mercado de livros). E a McMillam perdeu novamente.

Algumas peculiaridades da situação devem ser anotadas:
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Consolidação de logística nos EUA

A imprensa noticiou hoje que a HarperCollins construiu um acordo com a R.R. Donnley para que a gráfica sirva também como centro de distribuição e logística para todos seus selos editoriais. A HC fechará o centro de distribuição de seu selo Thomas Nelson, em Nashville, e deixará também de usar outros centros de distribuição. O grupo editorial administrará os serviços para consumidores, administração de crédito, cobrança, IT e, obviamente, a administração de vendas.

Essa movimentação de vendas faz avançar nos EUA a consolidação e integração dos processos de impressão e distribuição. A Ingram, que é a maior distribuidora dos EUA, também oferece um serviço de printing-on-demand que abastece muitas editoras e está bem integrado com os sistemas da Amazon, como já mencionei em outro post.

Esse processo de consolidação, cada vez mais acelerado nos EUA, acontece também na Europa. Para citar um exemplo, o grupo Hachette atua fortemente nos serviços de logística e distribuição não apenas para os selos do grupo, mas também para terceiros. Seu gigantesco centro de distribuição em Maurepas, nos subúrbios de Paris, atende a cerca de oitenta editoras francesas. A Hachette também concluiu um acordo com a Lighting Source, o braço de POD da Ingram, para a impressão sob demanda. O grupo francês também atua na distribuição de livros na Austrália, Reino Unido e Espanha.

Os problemas de logística assumem papel cada vez mais relevante nos procedimentos do mercado editorial internacional, e quase sempre estão unidos com serviços de impressão sob demanda. Aqui no Brasil é que se insiste em mandar caminhões todos os dias para o Nordeste e para o Sul, e cargas aéreas para o Norte, encarecendo sobremaneira a operação das editoras, distribuidoras e livrarias. Até que todos sejam forçados a aprender…

Barnes & Noble quer que tribunal rejeite acordo de três editoras com o Departamento de Justiça

A cadeia de livrarias Barnes & Noble, que comercializa o Nook, leitor de e-books que concorre com o Kindle, da Amazon, peticionou ao juiz da ação do Departamento (ministério) da Justiça dos EUA para que o acordo proposto e aceito por três das editoras acionadas (HarperCollins, Hachette e Simon&Schuster) seja declarado inválido. A notícia foi publicada na newsletter da revista Publisher’s Weekly, que acompanha o mercado editorial americano.

A varejista alega que o acordo imposto pelo Departamento de Justiça e aceito pelas três editoras estabelece uma regulamentação do mercado – e não protege a “livre iniciativa” – em detrimento dos seus interesses e das livrarias independentes e dos autores. Seis empresas foram processadas pelo Departamento de Justiça americano, as três citadas e a Macmillam, a Penguin e a própria Apple, que contestaram a ação e não aceitaram a proposta de acordo.

A argumentação da Barnes & Noble, que entrou no processo como parte indiretamente interessada, reforça a argumentação das editoras que contestaram a ação e da Apple, no sentido de que, se aceita a argumentação do governo, isso favoreceria a criação de um monopólio no comércio de e-books nos EUA, beneficiando a Amazon.

Esse caso ainda vai render muito.