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Inculta e Bela?

Zanzando por bancas de jornais, notei a presença de várias revistas focadas no idioma português. Ao contrário das revistas sobre literatura, que considero terem se refugiado nas publicações das livrarias, aparentemente as dedicadas ao cultivo do idioma andam florescendo. Depois da triste polêmica em que muitas pessoas falaram sobre o livro “Por uma Vida Melhor” sem ter lido o texto acusado de “ensinar português errado”, fui ver a quantas anda essa questão nas publicações periódicas.
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“A massa ainda comerá o biscoito fino que fabrico”

Oswald de Andrade sempre foi um dos meus heróis na literatura brasileira. Pela produção literária, pela militância na literatura e na política, por seu desassombro e atrevimento. Maria José Silveira, Márcio Souza e eu usamos essa frase como lema da Marco Zero, a editora que fundamos e mantivemos por dezoito anos.
Quando escrevi “O Brasil pode ser um país de leitores?”, mencionei na introdução: “A massa dificilmente comerá do biscoito fino se a ele não tiver acesso e ficar reduzida ao consumo da broa de milho […] O esforço aqui apresentado é o da discussão de como fazer o “biscoito fino” chegar à massa.” (p. 16).
Trata-se, portanto, de preocupação constante e recorrente, que abrange a discussão de impasses e dificuldades do mercado editorial e possíveis soluções. Afinal, o que me levou a estudar essas questões foi também certo grau de frustação pela massa não consumir em quantidade o “biscoito fino” que produzíamos na Marco Zero.
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Financiamento coletivo de livros. Vai funcionar?

A moda do financiamento coletivo de espetáculos, que já existe no Brasil, tem sido experimentada em outros países para o financiamento de livros.
Por esse esquema, os fãs de uma determinada banda contribuem com uma quantia em dinheiro para financiar a vinda do espetáculo e são reembolsado com os resultados da bilheteria, em vários casos recuperando totalmente o que investiram – que é pouco – e assistindo o espetáculo de suas bandas preferidas.
Já existe quem tente levar o mesmo esquema para a edição de livros.
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Nossa elusiva matéria prima

Uma das coisas que aprendi nessa faina do mercado editorial é que o mundo dos livros é um reflexo do mundo real. Cabe tudo. Das coisas mais sublimes às calhordices mais inomináveis. Como papel (e agora, bits) aguenta tudo, é possível encontrar toda e qualquer coisa impressa e sendo vendida (ou empurrada, ou doada por conta de outros interesses) no mundo do livro.
Essa variedade me fascina.
Do lado positivo, há o aprendizado de uma lição de humildade: o que eu gosto, o que me satisfaz intelectual e esteticamente, não é nem (necessariamente) o melhor nem é o que o OUTRO precisa para satisfazer o mesmo tipo de necessidades. E isso não é uma rendição a um relativismo absoluto: o que acho uma porcaria tenho minhas razões para considerar assim e não pretendo mudar de opinião. Mas, quando analiso políticas públicas de acesso ao livro, devo reconhecer o direito do outro gostar (ou ter necessidade) do que eu não gosto ou até mesmo desprezo.
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O ATENDIMENTO E O FUTURO DAS LIVRARIAS

O desenvolvimento da Internet e dos livros eletrônicos há muito me faz pensar sobre o futuro das livrarias. Mais que o “futuro do livro”, o que vai acontecer com esses lugares que frequentamos para folhear livros, ver as novidades e – eventualmente – comprá-los, é o que me preocupa.
Há uns dois anos a ABA – American Booksellers Association – encomendou a uma consultoria um estudo sobre as alternativas para as livrarias independentes enfrentarem esse fenômeno. E a mesma ABA há vários anos havia desenvolvido o BookSense, um sistema de compras online que transferia a compra e o atendimento para a livraria que estivesse mais próxima do Zipcode (CEP) de quem fizesse o pedido. O BookSense deu fôlego para as livrarias independentes, mas o crescimento da Amazon e da Barnes&Noble sombreiam permanentemente o futuro das independentes.
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Os desafios de traduzir nos EUA

É bem conhecido o dado de que o índice de livros traduzidos e publicados nos Estados Unidos e nos outros países de língua inglesa (Grã Bretanha e Austrália) é ínfimo. Chad Post, um batalhador para que aumente esse índice, mantém um site exatamente com o nome de Three Percent que, segundo ele, é o índice de obras traduzidas.
O Publishing Perspectives de hoje, 29 de agosto, reproduz uma entrevista com Edith Grossman, tradutora para o inglês de importantes obras originalmente em espanhol (publicou recentemente uma elogiada tradução do Dom Quixote) comenta sobre essas dificuldades e sobre a importância e as dificuldades do ofício de traduzir, que quero compartilhar com vocês.

O “DNA” dos livros pode servir de base para encontrá-los?

Semana passada Claudiney Ferreira, com quem trabalho no projeto Conexões Itaú CulturalMapeamento Internacional da Literatura Brasileira – e que vasculha a Internet quase obsessivamente atrás de sites sobre literatura, achou uma curiosidade: o BookLamp. Tratava-se de um site que se propunha a levantar o DNA dos livros para servir de motor de buscas para os leitores descobrirem livros “semelhantes” aos que gostaram, e de ferramenta para autores e editores.
Visitei o site e achei realmente fascinante. E já tinha planejado escrever um post sobre o assunto.
Esse trabalho me foi poupado pelo Ed Nawotka, do Publishing Perspectives, que no dia 24 publicou um artigo sobre o assunto. Ed Nawotka esteve aqui há pouco, no Congresso do Livro Digital, e sua palestra motivou que eu escrevesse um post sobre a questão dos metadados e sua importância para o mercado editorial.
Bem, quem quiser ler o original, o link está aqui. Com permissão do Ed Nawotka, traduzi o artigo que deixo aqui para vocês:

O “Projeto do Genoma do Livro” do BookLamp é o futuro da descoberta?

Por Edward Nawotka

Se você achava que metadados eram complicados, conheça Booklamp.org., um novo motor de descoberta de livros que pesquisa 32.160 diferentes pontos de dados por livro. “Fazemos isso processando o texto completo proporcionado pelo editor em formato digital e passando pelo nosso computador”, explica o CEO Aaron Stanton.

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Revistas de livrarias – para onde vai a atenção dos leitores e o dinheiro das editoras

Achar os leitores é uma preocupação da indústria editorial. Nos velhos tempos, os críticos literários é que “achavam” os autores, e a consagração feita pelos famosos “críticos de rodapé” era o sinal de ingresso no cânone da literatura nacional. A antiga José Olympio tinha como padrão transcrever, nas páginas iniciais do livro, a “fortuna crítica” do autor. Autores e críticos se retroalimentavam em prestígio, e o prestígio resultava em vendas.
Essa contradança acabou. Não existem mais “rodapés literários” e as resenhas estão longe de proporcionar o prestígio – e as vendas – de antanho. O prestígio do autor (muitas vezes respaldado pelo prestígio – ou poderio – da editora) aparece não em críticas, mas em amplas matérias na capa dos cadernos “de cultura”, ou variedades.
Ora, esse espaço se reduz cada vez mais. E se publicam cada vez mais livros. Por conseguinte, divulgar os lançamentos se torna ao mesmo tempo mais importante e mais difícil.
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A definição do público alvo leitor: como dados também complicam

O ambiente editorial norte-americano vive imerso em uma enorme quantidade de dados sobre vendas, que definem quem compra, onde compra, quem indica, quais as bibliotecas e escolas que indicam livros, etc., como indiquei no post de ontem.
O New York Times Sunday Book Review, que recebo por e-mail nas sextas-feiras, trouxe hoje um interessante artigo de Robert Lypsite, intitulado Boys and Reading: Is There any Hope? que aborda dois problemas interessantes. O artigo é publicado nessa edição do NY Times Sunday Book Review porque na próxima semana se inicia o semestre letivo nos EUA.


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Como os dados modelam o mercado editorial

A informática permite hoje a coleta de dados importantes sobre o desempenho dos livros. É claro, desde que os metadados estejam corretamente assinalados e sejam “coletáveis”.
Os instrumentos para tanto são vários. Alguns podem estar dentro da própria editora, ou da livraria, consolidando dados sobre os clientes e vendas, devoluções, pagamento de direitos autorais, amortização do investimento, etc.
Um dos mais interessantes é o BookScan, da Nielsen International. Esse instrumento recolhe informações de vendas no varejo, a partir do ponto de venda, em mais de 31.500 livrarias nos cinco continentes. Apenas livros em inglês, na Inglaterra, Estados Unidos, Irlanda, Austrália, África do Sul, Itália, Nova Zelândia, Dinamarca, Espanha e Índia.
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