Arquivo da tag: Carta Capital

“Relativa prosperidade, absoluta indigência”

O ensaio do prof. Vladimir Safatle na revista Carta Capital 734 se diferencia, sob vários aspectos, da matéria de Rosane Pavan sobre a qual comentei em post anterior. A primeira, e talvez mais importante, é que se trata de um breve ensaio, enquanto a outra era uma reportagem.
Entretanto, tal como a outra, pretende abranger em um só escopo coisas que, a meu ver, são diferentes. Ou, melhor dito, têm a aparência de estar albergadas em um único conceito, o de “cultura brasileira”, e misturam temas que merecem abordagens diferenciadas.
Reclama o prof. Safatle da ausência de análises dos “rumos da cultura brasileira”, “como se julgamentos de valor no campo da cultura fossem exercícios proibidos, pois seriam pretensas manifestações de uma vontade de submeter a multiplicidade da produção cultural a padrões, no fundo particulares de avaliação”. Segundo ele, os momentos anteriores de crescimento econômico brasileiro foram traduzidos em “momentos de grande explosão criativa”, mesmo na ditadura, e não são assim agora.
(Cabe sempre dizer: estou me dispondo a comentar esse número da Carta Capital motivado principalmente pelo respeito que tenho pela publicação e pelos autores dos textos. Não gastaria meu tempo com barbaridades de colunistas e pseudo jornalistas que babujam calhordices em outros semanários). Dito isso…
Continue lendo “Relativa prosperidade, absoluta indigência”

Entrevista para matéria na Carta Capital


Esta semana na Carta Capital, o repórter Lucas Callegari publica uma matéria interessante sobre a indústria editorial e as livrarias.
Lucas me enviou uma série de perguntas, que respondi por escrito.
Evidentemente essas são grandes demais para uma revista, e por isso vou publicá-las aqui, em vários posts.

– O que significa para o mercado brasileiro a entrada da Penguin no capital da Companhia das Letras? Este negócio pode ser visto como parte de movimento dentro do setor levando a uma maior concentração? Reforça a tendência maior presença das empresas estrangeiras adquirindo brasileiras? O que o mercado brasileiro tem de atrativo que pode ter motivado o negócio?

Não se conhecem os detalhes do negócio. Uma parte do investimento da Penguin foi a compra da participação de sócios minoritários, do responsável pelas finanças da empresa e de duas editoras da casa. Mas não sabemos se houve um aumento do capital, com a consequente redistribuição de cotas, ou se os ingleses compraram partes dos demais sócios. Nesse sentido não dá para saber se essa movimentação leva a uma “concentração” no setor dos livros gerais. Certamente abre portas estratégicas para a Companhia das Letras, que passa a fazer parte de um grupo com articulações internacionais do qual já fazem parte outras editoras.
Continue lendo Entrevista para matéria na Carta Capital