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A Literatura Brasileira no Mundo – Quem é quem?

Na semana passada dediquei todos os posts deste blog à Feira de Frankfurt – edição 1994 -, recuperando essa experiência, na qual tive o privilégio de trabalhar como um dos organizadores. Eventualmente voltarei a tratar da presença do Brasil em 1994, e certamente das preparações que estão sendo feitas para 2013.
Desde ontem, entretanto, estou em Santigo de Compostela, na Galiza, Espanha, participando do IV Encontro Internacional do Conexões Itaú Cultural – Mapeamento Internacional da Literatura Brasileira, do qual sou um dos curadores. Claudiney Ferreira, que conheço desde quando produzia o programa de rádio Certas Palavras, é o Gerente do Núcleo Diálogos do Itaú Cultural, onde está o Conexões, cuja curadoria compartilho com o professor João Cezar de Castro Rocha.
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O BRASIL EM FRANKFURT EM 1994 – DAQUI PARA 2013

A Feira do Livro de Frankfurt 2011 começa amanhã. O Brasil estará presente em um estande que conta com o apoio da Biblioteca Nacional e do programa Brazilian Publishers, da APEX – Agência de Promoção de Exportações, do Ministério da Indústria e Comércio. Mais editoras brasileiras terão estandes próprios. Durante muitos anos algumas editoras religiosas se abrigavam junto de suas congêneres internacionais, como a Paulus e as Paulinas. Já há algum tempo, a Companhia das Letras mantinha seu próprio estande, este ano acompanhada nesse tipo de iniciativa pela Record e pelo Grupo A. O Brasil é foco de atenções. O olho grande do mercado internacional considera o país, hoje, um dos principais mercados de direitos autorais.

Ótimo que esteja assim hoje.

Dezenove anos depois da primeira vez em que o Brasil foi País Convidado da Feira, tentei, nestes últimos dias, no meu blog www.oxisdoproblema.com.br, dar um panorama do que foi feito e dos problemas enfrentados. Meu objetivo é muito simples: como não se constrói a partir do nada, queria refrescar a memória, fazer o balanço do bom e do ruim e contribuir, assim, para termos uma participação vibrante e proveitosa em 2013. Aqui vou tentar resumir o caso.
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A Biblioteca de Babel existe?

Acabei de ler (no meu Kindle), o livro Information – A History – A Theory – A Flood (Informação – Uma História – Uma Teoria – Uma Inundação), de James Gleick (Pantheon Press). Já li dois outros livros de Gleick – Genius, que é uma biografia de Richard Feynman, talvez o último gênio da física do Século XX, e a biografia de Isaac Newton, quando o autor teve que tirar leite de pedra para conseguir os fatos do formulador da lei da gravidade, um bizarro que gostava de queimar todos seus papeis.
Em Information, Gleick começa mostrando como funciona, de fato, a comunicação por tambores usada na África, trata do telégrafo, da criptografia e detalha o surgimento da teoria da informação e de como esta foi se imbricando com a física quântica, a genética, o acaso, o facebook e a Wikipédia, e termina nas indagações sobre a biblioteca de Babel.
Mas, antes de chegar lá, Gleick vai mostrando uma galeria de personagens fantásticos. Ele realmente consegue transformar em algo sensacional e eletrizante (!) a vida de físicos, engenheiros e outros quetais.
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O português brasileiro no mundo e a tradução.

A tradução é um grande fator de consolidação e expansão das línguas literárias. Mesmo depois de sua consolidação – geralmente por um processo político, mas que inclui em muitos casos a cristalização em uma grande obra literária – o enriquecimento dos idiomas sempre se dinamiza com a polinização feita pelas traduções. No caso das línguas neolatinas, deu-se a necessidade de traduzir os textos originários do latim, que em muitos casos já eram traduções do grego, e mais ainda, traduções feitas através do árabe. No caso do inglês e do alemão as respectivas traduções da Bíblia foram fator importantíssimo na cristalização dos respectivos idiomas. As traduções de Lutero e a do Rei Jaime introduziram e consolidaram muitas palavras e expressões que, paulatinamente, se tornaram comuns no alemão e no inglês.

No decorrer da história, algumas circunstâncias políticas, econômicas e sociais fazem que, em um determinado período, alguns idiomas assumam um papel predominante. No início do mundo moderno o português e o espanhol assumiram esse papel, e espalharam vocábulos pelo mundo afora. Mais tarde foi a vez do francês, a língua da diplomacia, talvez a primeira – depois da eliminação do latim – a se tornar “língua franca” no chamado Ocidente. Finalmente o inglês, impulsionando primeiro pelo Império Britânico e depois pela preponderância econômica e militar dos Estados Unidos, assumiu esse papel.
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A “Biblioteca Civilizatória” e a Biblioteca como serviço público

Uma das afirmativas mais recorrentes nos trabalhos que tratam de bibliotecas públicas diz respeito ao “papel civilizatório” que esta deve desempenhar. Entende-se por “papel civilizatório”, essencialmente, a presença nos acervos de bibliotecas públicas de certa quantidade de títulos aos quais se atribui – geralmente em meio a disputas acirradas – a qualidade de comporem um “cânon” de leituras indispensáveis. Geralmente os “leiturólogos” atribuem a esse cânon a capacidade de transformar um leitor “instrumental” em um “leitor crítico”.
Quando aceitam ir mais além do cânon, os “leiturólogos” geralmente passam a argumentar sobre a necessidade de que, pelo menos, os livros sejam “de qualidade”. Ou seja, acervos cujo valor simbólico é o valorizado por aquele campo intelectual que discute e legitimiza os atributos do “bom livro” e da “boa leitura”. É uma atitude próxima à da crítica literária tradicional. Mas, no que diz respeito aos “leiturólogos” há um componente adicional autoritário que o campo da crítica muitas vezes gostaria de ter, mas não dispõe de instrumentos.
Os críticos dispõem principalmente de um poder simbólico, que incorpora ou exclui as obras no cânon, mas deixa aberta ao leitor a decisão final sobre o que ler ou não.
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