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GALIZA ENTRA NA CPLP COMO OBSERVADOR CONSULTIVO

Na noite do dia 1 de dezembro fui ao lançamento do livro “História da Galiza – Uma Memória dos Avôs Europeus” do prof. Ramón Villares, presidente do Consello da Cultura Galega. Conversando brevemente na hora do autógrafo, perguntei como estava caminhando a situação da solicitação da Galiza de fazer parte, como membro consultivo, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP. Radiante, ele me informou que o pedido havia sido aprovado em novembro.

Conheci o prof. Villares quando o Conexões Itaú Cultural – Mapeamento Internacional da Literatura Brasileira fez um de seus encontros em Santiago de Compostela, em 2011. Como presidente do Consello, ele participou das mesas e hospedou o evento com grande categoria, juntamente com a Universidade de Compostela, sob iniciativa da Carmen Villarino, que é uma das pontes da cultura galega no Brasil.

Um ano depois o prof. Villares esteve no Brasil e, lá no Itaú Cultural, fez uma palestra sobre as políticas de difusão da cultura galega, sobre o que escrevi um post aqui, sentindo-me humilhado pela pobreza da política cultural do Itamaraty diante do que faz pela difusão de sua cultura no mundo uma comunidade autônoma espanhola com apenas três milhões de habitantes.

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Nessa ocasião ele mencionou a solicitação do Consello da Cultura Galega para ingresso na CPLP.

Devo dizer que me senti muito mais em casa em Santiago de Compostela, falando galego, que em Lisboa, onde os lusos engolem sílabas, falam para dentro e perco a metade do que dizem. O galego é muitíssimo parecido com a entonação do brasileiro. Andei pelo mercado e conversei com vendedores, que nem estranharam meu sotaque (e lembro a observação do Walter Benjamin de que é nos mercados e feiras que se escuta a voz popular).

Como muitas formas românicas das comunidades autônomas espanholas, o galego se desenvolveu como língua do povo, e o movimento dos intelectuais para seu reconhecimento como idioma de cultura só se firmou no século XIX, com Rosalía de Castro. Outros grande nomes da literatura galega incluem Ramón Del Valle-Inclán, Álvaro Cunqeiro e, mais recentemente, Manoel Rivas, que já tem um de seus livros publicados por aqui (“O Lápis do Carpinteiro”).

Meu único problema é com a ortografia oficial, que emprestou muitos fonemas do castelhano, tornando a leitura meio confusa. Mas há resistência ao uso dessa ortografia, e espero que a entrada na CPLP ajude a encaminhar melhor o problema. É bom lembrar, entretanto, que nosso idioma é simplesmente a evolução do galaico medieval, que se separa do castelhano aí entre os séculos XII e XV.

No entanto, transcrevo abaixo, em galego, o comunicado do Consello de Cultura Galego sobre o ingresso na CPLP. O link para a publicação original está aqui.

O Consello da Cultura Galega foi admitido esta mañá do 1 de novembro na Comunidade dos Países en Lingua Portuguesa (CPLP), durante a XI Conferencia de Xefes de Estado e de Goberno da entidade, en calidade de Observador Consultivo. Culmina así un dilatado proceso de tramitación iniciado en 2010 para “facer máis visible a lingua e cultura galegas no exterior”, en palabras de Ramón Villares, presidente do Consello da Cultura Galega. O CCG é a primeira institución galega en formar parte da CPLP. 

O estatus de Observador Consultivo supón que Galicia poderá estar presente nas xuntanzas temáticas da CPLP, trocar información dentro desa rede de Estados e entidades internacionais e servir de ligazón permanente entre a CPLP e a cultura e lingua galegas. O beneficio para o país, segundo Villares, é “facer visible que Galicia é a fonte da que nace a lingua portuguesa e é un xeito de ser recoñecidos polo mundo lusófono”.

O Consello da Cultura Galega foi a primeira institución galega en solicitar a inclusión na CPLP, xa en 2010. A iniciativa foi potenciada coa aprobación por unanimidade no Parlamento Galego, en 2014, da Lei Valentín Paz Andrade para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía, en cuxo artigo número 3 sinálase que “se fomentará a participación das institucións en foros lusófonos de todo tipo”.

A Comunidade dos Países en Lingua Portuguesa é un “foro multilateral orientado á cooperación entre os seus membros”, e foi creado en 1996. Nel participan todos os Estados que teñen a lingua portuguesa como oficial e moitas outras entidades vinculadas ao ámbito da lusofonía e intereses estratéxicos, económicos, sociais ou culturais compartidos.”

Parabéns, Galiza

 

A projeção da cultura em um pequeno país

Ramón Villares é o presidente do Consello da Cultura Galega e esteve em S. Paulo esta semana como parte de suas atividades de difusão da cultura da Galiza. Está empenhado em que o Museu da Língua Portuguesa aumente o espaço dedicado ao galego na formação do nosso idioma. De fato, há quem defenda que o galego é tão somente uma variante do português, assim como o de Portugal e o do Brasil. A posição oficial do governo espanhol e da Comunidade Autónoma da Galiza, entretanto, é a de que o idioma tem características próprias e se diferencia do português, muito embora os dois descendam diretamente do galaico-português medieval.

Ramón Villares se refere à Galiza como “um pequeno país”. Para nós, brasileiros, onde as diferenças regionais não alcançam essa dimensão, essa afirmação soa um tanto estranha. Quem conhece a Espanha, entretanto, sabe perfeitamente que as quatro “autonomias” nas quais existe a forte presença de idiomas próprios – Catalunha, Valença, País Basco e Galiza – que essa é uma questão que toca fundo e implica em discussões sobre o que é ser “espanhol”.
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A Literatura Brasileira no Mundo – Quem é quem?

Na semana passada dediquei todos os posts deste blog à Feira de Frankfurt – edição 1994 -, recuperando essa experiência, na qual tive o privilégio de trabalhar como um dos organizadores. Eventualmente voltarei a tratar da presença do Brasil em 1994, e certamente das preparações que estão sendo feitas para 2013.
Desde ontem, entretanto, estou em Santigo de Compostela, na Galiza, Espanha, participando do IV Encontro Internacional do Conexões Itaú Cultural – Mapeamento Internacional da Literatura Brasileira, do qual sou um dos curadores. Claudiney Ferreira, que conheço desde quando produzia o programa de rádio Certas Palavras, é o Gerente do Núcleo Diálogos do Itaú Cultural, onde está o Conexões, cuja curadoria compartilho com o professor João Cezar de Castro Rocha.
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