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Centro Cultural Vergueiro – A biblioteca e alguns problemas

Sou admirador da administração do Calil na Secretaria Municipal de Cultura, entre outras razões pelo esforço que ele tem feito em relação à bibliotecas. Completou a reforma da Mário de Andrade (com recursos do BID negociados ainda na gestão Martha Suplicy), está acelerando a informatização dos acervos e tem uma política de aquisição de livros.
Mas ontem fui ao Centro Cultural Vergueiro fazer pesquisas em jornais da década de noventa. Aí encrencou. Os acervos microfilmados estão incompletos e as leitoras de microfilmes estão em péssimo estado, não fazem mais cópias e funcionam graças à grande boa vontade dos funcionários.
Com toda boa vontade, o funcionário indicou que eu fosse ao Arquivo do Estado ou pagasse pela consulta nos arquivos dos jornais.
Bem, o que salvou a viagem foi a boa vontade e disposição de ajuda dos funcionário da biblioteca.
Espero que a prometida reforma do Centro Cultural Vergueiro (já anunciada, mas não vi nada sendo feito por ali) dê um trato no acervo microfilmado.

O ENEM E O ENSINO DE LITERATURA – AUTORES E EDITORES TÊM A VER COM ISSO?

“Há algo de muito errado no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)”, diz Luís Augusto Fischer em artigo publicado no Prosa e Verso do jornal O Globo do sábado, dia 13 de agosto. O errado que o escritor e professor assinala diz respeito especificamente às perguntas sobre literatura feitas no exame e como essas terminam por induzir determinadas práticas em sala de aula, e o resultado disso.
Fischer pergunta sobre a natureza e a qualidade das perguntas sobre literatura no ENEM que, na prática, hoje é o grande portal de acesso ao ensino superior nas universidades federais e nas que aderem ao PROUNI, o sistema de bolsas que facilita o ingresso de estudantes nas faculdades particulares.
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O custo de levar livros para todo o país

Certa vez estive em Sergipe estudando a possibilidade de montar ali um programa de revitalização de bibliotecas públicas. Em um carro da Secretaria da Cultura, percorremos, em um dia, praticamente o Estado inteiro, de norte a sul. Evidentemente não paramos em todos os municípios, mas soubemos que do município mais distante até Aracaju demorava-se no máximo umas duas ou três horas de ônibus.
Depois comentei com a diretora da Biblioteca do Estado a sorte que tinham de viver em um Estado pequeno, o quanto isso facilitava muitas coisas.
Esse pensamento me ocorreu em uma das discussões sobre o Programa do Livro Popular, atualmente em preparação na Biblioteca Nacional. Em reunião com editores na sede do SNEL, um dos pontos levantados referia-se à logística. Os custos de levar livros até os lugares mais afastados do país e as dificuldades que isso implica são realmente assustadores. O FNDE conhece muito bem o problema, na administração do programa do livro didático,e essa é uma das razões pelas quais acredito que mais cedo ou mais tarde irá adotar versões digitais dos livros escolares nesse programa. O mercado editorial de outros países não enfrenta esse tipo de problemas: os pedidos entregues nas editoras e distribuidoras alemãs até o final da tarde são despachados nos trens noturnos e estão nas livrarias de qualquer cidade do país no amanhecer do dia seguinte.
Mas os volumes envolvidos em livros para bibliotecas e para venda a preços populares aí por esse Brasilzão nem se comparam com os do MEC e constituem realmente um problema. Para vocês terem uma ideia, uma encomenda PAC dos correios com até dois quilos e dimensões pequenas leva vinte e quatro dias úteis para viajar de S. Paulo a Manicoré, no Amazonas (município onde meu pai nasceu), e custa R$ 23,50.
Com essas distâncias de um país continental, os Correios precisam assumir sua parcela de responsabilidade social nos programas de livro e leitura.

Feiras Internacionais – vale a pena ser país-tema?

Sabendo do meu envolvimento com a presença internacional da literatura brasileira, amigos meus já perguntaram para que serve essa história de ser “país convidado” ou “tema central” de feiras internacionais. Com a próxima reapresentação do Brasil como tema em Frankfurt, em 2013, vale a pena pensar um pouco a respeito.
Como já escrevi neste blog, o inventor desses “temas centrais” em feiras do livro foi Peter Weidhaas que, durante vinte e cinco anos, foi o diretor da Feira do Livro de Frankfurt, como resposta a uma demanda de que aquele evento não se restringisse a ser um amplificador do negócio de best-sellers e abordasse também temas relevantes no âmbito da discussão intelectual.
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BIENAIS – PARA AVANÇAR NA DISCUSSÃO

Ao comentar o livro de Peter Weidhaas – “See You in Frankfurt!” – assinalei como a resposta encontrada para as acusações de que a Feira de Frankfurt só se preocupava com os best-sellers foi a de organizá-la em torno de “Temas”. Primeiro foram temas mais genéricos: Ano da Mulher, Literatura Latino-americana, Livro Infantil, África. Depois vieram os países Tema, entre os quais o Brasil, em 1994, agora novamente convidado para 2013.
Por outro lado, no post do dia 8 de julho, comentando a FLIP, a Jornada de Passo Fundo e as feiras de livro em geral, mostrei como foram progressivamente implantados os eventos culturais em nossas feiras. Sem dúvida, essa dinâmica representou um enorme avanço diante do que existia até o final dos anos 90, quando os “eventos paralelos” nas Bienais do Livro se transformaram em Salão de Ideias (S. Paulo) e Café Literário (Rio de Janeiro), e como esses foram se multiplicando dentro dessas feiras e nas outras que foram surgindo Brasil afora.
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“See you in Frankfurt!”

Era assim que amigos, conhecidos ou quem estivesse envolvido com a presença de sua editora (ou do país) na maior feira de livros de mundo se despediam de Peter Weidhaas que, por 25 anos, foi o diretor da Austellungs und Messe, a empresa de propriedade dos editores e livreiros alemães. É também o título do livro em que ele relembra essa experiência.
Quando conheci Weidhaas, no processo de preparação para a participação do Brasil como tema da Feira de Frankfurt de 1994 (em 1992), ele era, para mim, uma espécie de “todo-poderoso” do evento. O que Peter decidisse, estava decidido. Já fora à Feira antes, mas não o conhecia pessoalmente.
O livro lança luz sobre a trajetória que o levou a essa posição e o que estava subjacente à sua concepção das feiras de livro e de sua importância para a difusão do livro e da leitura.

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Qual a vantagem de ir para um Congresso do livro digital?

Nos dias 26 e 27 de julho passado aconteceu o 2º. Congresso Internacional CBL do Livro Digital. Foram doze eventos, entre palestras e mesas-redondas, além da apresentação de trabalhos científicos em uma sala anexa. Boa frequência, apesar do preço salgado. Poucas perguntas e ainda menos discussões. A plateia permaneceu passiva depois da maior parte das palestras/mesas redondas, e mesmo as perguntas feitas não provocaram grandes discussões.
Não pretendo comentar todas as palestras ou discussões. Quero apenas chamar atenção para alguns tópicos que me pareceram os mais interessantes.

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Listas de mais vendidos – a que vem o digital?


Confesso que sempre tive profunda descrença nas listas de mais vendidos. Até hoje não me convenci com nenhum método de coleta desses dados por uma razão muito simples: não podem ser aferidos por terceiros. É um axioma do método científico que uma observação só é válida se puder ser repetida independentemente por outro pesquisador. Mas, vá lá, serve como indicador de tendências.
O Prosa e Verso d’O Globo publica já faz algum tempo uma lista dos “mais vendidos” em formato digital, com base nas informações da Cultura, Saraiva e Gato Sabido. Entusiasta que sou dos livros digitais, considero essa iniciativa mais uma “força” que o jornal dá para a ampliação do uso do formato que um indicador real de preferências.
O Kindle da Amazon é, também no Brasil, o e-reader mais usado, se não contarmos o acesso às publicações acadêmicas disponibilizadas pela CAPES/CNPQ e FAPESP nas universidades federais e paulistas. E nada disso é considerado. Mas tudo bem, força ao Globo pelo esforço de difusão do formato digital.