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Estão abertas as inscrições para o próximo número da revista Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução

logo machado magazine O editor da Machado de Assis Magazine – Literatura Brasileira em Tradução recebe até o dia 6 de fevereiro excertos de traduções de obras de autores brasileiros, para o próximo número da revista – a ser lançado no Salão do Livro de Paris em março, onde o Brasil será o país homenageado

Entre aqui para o link com os documentos necessários.

Trechos ou primeiros capítulos de obras de literatura e humanidades, ficcionais ou não, e nos mais variados gêneros – de romances, contos, poesias e crônicas a livros de reportagem e literatura para crianças e jovens, passando por ensaios literários, de ciências sociais ou históricos – podem ser enviados até o dia 6 de fevereiro para o email editor.revistamachado@gmail.com. Em março, o Conselho Editorial selecionará até 22 textos para a edição número 6 da revista Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução, a ser lançado entre os dias 20 e 23 do mesmo mês durante o 35º Salão do Livro de Paris 2015.

Os textos devem estar traduzidos para o inglês e espanhol. Excepcionalmente para este número, serão aceitas traduções para o francês, em função da homenagem ao Brasil no Salão do Livro de Paris. O número será publicado em www.machadodeassismagazine.bn.br, com acesso e download gratuitos.

A revista segue o formato das cinco edições anteriores, que podem ser vistos e baixados no mesmo site, com pequenas alterações. A partir de agora, serão publicados de dois a quatro títulos de literatura destinados a crianças e jovens, um segmento cuja demanda internacional vem aumentando significativamente.

Projeto da Fundação Biblioteca Nacional em coedição do Itaú Cultural, a revista Machado de Assis tem por objetivo difundir e estimular a publicação da literatura e da produção intelectual brasileira no exterior, promovendo o acesso a textos traduzidos de escritores brasileiros pelo mercado editorial internacional, ampliando assim, a visibilidade das obras brasileiras e potencializando as oportunidades de venda de seus direitos autorais no exterior.

Por meio do site da revista, até o momento, é possível ter acesso a 96 trechos de obras de 95 escritores brasileiros vertidos para inglês, espanhol e alemão. Alguns dos principais autores da literatura contemporânea brasileira encontram na Machado de Assis Magazine um meio de difundir internacionalmente seu trabalho, assim como agentes literários a veem como uma excelente ferramenta de trabalho. Desde o primeiro número, em 2012, até janeiro de 2015 foram acessadas 722.557 páginas e realizados 44.611 downloads através do site.

Sobre as inscrições

Os textos a serem inscritos devem ter no máximo 15 mil caracteres (sem contar os espaços) e enviados em formato Word (.doc) acompanhados de declaração de liberação de direito de autor do texto original traduzido e do tradutor para a revista de circulação internacional (em formato impresso, digital e online). Para se candidatar também é necessário preencher o formulário de inscrição, que se encontra no site da publicação, e a ficha de informações sobre o autor e a obra no idioma em que o trecho foi traduzido. Os documentos exigidos também estão disponíveis no site www.machadodeassismagazine.bn.br desde esta terça-feira, 20.

Os livros para crianças e jovens, além da capa, podem incluir uma ilustração presente na obra. Todas as traduções serão submetidas a revisão e poderão sofrer alterações de acordo com o critério dos editores. Não é exigida das traduções uma acuidade literária final. No entanto, devem ser de qualidade, de modo a expressar com clareza e correção o valor literário ou informativo do texto. A equipe editorial da revista Machado de Assis pode rejeitar traduções que não atendam a esta exigência. Em caso de contratação da obra por editora estrangeira, esta irá decidir o nome do tradutor definitivo, a ser escolhido sem o envolvimento da FBN, do Itaú Cultural ou demais participantes do projeto.

As inscrições e os textos devem ser dirigidos ao e-mail editor.revistamachado@gmail.com. Para o mesmo e-mail devem ser enviados pedidos de esclarecimento ou solução de dúvidas. O material para a seleção deve ser apenas enviado por e-mail (as liberações de direito autoral devem ser assinadas digitalizadas, assim como os formulários). Os textos que não forem selecionados para estes números não estão definitivamente excluídos e poderão participar de futuras seleções da revista.

Autores publicados nas edições anteriores da Machado de Assis Magazine

  1. Alberto Mussa
  2. Aluisio Azevedo
  3. André de Leones
  4. Andrea del Fuego
  5. Bernardo Carvalho
  6. Carola Saavedra
  7. Cristóvão Tezza
  8. Eucanaã Ferraz
  9. Flavia Lins e Silva
  10. João Anzanello Carrascoza
  11. João Paulo Cuenca
  12. Joca Reiners Terron
  13. Luisa Geisler
  14. Luiz Ruffato
  15. Machado de Assis
  16. Nilton Resende
  17. Paloma Vidal
  18. Ronaldo Correia de Brito
  19. Ronaldo Wrobel
  20. Rubens Figueiredo
  21. Silviano Santiago
  22. Adriana Lunardi
  23. Amilcar Bettega
  24. André Sant’anna
  25. Antonio Carlos Viana
  26. Antonio Xerxenesky
  27. Carol Bensimon
  28. Cíntia Moscovich
  29. Edival Lourenço
  30. Fernando Molica
  31. Flávio Carneiro
  32. Geraldo Carneiro
  33. Godofredo de Oliveira Neto
  34. Ivana Arruda Leite
  35. José Castello
  36. Julián Fuks
  37. Miguel Sanches Neto
  38. Rafael Gallo
  39. Rafael Sperling
  40. Ricardo Lísias
  41. Rodrigo Garcia Lopes
  42. Ana Maria Machado
  43. Carolina Moreyra
  44. Cecília Meireles
  45. Celso Sisto
  46. Gláucia de Souza
  47. Ivan Jaf
  48. Jorge Miguel Marinho
  49. Luís Dill
  50. Luiz Antonio Aguiar
  51. Marcos Bagno
  52. Nelson Cruz
  53. Nilma Lacerda
  54. Paulo Venturelli
  55. Reginaldo Prandi
  56. Ricardo Azevedo
  57. Roger Mello
  58. Rogério Andrade Barbosa
  59. Silvana Tavano
  60. Socorro Acioli
  61. Stella Maris Rezende
  62. Alessandro Garcia
  63. Ana Martins Marques
  64. Cláudia Lage
  65. Eliane Brum
  66. Elvira Vigna
  67. Ivone Benedetti
  68. Javier Arancibia Contreras
  69. José Luiz Passos
  70. Julio Ludemir
  71. Lourenço Mutarelli
  72. Luiz Eduardo Soares
  73. Marcelo Mirisola
  74. Maurício de Almeida
  75. Ronaldo Cagiano
  76. Sandra Reimão
  77. Santiago Nazarian
  78. Sérgio Rodrigues
  79. Wesley Peres
  80. Adriana Armony
  81. Carlito Azevedo
  82. Fernando Morais
  83. Lília Schwarcz
  84. Luís Vilela
  85. Marcelo Moutinho
  86. Marcílio França Castro
  87. Maria José Silveira
  88. Raphael Montes de Carvalho
  89. Tony Monti
  90. Vanessa Bárbara/Emilio Fraia
  91. André Timm
  92. Brisa Paim
  93. Érica Peçanha do Nascimento
  94. Luci Colin
  95. Uraniano Mota



NABIL BONDUKI: PRIMEIRA ENTREVISTA PREOCUPANTE?

O Estadão do dia 15 publica entrevista com o novo Secretário de Cultura do Município de S. Paulo, Nabil Bonduki, feita pelo jornalista Jotabê Medeiros.

Desde logo digo que votei no Nabil para vereador e tenho grande admiração por ele e sua militância nas questões urbanas.

Mas fiquei bem preocupado com essa primeira entrevista: o novo secretário não disse nenhuma palavra sobre bibliotecas, livro e leitura. Isso é sério.

O município de S. Paulo tem a maior rede de bibliotecas do país. Mesmo sem contar os CEUS, são quase cem unidades espalhadas por todos os bairros da cidade. A administração do Calil informatizou o acesso eletrônico aos acervos, e hoje pode-se consultar quais os títulos disponíveis nas bibliotecas, inclusive na circulante da Mário de Andrade

Nossa principal biblioteca, a Mário de Andrade, que é a segunda maior do Brasil e depositária de um acervo de obras raras importantíssimo, está estagnada. Faz eventos culturais – o que é bom – mas muito pouco relacionado com sua missão principal. A Revista da Biblioteca, por exemplo, deixou de ser publicada, e a renovação do acervo anda a passos de tartaruga.

No final do ano passado houve um evento, com convidados internacionais, para colher subsídios para o Plano Municipal do Livro e Leitura. O PMLL deve fazer parte do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura. Até hoje não se sabe dos resultados disso, e muito menos do estado de elaboração do PMLL e de sua articulação com o PNLL.

Talvez a ausência das bibliotecas, do livro e da leitura na entrevista do novo secretário possa ser debitada ao entrevistador. Jotabê Medeiros é conhecido por se interessar em música.

Vamos aguardar um pouco mais para ver o que o novo secretário tem a dizer sobre as bibliotecas, o livro e a leitura em nossa metrópole..

SÓ PARA LEMBRAR – 1

“Eu sou a mosca

Que pousou em sua sopa

Eu sou a mosca

Que pintou pra lhe abusar”

Raul Seixas

O retornado Juca Ferreira foi localizado na manhã do dia 31, pela reportagem do Estadão, tomando café na companhia da esposa e de Pablo Capilé, contumaz beneficiário das ações de JF no MinC.

Capilé, ao lado do retornado, meteu sua colher na história das críticas feitas por Marta Suplicy quando sua nomeação foi anunciada.

Capilé, sutil como nem sei o que, declara, ecoando o retornado ministro:

capile-juca

Declaração, digamos, pouco elegante, em um país que tenta fazer que as pessoas não esqueçam. Mas, ao lado de quem vaiou em público sua sucessora no MinC, chateado por não ter continuado em 2011, elegância não é virtude cultivada.

Mas, além de deselegante, equivocada, também. Apesar do retornado ter uma corte de seguidores fieis (e não se trata aqui de listar os acertos de sua administração, que os houve), dizer que a volta de JF ao MinC recoloca o ministério no rumo do futuro soa um tanto exagerado.

Principalmente para segmentos significativos de autores e editores (e não contamos as direções de algumas entidades que vivem preocupadas, simplesmente, em não se indispor com as “otoridades” com medo de perderem o acesso… que serve mais para assinar convênios que para defender interesses dos associados).

N 'O Globo
N ‘O Globo

Ou:

No Facebook
No Facebook

Da minha parte, apenas para recordar, um post aqui publicado em maio de 2012, a propósito de temas que lhe são caros: acesso grátis à Internet e direitos autorais.

Meu baú informático guarda algumas outras intervenções, que oportunamente irei colocando, já que recordar e não perder a memória é, sim, essencial para que possamos avançar.

almoço

Aqui o link para o post original.

E, como sou otimista, feliz 2015 para todos.

 

BIBLIOTECA NACIONAL E ITAÚ CULTURAL RETOMAM A PUBLICAÇÃO DA MACHADO DE ASSIS MAGAZINE

pn bn

A Machado de Assis Magazine,  a revista que publica excertos de traduções de autores brasileiros para divulgação no exterior, vai voltar a tempo dos textos estarem disponíveis para o Salon du Livre de Paris, que começa dia 20 de março próximo. Essa é uma boa notícia para a divulgação da literatura brasileira no exterior. E há novidades na nova versão da revista.

Como o Brasil será homenageado nessa edição do Salon du Livre, além de trechos de tradução em inglês e espanhol, o número da revista trará também traduções para o francês.

Autores, editores e agentes interessados em enviar trechos de traduções para o exame da Comissão Editorial a ser nomeada pela FBN podem preparar o material para enviá-lo logo que o edital seja publicado. A Fundação Biblioteca Nacional e o Itaú Cultural estão finalizando o Contrato para a retomada da publicação da Machado de Assis Magazine. A coedição, que será exclusivamente online, publicou cinco números, de 2012 até a Feira Internacional de Livros de Frankfurt, em 2013, e facilitou a venda de direitos autorais no exterior de vários autores brasileiros.

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Prêmio para literatura africana escrita em suaíli

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Já comentei várias vezes os problemas da tradução e difusão internacional da literatura brasileira, escrita em português. Nosso idioma, apesar de ter cerca de 220 milhões de falantes é, na verdade, insular. Oitenta por cento dos que falam português são brasileiros, depois os portugueses e, nos países africanos, apenas uma elite fala o idioma. O grosso da população desses países ainda fala línguas e dialetos locais.

Imaginem agora um idioma africano, falado em vários países do continente, mas com uma literatura escrita nova e pouco difundida fora da zona linguística. É o suaíli, também conhecido como suaíli ou kiswahili, falado em vários países do leste da África, entre os quais o Quênia, Tanzânia e Uganda.

Área linguística suaíli
Área linguística suaíli

 

 

É uma língua franca, que serve de meio de comunicação entre vários dialetos da família Banto. Todos esses países foram vítimas da colonização inglesa, e esse idioma ainda é o dominante nos negócios e entre as elites desses países.

Mas a literatura existe em suaíli, sim. E a notícia foi a instituição recente de um prêmio que reconhece a excelência do produzido nesse idioma, e encoraja a tradução dessas obras para outros idiomas. O prêmio foi instituído por uma associação entre a Universidade de Cornell, nos EUA, e a Mabati Rolling Mills, uma laminadora que tem fábricas nos três principais países onde se fala o suaíli.

Mas deixemos que o artigo escrito por Dennis Abrams e publicado na Publishing Perspectives  conte tudo.

premio africano

O PRÊMIO MABATI-CORNELL PARA LITERATURA AFRICANA
Por Dennis Abrams

Com a explosão continuada do interesse na literatura africanas (ou literaturas, para ser mais preciso), é excitante observar que foi anunciado em novembro, no Aké Art & Books Festival,  que acontece em Abeokuta, na Nigéria, o Mabati-Cornell Kishwahili Prize for African Literature. O prêmio reconhece a excelência de obras em línguas africanas e encoraja a tradução de, entre e para as línguas africanas.

O renomado autor (e perene candidato ao Nobel), Ngugi Wa Thiongo, membro do júri, disse que o prêmio Mabati-Cornell “é uma grande intervenção na luta para que se escreva nas línguas africanas, para o lugar e a visibilidade delas ao sol global da imaginação literária. Os prêmios geralmente têm sido usados para afogar a literatura africana nas várias línguas africanas na enchente eurofônica. Com o prêmio Mabati-Cornell os sonhos de Diop, A. C. Jordan, Obi Wali e outros se tornam bem vivo. Espero que esse prêmio se transforme em um convite para que outras línguas africanas façam a mesma coisa e muito mais”.

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COMO PREVISTO, AS “BONDADES” DA AMAZON VÃO ACABANDO

Bezos em recente entrevista na TV
Bezos em recente entrevista na TV

 

Em várias ocasiões ressaltei algumas características fundamentais da Amazon, tanto as positivas quanto as negativas. Entre as positivas destacam-se, sem sombra de dúvidas, o alto padrão de atendimento ao consumidor que a empresa implantou. Supera mesmo os padrões normais dos EUA, que já são uma maravilha diante do que experimentamos aqui pela Botocúndia. Em segundo lugar, o fato da Amazon ter praticamente criado o mercado de e-books. O formato do leitor com tecnologia e-ink já existia, capenga, nas mãos da Sony, que não conseguiu motivar os editores a converter seus catálogos para o livro eletrônico. As editoras técnico-científicas já desenvolviam há tempos modelos de publicações eletrônicas, embora a plataforma geralmente fosse os desktops. A Amazon mudou isso quase que da noite para o dia. E também teve um papel muito importante na aceleração dos processos de impressão sob demanda dos catálogos das editoras.

Mas também sempre assinalei que o que mais a interessava era conseguir informações sobre os hábitos de compra de seus clientes, e “enganchá-los” em um ecossistema de vendas e atendimento aperfeiçoado continuadamente. Dos livros, a Amazon foi acrescentando uma gama cada mais ampla de produtos, na busca de se tornar a “Loja de Tudo”, que sempre foi o projeto de Bezos. O corolário disso era a busca do domínio de segmentos cada vez mais amplos do mercado, eliminando concorrentes e se posicionando como a única fornecedora de “tudo”.

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LEITURA E POSTURA

Capturar

Alguns anos atrás, o professor Ítalo Moriconi, em uma mesa redonda no Itaú Cultural, lembrou que o aprendizado da leitura inclui também o aprendizado social da postura, ou das posturas de leitura. Ler é uma necessidade socialmente criada, não tem nada de “natural” nisso, e por isso mesmo temos que aprender. E, ao aprender a ler, imitamos determinadas posturas associadas a esse ato. Como segurar um livro, jornal ou revista, por exemplo. E que não é viável ler de cabeça para baixo (nem o livro, nem com o leitor de cabeça para baixo), já que isso entra no domínio das habilidades circenses.

posições de leitura 2
Uma postura nada aconselhável para a leitura

Quem já assistiu aulas de alfabetização de adultos – e falo especialmente desses belos esforços de ensinar pessoas já velhas a ler – percebe claramente a dificuldade que essas pessoas demonstram para segurar um livro, pegar em um lápis. Nós aprendemos essas posturas da mesma forma como aprendemos muitas outras regras sociais e normas de comportamento, desde a primeira infância.

Essa questão da postura, principalmente em acontecimentos públicos, assim como a distância física que deve ser mantida entre as pessoas é tema bem conhecido dos antropólogos, mas não vem ao caso aqui.

O caso aqui é que, há um ano e meio, um amigo do meu filho, que também conheço há muitos anos, chamou minha atenção, dizendo que eu estava andando e ficando parado de modo muito curvado. Ainda pensei em dizer que era o peso da idade, mas ele falava a sério. Pediu que eu fosse à clínica que tem com um amigo para uma avaliação da postura e do que poderia ser feito. Eles trabalhavam também com isso.

leitura desconfortável 1

Tratava-se do Alexandre Blass, que é professor de educação física, e seu amigo é o Marcelo Semiatzh. Os dois são especialistas em corrigir posturas e treinos específicos para atletas de alto rendimento. Eu não sou atleta, muito menos de alto rendimento, mas eles começavam, naquela época, a trabalhar com pequenos grupos de pessoas para desenvolver esse processo de correção de posturas e exercícios, que eles chamam de “Força Dinâmica”.

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Como tudo no mundo acaba em livro, os dois acabaram de lançar o deles, chamado precisamente “Força Dinâmica – Postura em Movimento”, no qual explicam o método e orientam os leitores. Um ponto alto do livro são seus capítulos introdutórios, que revelam uma cultura humanística e uma fluência de escrita que não são muito esperadas em treinadores de atletas.

 

O livro começa, por exemplo, com uma descrição semi fantasiosa, que mistura fatos e imaginação, do processo da descoberta da Lei da Gravidade, por Sir Isaac Newton e na qual Newton, ao despertar, examina seus chinelos e constata que um dos pés estava mais gasto que o outro. Bom, a historinha do Newton pode ser imaginada, mas Fernando Pessoa também notou o mesmo fenômeno nos seus chinelos, no “Livro do Desassossego”. Diz o poeta: “Passeava de um lado ao outro do quarto e sonhava ali coisas sem nexo nem possibilidades… Os meus chinelos velhos estavam rotos, principalmente o do pé esquerdo... eu fazia a avenida do meu quarto curto em passos largos e decididos, cumprindo com o devaneio inútil um sonho igual aos de toda gente”.

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A LEI DO PREÇO FIXO DO LIVRO – REFLEXÕES PARA O PORTAL CULTURA E MERCADO

Reproduzo o texto que escrevi para o site CulturaeMercado.

Capturar

Uma lei que estabeleça limites para os descontos dados pelas livrarias ao consumidor final permite, em primeiro lugar, que se estabeleça um patamar melhor de concorrência entre as grandes redes e as livrarias independentes.

preçoAs grandes redes podem dar mais descontos ao cliente final porque recebem, das editoras, maiores descontos, em troca do compromisso de fazer as promoções. As editoras concordam em dar maiores descontos para esses varejistas, obviamente, porque sua capilaridade e capacidade de vendas é maior que cada uma das pequenas e médias livrarias.

Entretanto, como as editoras têm seus limites de custo e rentabilidade, descontos maiores podem ser uma ilusão: são dados porque o preço de capa nominal é elevado para que isso aconteça.

Exemplo hipotético, de um livro com preço de capa nominal de R$ 100,00. Suponhamos que o custo da editora + direitos autorais + impostos + lucro seja de 40% do preço de capa. É o limite mínimo que a editora tem que receber. Suponhamos também que os custos do varejista, em média, sejam de 30% do efetivamente pago às editoras.

O grande varejista pode então dar um “desconto” de 25% sobre o preço de capa, vendendo o livro a R$ 75,00, com vantagens. Mas o pequeno livreiro, que recebe o livro com desconto de 45%, ou seja, tendo que pagar R$ 55,00 para a editora, não tem condições de fazer isso.
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DICAS DE EDIÇÃO DE TRADUÇÃO (EM INGLÊS)

O blog Publishing Persopectives publicou hoje artigo de   Theresa M. Paquette relatando uma mesa redonda sobre edição de traduções literárias, com a presença de uma tradutora do alemão para o inglês, Susan Bernofsky, e cinco editores de Nova York.

Eis o texto:

5 Tips for Editing Literary Works in Translation

GBO Translation Panel, from left to right: Ed Nawotka, Edwin Frank, Susan Bernofsky, Declan Spring and Stephen Twilley.

Three top US book editors and one translator share their top tips for working with literary translations.

By Theresa M. Paquette

On Tuesday night, the German Book Office in New York City hosted a panel entitled, “Editing Translations – Editing Susan,” which offered attendees advice on editing works in translation. It followed a day-long workshop in which German-English translator Susan Bernofsky worked with up-and-coming translators around a text by Jenny Erpenbeck, whose novel The End of Days (New Directions) Bernofsky had recently translated.

Moderated by Publishing Perspectives editor-in-chief Ed Nawotka, panelists included, in addition to Ms. Bernofsky: Declan Spring, vice president and senior editor at New Directions; Edwin Frank, editor of New York Review Books Classics; and Stephen Twilley, managing editor of Public Culture and Public Books — all three of whom have edited her work.

Here are the panelists’ top five tips for editing works in translation:

1. Listen to the Author

According to Bernofsky, the problem with translation is this: you must create something that has legibility in its own right, not necessarily “an exact representation of,” the text, but a credible version of the author’s text, voice, and — of perhaps most importance — tone. She gave a shout-out to Erpenbeck, sitting in the audience, and the two recalled the collaborative work between translator and author. When it is clear the translation cannot be an exact representation of the original, the input of the author is essential.

2. Don’t Edit Where You Don’t Need To

Stephen Twilley says that an editor must always ask him or herself, “Can the text justify this?” This means, besides listening to the author, one must “listen” to the text. What is the significance of a particular detail in the narrative, for example? What are the consequences of removing or altering it? If this is removed or altered, does the work lose something crucial?

3. Don’t De-Contextualize

The panelists cited multiple instances in which an author or translator insisted their story was universal – and therefore that translations should forego any cultural specificity. All seemed to agree, however, that with this approach something is lost. As Bernofsky said, “Characters, when they [become] more international, they [become] blander.” Stephen Twilley compared a de-contextualized work to “plastic food.”

4. Style > Syntax

Edwin Frank made the point – and all agreed – that translation occurs not at the level of syntax and semantics, but at that of style. “You can translate syntax and semantics and you don’t have a book;” what is important for a work of translation is not that it matches the original word-for-word, but that the author’s original narrative, with all its idiosyncrasies and subtleties, is kept intact.

5. Treat the Translator Like the Author

Edwin Frank urged attendees to keep in mind that a translation is “finally the translator’s work.” While the editor offers a fresh eye with which to view the text, it is not his or her project. And so, to quote Spring, “You can’t argue over every little stet.”

LEI DO PREÇO FIXO: DEBATE REVIGORADO

Na próxima segunda-feira estarei no Rio de Janeiro para assistir ao Seminário Internacional promovido pelo SNEL para debater a chamada Lei do Preço Fixo. E, na terça-feira, irei participar, na sede da CBL, em S. Paulo, de mesa redonda promovida pela ANL – Associação Nacional de Livrarias, sob o mesmo tema.

É uma discussão antiga e importante. Já na terça-feira exoporei minha posição a respeito do assunto.

Mas, para adiantar a conversa, reproduzo abaixo o post quer Galeno Amorim publicou hoje em seu blog.

Uma lei para o preço do livro

Galeno Amorim

Historicamente, a Associação Nacional de Livrarias é quem brigava, solitariamente, pelo tema. Logo que surgiu, a Libre, a Liga Brasileira de Editores, passou a encampar a briga e engrossou o caldo, sem medo de ser feliz. Nos últimos anos, a causa passou, após pesquisa interna entre os associados, a ter simpatia de quase toda a Câmara Brasileira do Livro.

Mesmo assim, pouco andou.

O Sindicato Nacional de Editores de Livros, o Snel, era peremptoriamente contrário, professando sua crença na cartilha liberal segundo a qual o mercado é quem melhor regula. A Abrelivros, que reúne as editoras escolares e boa parte da receita do setor, também sempre concordo com isso.

Mais recentemente, entretanto, e especificamente após a chegada da Amazon no mercado brasileiro, muitos editores filiados ao Snel passaram a compartilhar a ideia de que só a adoção de uma lei do preço fixo conseguirá equilibrar as coisas.

O mercado endoidecido fez, nos últimos anos, o preço do livro ser artificialmente inflado, chegando as empresas editorais a passar fazer uso, na hora de calcular os preços dos livros aos consumidores finais, de um multiplicador sobre as despesas de produção entre 7 e 8 (há 20 aos, não passava de 5).

Porque acontece isso?

É que, pressionadas pelas grandes redes, as editoras sobem o chamado preço de capa sugerido ao cliente além do que faziam, e só para atender às pressões dos grandões que exisgem descontos maiores para oferecer diferenciais de preço e, com isso, ter muito mais competividade do que seus pequenos e frágeis concorrentes.

Sendo assim, não é verdade que seus consumidores estejam se beneficiando com os grandes descontos repassados. Na verdade, são os consumidores das livrarias menores é que vêm sendo penalizados e sacrificados porque são obrigados a pagar preços irreais.

Simples assim.

Pena que, até aqui, nem governo nem mercado se propuserem a fazer as contas para, assim, defender os direitos dos pobres coitados dos leitores que compram livros. E evitar a morte precoce dos livreiros independentes (não confundir com problemas de gestão, falta de foco ou marketing inapropriado).

Por outro lado, enquanto essa questão permanecer no campo emotivo de defesa e ataque entre os contendores, dificilmente algo razoável terá chance de prosperar. Agora, com muito mais coisa em jogo a ser eventualmente perdida, pode ser a hora de mudar.

Mas não basta só uma para o preço do livro.