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COMO PREVISTO, AS “BONDADES” DA AMAZON VÃO ACABANDO

Bezos em recente entrevista na TV
Bezos em recente entrevista na TV

 

Em várias ocasiões ressaltei algumas características fundamentais da Amazon, tanto as positivas quanto as negativas. Entre as positivas destacam-se, sem sombra de dúvidas, o alto padrão de atendimento ao consumidor que a empresa implantou. Supera mesmo os padrões normais dos EUA, que já são uma maravilha diante do que experimentamos aqui pela Botocúndia. Em segundo lugar, o fato da Amazon ter praticamente criado o mercado de e-books. O formato do leitor com tecnologia e-ink já existia, capenga, nas mãos da Sony, que não conseguiu motivar os editores a converter seus catálogos para o livro eletrônico. As editoras técnico-científicas já desenvolviam há tempos modelos de publicações eletrônicas, embora a plataforma geralmente fosse os desktops. A Amazon mudou isso quase que da noite para o dia. E também teve um papel muito importante na aceleração dos processos de impressão sob demanda dos catálogos das editoras.

Mas também sempre assinalei que o que mais a interessava era conseguir informações sobre os hábitos de compra de seus clientes, e “enganchá-los” em um ecossistema de vendas e atendimento aperfeiçoado continuadamente. Dos livros, a Amazon foi acrescentando uma gama cada mais ampla de produtos, na busca de se tornar a “Loja de Tudo”, que sempre foi o projeto de Bezos. O corolário disso era a busca do domínio de segmentos cada vez mais amplos do mercado, eliminando concorrentes e se posicionando como a única fornecedora de “tudo”.

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Vargas Llosa e David Grossman em Guadalajara: a literatura e o mundo ao redor.

llosa e grossman em Guadalajara
Vargas Llosa não é santo da minha devoção. Admiro muitos de seus romances, mas na maioria das vezes detesto suas opiniões políticas. E, na literatura, ele é autor de algumas barbaridades, como o tratamento de desprezo que deu para a obra de seu conterrâneo José Maria Arguedas, que é um escritor muito mais importante e seminal que ele. Coisa de inveja e despeito.

Mas, sem maniqueísmos, devo reconhecer quando ele fala bem e diz coisa com coisa.

fil logotipo Llosa e David Grossman debateram juntos na abertura da Feira de Guadalajara. Segundo a matéria do Publishing Perspectives falaram coisas muito interessantes, com as quais concordo. Acho extremamente importante o posicionamento contra o que eu gosto de chamar de “literatura de olhar o próprio umbigo”. Infelizmente, anda muito na moda falar do seu euzinho sem olhar o mundo ao redor. Esteticismo e politicamente correto são coisas que andam me aporrinhando cada vez mais. Passo.

David Grossman, na Feira de Guadalajara: “Os Palestinos têm o direito natural de ter um estado e uma sociedade, uma pátria, e gostaria que tivessem uma vida normal sem o peso da ocupação. Não posso tolerar o pensamento de que Israel intervém em suas vidas, e isso lança uma sombra. A paz é essencial para a futura sobrevivência de Israel. E neste momento não temos confiança em um futuro.”

Vargas Llosa: “A literatura não é simplesmente uma busca gratuita. As apalavras deixam uma marca e provocam mudança, e portanto o escritor tem uma grande responsabilidade, não apenas de criar uma bela obra de arte, mas também de influenciar a realidade. Qualquer jovem latino-americana dos anos 1950 teria pensado qual a razão de se importar em escrever, com tanta pobreza e analfabetismo, mas também escrevemos ara os analfabetos, na esperança que, ao fazer isso, possamos influenciar uma mudança na sociedade.”

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Ainda no Publishing Perspectives, uma longa lista de comentários sobre a presença de Jeff Bezos em um programa de entrevistas no qual exibiu um filmete com um futuro drone de entregas da Amazon. Gozações e preocupações. E assinalam o desprezo total do Bezos para com as livrarias independentes: “Queixar-se não é estratégia”. Como quem diz, vão se catar, loosers!

A tradução é parte integral da vida literária na Índia, diz o artigo de Dennis Abrams sobre a importância dos livros traduzidos na construção de uma identidade literária em um país com dúzias de idiomas e dialetos.
Não apenas na Índia, digo eu. A tradução é o que garante a existência de uma República Mundial das Letras.