Na próxima segunda-feira estarei no Rio de Janeiro para assistir ao Seminário Internacional promovido pelo SNEL para debater a chamada Lei do Preço Fixo. E, na terça-feira, irei participar, na sede da CBL, em S. Paulo, de mesa redonda promovida pela ANL – Associação Nacional de Livrarias, sob o mesmo tema.
É uma discussão antiga e importante. Já na terça-feira exoporei minha posição a respeito do assunto.
Mas, para adiantar a conversa, reproduzo abaixo o post quer Galeno Amorim publicou hoje em seu blog.
Uma lei para o preço do livro
Galeno Amorim
Historicamente, a Associação Nacional de Livrarias é quem brigava, solitariamente, pelo tema. Logo que surgiu, a Libre, a Liga Brasileira de Editores, passou a encampar a briga e engrossou o caldo, sem medo de ser feliz. Nos últimos anos, a causa passou, após pesquisa interna entre os associados, a ter simpatia de quase toda a Câmara Brasileira do Livro.
Mesmo assim, pouco andou.
O Sindicato Nacional de Editores de Livros, o Snel, era peremptoriamente contrário, professando sua crença na cartilha liberal segundo a qual o mercado é quem melhor regula. A Abrelivros, que reúne as editoras escolares e boa parte da receita do setor, também sempre concordo com isso.
Mais recentemente, entretanto, e especificamente após a chegada da Amazon no mercado brasileiro, muitos editores filiados ao Snel passaram a compartilhar a ideia de que só a adoção de uma lei do preço fixo conseguirá equilibrar as coisas.
O mercado endoidecido fez, nos últimos anos, o preço do livro ser artificialmente inflado, chegando as empresas editorais a passar fazer uso, na hora de calcular os preços dos livros aos consumidores finais, de um multiplicador sobre as despesas de produção entre 7 e 8 (há 20 aos, não passava de 5).
Porque acontece isso?
É que, pressionadas pelas grandes redes, as editoras sobem o chamado preço de capa sugerido ao cliente além do que faziam, e só para atender às pressões dos grandões que exisgem descontos maiores para oferecer diferenciais de preço e, com isso, ter muito mais competividade do que seus pequenos e frágeis concorrentes.
Sendo assim, não é verdade que seus consumidores estejam se beneficiando com os grandes descontos repassados. Na verdade, são os consumidores das livrarias menores é que vêm sendo penalizados e sacrificados porque são obrigados a pagar preços irreais.
Simples assim.
Pena que, até aqui, nem governo nem mercado se propuserem a fazer as contas para, assim, defender os direitos dos pobres coitados dos leitores que compram livros. E evitar a morte precoce dos livreiros independentes (não confundir com problemas de gestão, falta de foco ou marketing inapropriado).
Por outro lado, enquanto essa questão permanecer no campo emotivo de defesa e ataque entre os contendores, dificilmente algo razoável terá chance de prosperar. Agora, com muito mais coisa em jogo a ser eventualmente perdida, pode ser a hora de mudar.
Mas não basta só uma para o preço do livro.