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NORMAS E METADADOS – PANORAMA

No dia 16 passado, aqui no PublishNews, Eduardo Cunha (o da BookPartners, não o outro), publicou um excelente post, Mudar as atitudes, estabelecer padrões: um bem para toda a cadeia livreira no qual abordava, com a perspectiva de distribuidor, alguns temas que venho tratando em várias ocasiões por aqui.

O ponto mais importante para mim, é que foi a primeira vez, em minha memória, que alguém diretamente envolvido na cadeia produtiva do livro trata do assunto, mostrando a urgência do estabelecimento de padrões e o aperfeiçoamento dos metadados usados pela indústria editorial e livreira do nosso país.

O post do Eduardo motivou algumas reflexões que gostaria de compartilhar com vocês.

O que primeiro chamou minha atenção foi a constatação de que “infelizmente não vejo nenhum esforço das nossas entidades de classes em criar padrões melhores para indústria”.

De fato, para criar padrões, é preciso haver alguma instituição normativa para isso, que consolide exigências de vários tipos, de modo a que sistematicamente possam ser aplicados em toda a cadeia de produção e venda de livros. As entidades do livro passam ao largo disso.

Exigem exigências de ordem fiscal – e ele chama atenção para vários problemas decorrentes da nossa estrutura tributária – de produção e de comercialização a serem obedecidas.

Muitas dessas normas (que são metadados), já estão codificados e existentes. As regras fiscais, por exemplo, são estabelecidas pela legislação e pelas normas da Receita Federal. Infelizmente, porém, nem todas as editoras seguem as normas. E ficam vulneráveis à eventual fiscalização. O Eduardo Cunha dá o exemplo do manejo das consignações.

E cita várias questões de produção e de identificação dos livros. Um exemplo hilário é o da “liberdade” que capistas tomam (com a conivência, e aplauso, dos editores), de colocar fundos por baixo da identificação do ISBN, dificultando a leitura do código de barras. E outros exemplos que tais.

Bom, a questão começa pelo seguinte: muitos dos padrões existem. Só que são completamente ignorados pelos editores e pelos capistas, diagramadores e outros envolvidos na produção desse objeto físico ou virtual que é o livro.

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“THEMA” A Nova Ferramenta de Metadados

Capturar

Os leitores de “O Nome da Rosa”, do Umberto Eco, podem lembrar que os crimes no mosteiro acontecem, no final das contas, em torno de um assunto aparentemente prosaico: a classificação a ser dada ao suposto manuscrito de Aristóteles achado na biblioteca do convento. O suposto tratado sobre o riso seria obra filosófica (no sentido dado à palavra pela escolástica), ou um texto demoníaco que negava o cristianismo? Dessa classificação dependeria o acesso ao manuscrito ou sua condenação ao “inferno” dos livros proibidos. Da disputa, surge a razão dos assassinatos.

Por isso é que às vezes eu brinco, conversando com bibliotecários, que eles são capazes de assassinar em disputas sobre a classificação. O estruturado sistema decimal usado nas bibliotecas abre espaços para esse tipo de disputas (felizmente, rara vez resultando em assassinatos, mas muitas vezes em disputas acerbas entre os bibliotecários).

O sistema decima serve muito bem aos sistemas de bibliotecas. Mas, para a indústria editorial e para o comércio de livros resulta demasiadamente complicado. O assunto foi progressivamente sendo enfrentado pela indústria. Primeiro veio o ISBN, um identificador unívoco de cada título e edição, Mas, se não se sabe qual o ISBN, as buscas devem utilizar algum outro metadado. Os mais comuns, certamente, são o título e o nome do autor. Durante várias décadas isso funcionou bem para o mercado e foi incorporado nos sistemas de bibliotecas. Mecanismos com o protocolo Z.39.5 permitem que os computadores de diferentes bibliotecas “conversem” entre si a partir de fragmentos como esses, e importem/exportem dados de classificação cooperativa (nossa BN, infelizmente, não abre esse mecanismo. O sistema de bibliotecas das universidades paulistas abre, em parte).
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