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Como a Coréia promove seus autores no exterior

As estratégias de promoção das literaturas nacionais no exterior são muito variadas. Um ponto em comum é a existência de programas de apoio à tradução.

O artigo do Publishing Perspectives aqui linkado exemplifica o esforço do governo coreano nesse sentido. Ficamos sabendo que o Instituto de Tradução de Literatura envia autores para participar de eventos literários no exterior, em busca de desenvolver intercâmbio com outros autores e também auxiliar os tradutores. O ITL mantem cursos para tradutores estrangeiros, com oficinas e programas para visitantes não coreanos que se propõem a traduzir para cinco idiomas: inglês, francês, alemão, espanhol e russo.

O programa coreano incluiu bolsas para a publicação, além da tradução, inclusive de livros eletrônicos. Os valores são determinados segundo o gênero, o idioma alvo e as dificuldades do texto original.

Destaque-se que a Coreia do Sul também tem músicos conhecidos internacionalmente, como o fenômeno Psy. Em S. Paulo, a colônia coreana é muito ativa na promoção de atividades culturais, mas essas são destinadas principalmente para os membros da comunidade coreana. As séries televisivas coreanas têm um público de admiradores fieis, que legendam para o inglês e daí ao português, de modo que o download pode ser feito poucos dias depois que cada capítulo vai ao ar.

A indústria editorial coreana também é muito forte. Segundo li em estatísticas já há alguns anos, naquele país se produz mais livros que no Brasil, apesar da população muito menor, e os índices de leitura são muito altos. Resultado, certamente, dos altos investimentos em educação.

Vale a pena ler o artigo e visitar o site do Instituto.

FRANKFURT 2012 – PRÉ-ESTREIA DE 2013?


A participação do Brasil na Feira de Livros de Frankfurt este ano serviu como uma pré-estreia para o ano que vem, quando o país será o Convidado de Honra da Feira, pela segunda vez. É importante avaliar alguns aspectos dessa participação, no sentido de contribuir para o sucesso do ano que vem.

É bom destacar, entretanto, que a presença da Nova Zelândia este ano foi fraca. O Pavilhão Central, onde os neozelandeses montaram sua principal apresentação, não deixou de ter um lado poético. Bem escuro, como se no meio de um oceano surgisse uma ilha, com uma lua cheia a brilhar no céu. A ideia central era a de mostrar o que faziam enquanto o resto do mundo – ou seja, as Américas e a Europa – dormia. A cada meia hora uma performance, com um ator surgindo no meio do “oceano”, recitando versos em maori e depois circulando pela “ilha”, que vai mostrando filmagens da própria performance e de paisagens do país. Isso, juntamente com os discursos pífios dos escritores que representaram o país, Bill Manhire e Joy Cowley, deram um tom de autocondescendência para a presença dos neozelandeses. Os discursos tentavam ser bem humoradamente depreciativos: somos um país pequeno, etc., etc. com frases em maori de vez em quando enfiadas no meio – e os textos do convite para a cerimônia não estavam em inglês, e sim em maori. Na verdade, o discurso mais impactante e que deu notícias na imprensa no dia seguinte foi o do Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, reafirmando a predominância do seu país na União Europeia. Bem significativamente arrogante…

Bom, há um lado comovente no tributo às tradições dos povos que foram conquistados pelos imigrantes ingleses e quase exterminados. Mas, vamos convir, exceto os maoris, e uma minoria deles, são poucos os falantes do idioma. Mas, enfim, saudemos o respeito pela população minoritária e quase dizimada. Isso é importante.

O tom dos discursos na abertura, no entanto, é um alerta ao Brasil. Em 1994, um dos aspectos criticados pelos alemães acerca de nossa participação, foi o discurso de Josué Montello. Montello foi escolhido para evitar maiores disputas, pois era presidente da ABL na ocasião. Foi um erro. O romancista maranhense fez uma xaropada louvaminhas da sua admiração por Goethe. Isso é algo que não interessa absolutamente nem aos alemães nem ao público internacional presente na Feira.
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Como o jornalista Jotabê Medeiros não colocou corretamente o link para seu blog no comentário ao meu post de ontem sobre sua matéria a propósito do programa de tradução da BN, transcrevo sua lição de jornalismo aqui, poupando aos meus poucos leitores o trabalho de descobrir onde ele faz suas publicações “do B”. No final, meus comentários.

De tempos em tempos, me acostumei a ver um personagem sair das sombras para pedir “controle de qualidade” na minha atuação como repórter.
Geralmente, é o próprio protagonista da reportagem que pede intervenção no ato jornalístico.
Tempos atrás, devido a uma reportagem sobre uma espécie de “salário-aposentadoria” que inventavam somente para ele, um ex-chefão de uma conhecida rede de TV pública pediu minha interdição ao jornal para o qual trabalho. Não conseguindo, mandou colocar meu nome numa lista negra (sei disso porque os produtores dos programas me contaram).

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