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FUNDO DE CATÁLOGO: A MINA A SER EXPLORADA

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O chamado “fundo de catálogo” – os livros que vão sendo editados no decorrer dos anos e continuam com contratos válidos – pode ser uma benção ou uma maldição para as editoras. Para certo tipo de editoras que desenvolvem seu catálogo pensando em títulos de vida longa, são muitas vezes a principal fonte de rendimentos. As bíblias, por exemplo, fazem esse papel nas editoras religiosas cristãs. Certo tipo de manuais e publicações técnicas de caráter universitário constituem a espinha dorsal de muitas editoras.

Para outras, entretanto, o fundo de catálogo pode se transformar em uma verdadeira ameaça à sua sobrevivência. Quando a editora erra o cálculo e imprime uma quantidade muito grande de exemplares, o que poderia ser a bonança de um best-seller se transforma em encalhes e o bicho realmente pega.

Mesmo sem caracterizar como encalhe, o fundo de catálogo é sempre um fator a ser administrado com muito cuidado pelas editoras. Isso porque os processos de impressão tradicionais – ainda muito usados no Brasil, seja com máquinas planas ou com rotativas – acabam sempre por resultar em uma sobra depois que a “vida de prateleira” do título se esgota. Essa vida de prateleira é o período logo após os lançamentos, quando os títulos (principalmente das editoras de obras gerais) ainda encontram espaço nas livrarias. Se calham de se transformar em best-seller, o problema se resume em administrar corretamente as reimpressões. Inclusive a decisão de reimprimir ou não, caso a tiragem se esgote.
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Comunidades de leitores ligadas a editoras estão explodindo

Jane Tappuni Jane Tappuni, PublishingPerspectives

Mês passado, a Publishing Technology encomendou um estudo baseado nas tendências que notamos crescer entre editores acadêmicos e de livros gerais. Anteriormente, as ações de marketing estavam focadas principalmente nas bibliotecas e livrarias, fazendo delas divulgadores de revistas acadêmicas e livros. Mas diante do declínio de compras de bibliotecas e o fechamento de livrarias nos últimos anos, editores passaram a devotar parcelas maiores de seus orçamentos de marketing para construir um relacionamento direto com seus clientes. A criação de comunidades online vem sendo central nesse esforço.

Com a recente venda do site de networking social de livros GoodReads para a Amazon, pela quantia divulgada de US$ 150 milhões, está claro que uma comunidade online em torno de livros e narrativas é uma mercadoria valiosa que pode ajudar os editores a reagir melhor aos interesses dos leitores. Mas vale a pena para os editores investir na criação de suas próprias comunidades online de marca? Os editores acham que sim. Segundo nosso estudo, feito pela Bowker Market Research, o número de comunidades online de propriedade de editoras deve mais que dobrar nos próximos dois anos. O estudo, focado nos editores dos EUA e do Reino Unido, tanto dos segmentos de mercado de obras gerais e livros acadêmicos, revelou que dois terços dos editores que responderam ao questionário atualmente hospedam comunidades de leitores, e que esse número deve aumentar em 90% nos próximos dois anos.

Algumas das comunidades online mais populares estão focadas em um gênero em particular, ou algum interesse que atrai uma audiência selecionada – a editora de história militar Osprey Publishing usa as abundantes opiniões de seus leitores para definir prioridades na encomenda de novos textos de história militar; a editora de livros românticos Mills & Boon apresenta discussões de destaques que encorajam seus leitores a compartilhar histórias, conselhos e questões sobre amor e vida; Pottermore dá vida às histórias de fundo dos personagens e aspectos do mundo de Harry Potter, que não foram apresentados nem nos livros nem nos filmes.

Dos editores que já têm comunidades online, 64% estavam convencidos de que seu investimento nesse mercado já se pagava, e continuarão a fazer isso ao proporcionar um bom suporte de marketing para os canais de venda. Com esse sucesso, um quarto dos editores esperam ter sete ou mais redes de pé e funcionando em 2015, com muitos outros participantes da pesquisa predizendo um enorme crescimento no número de comunidades online para suas empresas, desde a média atual de 2,1 para mais de 5 nos próximos dois anos.

Apesar de ser um estudo focado nos editores dos EUA e do Reino Unido, a tendência é internacional. O Cloudary, da China, (nome reformulado da Shanda Literature, parte do Shanda Interactive, uma empresa de jogos online) foi lançado em 2008, e cresceu virando uma vibrante comunidade tanto de leitores como de escritores. Qualquer um pode subir suas histórias e usar o site como uma plataforma para construir uma base de fãs, ou escritores de sucesso podem testar uma história com os leitores. O site alega ter 800.000 escritores. O Shanda Network opera através de três portais conhecidos e controla mais de 90% do mercado chinês de leitura online, com a maior parte do conteúdo se situando entre ficção científica e gêneros de fantasia. E é tão popular que está se preparando para lançar ações públicas.

O que nosso estudo revelou é que o apoio dos editores para as comunidades online, tanto as suas como as outras, está agora na linha de frente de sua transformação em organizações diante dos consumidores, e os consumidores estão ávidos por participar disso.

Jane Tappuni é Vice-Presidente Executiva, Desenvolvimento de Negócios, da Publishing Technology. Para mais informações sobre o estudo das comunidades online, visite.

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Amanhã, em novo post, comentários sobre esse assunto.

Queixas dos editores contra a Amazon se expandem

Publicamos o artigo da Publishing Perpectives do dia 17 de abril, sobre debate acontecido na London Book Fair.

Roger Tagholm e Edward Nawotka

Editores internacionais e livreiros presentes na Feira do Livro de Londres deste ano estão vocalizando cada vez mais suas dificuldades em trabalhar com a Amazon.com. Em privado, editores levantaram preocupação com as exigências da Amazon, a venda que a empresa faz de edições para as quais não possui direitos territoriais de venda, e a compra de exemplares de atacadistas.

Falando off record, como se tornou norma quando a Amazon está envolvida, uma figura importante disse: “Todo mundo fala que se está chegando a uma situação horrível sobre os termos de negócio, e acho que existe uma preocupação crescente no que diz respeito a dados e à oferta que fazem de múltiplas edições, frequentemente desconsiderando a territorialidade.”

“É possível que haja algum problema com os campos de dados, mas circulam também teorias conspiratórias. Tentar consertar isso é vagaroso e difícil. Também estamos descobrimos que, quando se trata de seus próprios livros, muitas vezes eles não estão comprando de você. Procuram um atacadista em outro território – Ingram, por exemplo, ou alguém na Índia – onde o livro pode ser mais barato. Isso pode ser prejudicial aos autores, porque significa que recebem direitos autorais sobre livros exportados, mais baixos que os do mercado interno.”

Os boatos sobre a Amazon fazer “importações cinzentas” nos mercados em inglês e espanhol não são incomuns.
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