Uma das notícias da semana passada foi a de que os herdeiros (há outro além de d. Pilar?) dispensaram a agência Literária Mertin
de administrar os direitos autorais do falecido, transferindo-os para a agência de Andrew Wilye. Wylie é um agente poderoso, briga com muita gente – inclusive com a Amazon – e é conhecido, entre outros epítetos, como “Chacal”. Razão: costuma roubar clientes de outras agências sem dó nem piedade. Wylie costuma enfrentar inimigos poderosos. Definitivamente não gosta da Amazon e tentou lançar uma editora de e-books com os títulos de seus autores para ficar fora da varejista. Não deu certo.
É poeta (pelo menos publicou uma coletânea de poesias, e filho de um antigo editor-chefe da Houghton-Mifflin. Quem já visitou seu escritório em Nova York diz que parece mais o saguão do departamento de letras de uma universidade que um escritório comercial. E Wylie se gaba de ser um agente dedicado à qualidade literária, embora quem entre no site da agência possa se perguntar se isso de aplica ao Rei Abdulah II, da Jordânia (cuja única obra conhecida é um ensaio intitulado “Our Best Last Chance – The Pursuit of Peace in a Time of Peril). O rei está acompanhado de mais um bom bocado de políticos e homens de negócio (Al Gore, Bill Gates, Kissinger, etc). E, sem dúvida alguma, de uma seleção estelar de escritores vivos e mortos. Alas, diriam os franceses.
Ano passado Wylie conseguiu uma associação com a mais conhecida agente literária do mundo hispânico, Carmen Balcells, a grande responsável pelo estouro da literatura latino-americana em espanhol na década de 60. A associação Wylie-Carmen Balcells prevê a incorporação total da segunda pela primeira. Carmen Balcells já demonstrou, em várias ocasiões, um certo cansaço e vontade de se retirar. Seu plantel de autores é uma aquisição de estrelas latinoamericanas e espanholas por atacado, e abre longas avenidas para o crescimento de Wylie.
E agora, Saramago.