Depois de mais de dez anos de ausência, este ano voltei à Feira do Livro de Frankfurt. Ontem, terça feira, foi a abertura oficial, com a apresentação da Nova Zelandia como convidado de honra deste ano.
Na análise que fez da presença do Brasil em 1994, Peter Weidhaas, então diretor da feira, mencionou como um dos problemas dessa apresentação do Brasil foi o discurso de abertura, feiro na época por Josué Montello, que era presidente da ABL. Montello divagou sobre seu amor pela Alemanha e por Goethe, citando uma senhora que, emocionada, havia lhe dado uma estatueta do poeta alemão que herdara de seu marido, colecionador das obras de Goethe. E foi por aí.
Weidhaas dizia que, para os alemães, isso nao interessava nada. Eles esperavam um autor que falasse sobre os problemas universais, a perspectiva do país e de como promover a literatura,etc. A falta de impacto do discurso do Montello prejudicou em muito a presença do Brasil.
Eis que os neozelandeses fazem discursos centrados em duas coisas: como gostavam de Goethe e como a Nova Zelandia é pequena, etc. etc. Parecia coisa se menino que fez alguma travessura e já vai pedindo desculpas.
Decepcionante.
O pavilhão com a exposição central da Nova Zelandia partiu de uma coisa parecida: olhem, estamos do outro lado do mundo, enquanto vocês dormem nós estamos acordados… Um pavilhão escuro, com água em redor de uma ilha obvia, iluminada de longe, com belas fotografias de paisagens (foi outro ponto assinalado nos discursos, o de quão bonito o pais é).
Enfim, considero que essa cerimonia de abertura foi exemplo de como o Brasil nao deve fazer ano que vem.