Em 2004, como Consultor do CERLALC – Centro Regional do Livro para América Latina e Caribe, participei do planejamento do Ano Ibero-Americano da Leitura, que aconteceu no ano seguinte. Os países de língua espanhola haviam adotado uma sigla que absolutamente não funcionava em português, e entre os que trabalhavam no assunto (não fui eu o pai da ideia, mas não lembro exatamente quem foi) surgiu o nome VivaLeitura. Assim, as duas palavras emendadas e com essa letra maiúscula no meio.
Desse ano do VivaLeitura surgiram várias ideias que posteriormente foram implementadas pelo Galeno Amorim, na ápoca coordenador do assunto e hoje Presidente da Fundação Biblioteca Nacional. A meta de liquidar o déficit de municípios sem bibliotecas públicas no país (os poucos que ainda não têm estão assim pela recusa de prefeitos em assinar o convênio com a FBN – deviam ir para o pelourinho), o Plano Nacional do Livro e Leitura e o Prêmio VivaLeitura foram algumas delas.
A ideia do Prêmio VivaLeitura é mapear e cadastrar iniciativas de qualquer cidadão ou instituição que desenvolva projetos de incentivo à leitura de modo inovador e criativo. Programas oficiais não concorrem ao prêmio. Este se destina a incentivar os programas de mediação e apoio ao desenvolvimento do hábito da leitura em escolas, bibliotecas, organizações não governamentais ou pessoas físicas.
Desde seu início o Prêmio VivaLeitura foi apoiado pela Organização dos Estados Ibero-
Americanos (OEI) e patocinado pela Fundação Santillana. Conta também com o apoio do CONSED – Conselho Nacional dos Secretários de Educação, e da UNDIME – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, além do MEC e do MinC.
O Prêmio VivaLeitura já cadastrou milhares de projetos desenvolvidos em todos os estados do país, que já serviram de inspiração para que outras ações se desenvolvessem. É uma iniciativa que se poliniza pelo exemplo. Os projetos podem ser consultados no site, onde também podem ser feitas inscrições de projeto para o prêmio de 2012, com prazo até o dia 29 de setembro.
Ao contrário de outras iniciativas que financiam projetos em andamento, o Prêmio VivaLeitura busca reconhecer a qualidade e a inventividade do que foi desenvolvido pelos mais diferentes tipos de pessoas e instituições, escolas públicas e privadas, ONGs, universidades. Dessa maneira confirma em grande escala duas grandes verdades sobre os brasileiros: criatividade e solidariedade.
Este ano, em sua sétima edição, o Prêmio VivaLeitura abre as inscrições com algumas novidades. A principal é o aumento do valor do prêmio. A Fundação Biblioteca Nacional reservou R$ 540.000,00 para os prêmios deste ano, com trinta mil reais para os seis vencedores de cada cada categoria. Além disso, foi instituída a Menção Honrosa “José Mindlin”, que entregará diplomas e medalhas aos indicados no processo de avaliação. O prêmio continua apoiado pela Fundação Santillana e também pela Fundação Banco do Brasil.
A edição deste ano está dividida em três categorias. “Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias”, que abrigará projetos desenvolvidos em bibliotecas de acesso público sem ligação com instituições de ensino. Trabalhos desenvolvidos dentro das escolas, por professores, diretores, coordenadores e bibliotecários escolares se enquadram na categoria “Escolas públicas e privadas”. Finalmente, ações desenvolvidas por universidades, ONGs, pessoas físicas e instituições sociais serão avaliadas na categoria “Sociedade”.
De cada uma dessas categorias serão selecionados dezoito projetos, dos quais serão escolhidos seis vencedores, que receberão os prêmios em dinheiro.
Ano passado o Prêmio VivaLeitura recebeu a inscrição de 1.865 projetos, vindo de todo o país. Os três vencedores foram o “Biblioteca do Arsenal da Esperança”, em S. Paulo; a ”Biblioteca Itinerante nas Comunidades Pomeranas de Snta Maria de Jetibá”, no Espírito Santo; e o terceiro foi “A Volta ao Mundo em mil e uma histórias”, de Vitória, também no Espírito Santo.
O Prêmio VivaLeitura é uma dessas iniciativas que, pelos seus resultados, mostra que podemos superar essa trágica situação de baixos índices de leitura e de enorme analfabetismo funcional que aflige a todos preocupados com a educação e a cultura no país. O Prêmio VivaLeitura mostra que as dimensões continentais do Brasil ao mesmo tempo que impedem a eficácia de projetos centralizados, mostra também que a criatividade e as ações locais são decisivas para superar essa situação.