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Laura passou no vestibular para a UnB.

PM e Exército Invadem a UnB em 1968
PM e Exército Invadem a UnB em 1968

Este blog é sobre o mercado editorial.

Mas hoje, no primeiro post do ano, trago a notícia de que minha neta, Laura Fraiz-Grijalba Lindoso, passou no vestibular para a Faculdade de Artes da UnB. Universidade que faz parte também da minha história.

Eu e Maria José estudamos lá e lá nos conhecemos. Ainda estudantes, já trabalhávamos como jornalistas, ela na sucursal do JB, sob a batuta do Castellinho, e eu na sucursal do Estadão, dirigida então pelo Evandro Carlos de Andrade. Ela se formou em comunicação e eu tive a honra de estar na primeira leva de alunos expulsos das universidades federais pelo famigerado decreto 477 – outro que vai na conta dos “escrúpulos ao lixo” do Jarbas Passarinho.

Estávamos na UnB em um período em que, embora já abalada pelas intervenções da ditadura, a universidade ainda refletia muito do espírito do Darcy Ribeiro. Em 68 estávamos lá, nesse que foi o período mais criativo e ativo da história moderna brasileira. Participamos da efervescência do movimento estudantil – a porrada do cassetete da PM na invasão do campus em 68 ainda dói até hoje. E nos divertimos, namoramos, cantamos e vivemos com muita intensidade.

O ambiente daquela Brasília e daquela UnB estão retratados de forma emocionante no primeiro capítulo de “O Fantasma de Luís Buñuel”, da Maria José.

Da nova geração, a Galiana foi a primeira a passar por lá, fazendo o mestrado em ecologia (e como ficamos orgulhosos com sua aprovação com louvor). Depois meus sobrinhos Alex(que estudou filosofia, mas eu nem sei que filosofia ensinam hoje na UnB) e Maria Cris, que agita o Centro Acadêmico de Direito, aporrinhando os sabichões que ostentam o títulos de professores da UnB e não aparecem para dar aulas ou chegam sistematicamente atrasados. Na boa tradição dos tios. Outros sobrinhos também passaram por lá: Ana Amélia na psicologia, e Serginho experimentou fazer economia (como o pai) e desistiu. Acabou fazendo direito.

Agora a Laura. Quarenta e tantos anos depois daquela época maravilhosa, depois da nossa militância, da prisão, do exílio e da volta e da vida.

Espero que ela encontre a participe da retomada da UnB como um foco de diálogo, de pensamento crítico e criativo.
E viva seu período na UnB tão bem quanto nós vivemos.