Mercado editorial, centros de pesquisa, espaço na imprensa, feiras e festas literárias, leis de incentivo cultural, o papel do escritor e suas relações na sociedade. As relações no âmbito do sistema da literatura brasileira passam por significativas transformações, principalmente desde o final dos anos 1980. O Plano Cruzado, de 1986, com o congelamento dos preços, teve como resultado, naquele ano, um significativo aumento do número de livros vendidos, e pode-se dizer que deslanchou um novo momento para autores, leitores e nossa literatura.
De lá para cá – com altos e baixos – vemos um aumento continuado na produção e vendas de livros, e do número de autores de literatura brasileira lançados. E, se até aquela época, eram raríssimos os autores que viviam exclusivamente do seu labor literário, esse número aumentou muito significativamente nos últimos anos, ainda que não necessariamente através da forma exclusiva de ganhos com direitos autorais.
O “labor literário” hoje inclui o cachê pela participação em feiras e festivais de literaturas, oficinas de criação literária, participação em programas governamentais de circulação de autores, já existentes em vários estados, com a contratação de autores para a elaboração de roteiros, tanto de cinema quanto de televisão, curadorias literárias e consultoria para editoras. Esse panorama dá uma nova feição à vida literária e, principalmente, transforma a relação dos autores com seus leitores. A “vida literária” se profissionaliza para além do trabalho solitário da escritura. Não basta escrever, tem de saber dar entrevistas, falar para auditórios em encontros com escritores, ler suas obras em público ou para a TV etc.
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