A Publisher’s Weekly noticiou ontem as informações gerais sobre o desempenho do mercado editorial nos EUA. Conforme o interesse de quem reproduziu a notícia por aqui, variou a ênfase sobre os diferentes pontos da notícia.
Da minha parte, assinalo em primeiro lugar o seguinte: a manchete anunciava uma queda de 2,5% em 2011. Mas, queda do quê? Do faturamento.
No entanto, ainda no primeiro parágrafo, é anunciado um aumento do número de exemplares vendidos, de 3,4%, “com a discrepância devido a vendas mais elevadas de e-books de preço baixo”.
Uma diferença fundamental no modo de divulgar os dados de produção editorial aqui e lá. Aqui, mais uma vez, deu-se ênfase no mito embromatório do “preço médio”, em queda quase vertiginosa. Lá, simplesmente se assinala que houve aumento dos exemplares vendidos e se indica simplesmente a razão da queda no faturamento: e-books mais baratos.
Nada de “preço médio” e embromações semelhantes.
Já escrevi sobre essa falácia do preço médio e não voltarei mais ao assunto. Quem quiser saber do meu raciocínio pode ler o post “Preço médio “ dos livros: uma ficção aritmética.
Mas, voltando aos EUA e à notícia da PW.
A revista assinala que o ponto mais importante a ser destacado foi o incremento da venda de e-books. No segmento de livros gerais, “trade” no linguajar de lá, as vendas de e-books aumentaram de 2,7 bilhão de dólares em 2011, enquanto em 2010 havia sido de 860 milhões de dólares. Um aumento de 210%, que representa ademais um aumento de 15% no total das vendas do segmento.
Em exemplares vedidos, as vendas de e-books na ficção para adultos já representa 30% de todas as vendas, fazendo dos e-books o formato que mais vende no segmento, deixando atrás os hardovers, “trade paperback” e “mass market paperback”.
O segmento de maior crescimento no ano foi o da literatura infantil e juvenil, no qual as vendas aumentaram 12% em relação ao ano anterior.
O aumento no comércio de e-books se reflete obviamente no local onde as pessoas compram livro. Os varejistas on-line tiveram um aumento de 35% em suas vendas, enquanto as livrarias tradicionais (incluindo as redes), caíram em 12,6%.
Outro dado importantíssimo é o das vendas “institucionais” – bibliotecas, empresas, governo e escolas -, que alcançaram 20% do total. Note-se que não existe programas governamentais de compra de livros didáticos nos EUA.
O relatório é preparado pela BookStats, a pesquisa anual coordenada pela AAP – Associação dos Editores Americanos, e pelo BISG – Grupo de Estudos da Indústria Editorial. Do total de 27,2 bilhões de dólares nas vendas, mais de 16 bilhões foram coletados diretamente dos editores. O relatório completo pode ser adquirido através da AAP e do BISG.
Esse eu queria poder comprar para comparar com a peça produzida pela FIPE.