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BOLÍVIA, COMEÇANDO A ENTENDER AS VITÓRIAS, OS ERROS E A DERROTA (PELO MENOS TÁTICA)

https://rodrigomontoya.lamula.pe/2019/11/19/para-tratar-de-entender-el-drama-boliviano-i/rodrigomontoyar/

Rodrigo Montoya é um dos mais importantes antropólogos peruanos. Mais que isso, é um pensados, à esquerda, que procura unir a tradições indígenas andinas e da Amazônia à luta pela democracia e pelo socialismo.

Tivemos, eu e a Maria José Slveira, a grande oportunidade de estudar Antropologia na Universidad Nacional Mayor de San Marcos – a mais antiga das Américas – entre 1976 e 1979. E mais, a pesquisa que fizemos sob orientação do Rodrigo Montoya em Puquio, no Departamento de Andahuaylas, se transformou e um livro publicado pela editora Mosca Azul, em Lima, assinado pelos três.

Desde o momento do golpe boliviano entrei em contato com Rodrigo Montoya para saber da sua interpretação dos fatos e as perspectivas que se abriam (ou fechavam), para o povo boliviano.

Logo depois do golpe boliviano publiquei também um post no FB, reproduzindo um pequeno trecho do romance “Com esse Ódio e com Esse Amor”, da maria José Silveira, que transcrevo aqui novamente:

LOS AYMARA
No romance “Com esse ódio e esse amor”, Maria José Silveira conta uma história dupla. Uma engenheira brasileira viaja para a Colômbia para trabalhar na construção de uma ponte e acaba prisioneira das FARC. A história paralela é o roteiro de um filme que conta a rebelião de Túpac Amaru, a grande revolta dos povos andinos contra a dominação espanhola, ainda no Século XVIII.
Na região que hoje está na Bolívia, a rebelião é liderada por Tupac Catari, que tem uma irmã, Gregória, conhecida como La Carnicera.
Um trecho do romance:
“Naquele momento único em que se dão conta que venceram, que os inimigos fugiram ou tombaram, o momento esfuziante em que a euforia da adrenalina dá lugar à sensação e um alívio extraordinário e ao cansaço extenuante da luta vencida contra a morte. Andrés, em seu cavalo, passa lento entre os mortos. É então que vê Gregória caminhando por cima dos corpos estendidos no chão, pisando-os, uma figura como que possessa, chicoteando de um lado para o outro. O ziiip de seu chicote andino fustiga o ar e os corpos tombados entre a lama, os restos, o sangue.
Andrés pula de seu cavalo e segura seu pulso no alto:
– Basta! Eles estão mortos.
Gregória se vira para avançar sobre quem teve a ousadia de deter sua mão. Ao ver quem é, vacila. A força de Andrés controle seu pulso; com um arranco, ela o solta e se afasta.
– Agora entendo por que os espanhóis te chamam de Carniceira – ele diz.
Ela vira para ele os olhos incendiados, para e cospe no corpo morto do realista a seu lado.”
São os Aymara. Para vocês sentirem como pode ser a reação dos que descem do El Alto para La Paz, onde a usurpadora disse que eles não cabem.

Espero que lhes seja útil como informação e reflexão sobre os acontecimentos na Bolívia.